Governador vistoria ponte do Rio Moju e determina ações imediatas para garantir a segurança do local
Acompanhado por secretários de Estado, deputados e técnicos da Secretaria de Estado de Transportes (Setran), do Conselho Regional de Engenharia (Crea-PA) e do Corpo de Bombeiros, o governador Helder Barbalho vistoriou, na manhã deste sábado (26), a ponte Rio Moju, localizada no quilômetro 48 da Alça Viária. A estrutura, que é a segunda no sentido de quem vai de Moju para Belém, apresenta problemas de corrosão e de desgaste em pilares e estacas, além de uma dilatação maior do que o habitual entre dois blocos de concreto que compõem as pistas de rolamento. A situação tem preocupado moradores da área e usuários da ponte.
O governador ouviu a comunidade do entorno da ponte e assegurou que, por enquanto, não foi detectado risco de desabamento da estrutura. Por isso, será mantido o tráfego de veículos no local. Helder já determinou a realização de medidas emergenciais, como a revitalização da sinalização náutica na área; a implantação de novas defensas para evitar os choques de embarcações com a estrutura; o revestimento em concreto das estacas que estão com as ferragens à mostra; e o estabelecimento de um grupo de trabalho, envolvendo Setran, Crea-PA e Corpo de Bombeiros, para elaboração de um parecer com sugestões de ações definitivas para resolução dos problemas encontrados na ponte.
“Desde ontem (sexta-feira), os técnicos da Setran, do Crea e do Corpo de Bombeiros estiveram aqui e estão hoje novamente para analisar os comprometimentos que a ponte apresenta. Já na segunda-feira à tarde, na reunião do grupo de trabalho criado para isso, deverão ser apresentados os primeiros estudos e apontamentos que vão balizar a tomada de decisões do Governo do Estado. A princípio, ainda é prematuro falarmos em interrupção no tráfego sobre a ponte. De toda forma, já solicitei que sejam liberados recursos do tesouro para a execução das medidas emergenciais”, explicou o chefe do Executivo estadual.
Helder também adiantou que a dilatação observada no eixo central da ponte, que tem 868 metros de extensão e 23 metros de altura, se deve à falta de uma placa de borracha, chamada neoprene, que impede o contato direto entre o metal das vigas e o concreto da pilastra de sustentação. A ausência do material faz com que haja um desgaste maior e o consequente aumento da junta de dilatação entre os blocos de concreto.
“É bem provável que precisemos fazer essa adequação, de colocar as placas de neoprene e, para isso, será necessário o levantamento desses blocos de concreto, o que deve ocasionar a interrupção no tráfego do local. Isso, no entanto, só será definido a partir do laudo que os órgãos já citados estão elaborando”, completou o governador, acrescentando que já determinou o levantamento das condições das outras pontes da Alça Viária e do Estado como um todo.
Comunidade relata incidentes - Uma das moradoras da região que conversou com o governador foi a pescadora Maria do Socorro Gonçalves, de 56 anos. Ela contou que é muito comum a ocorrência de choques de embarcações com os pilares de sustentação da ponte, principalmente de balsas que fazem o transporte de dendê na área, sobretudo no período da noite, quando a visibilidade é menor. "Várias vezes acordamos com o barulho das batidas e ficamos assustados, pois não queremos que aconteça o mesmo que ocorreu com a outra ponte do Moju, que afetou muito a nossa vida”, lamentou.
Outro morador da área, o motorista de transporte alternativo Francisco Xavier, chegou a registrar imagens, com o celular, das áreas mais comprometidas da ponte depois de um choque que aconteceu há cerca de um mês. “Houve uma primeira batida, mais forte, que atingiu pelo menos três pilares da ponte no início do ano passado. Depois disso, teve outra batida há um mês, novamente de uma balsa, que chegou a ficar presa por alguns minutos na estrutura da ponte. A gente está acostumado a ouvir esses choques e fica preocupado, pois depende muito dessa ponte”, relatou.
O secretário de Estado de Transportes, Pádua Andrade, lembrou que existem registros na Setran que tratam do choque que a ponte sofreu há quase um ano atrás e que causou danos à sua estrutura. No entanto, as medidas tomadas para minimizar os impactos não foram eficientes, o que acabou concorrendo para o desgaste agora observado.
“Estamos analisando as informações de laudos anteriores da ponte e investigando melhor a situação para que se possa fazer a gestão correta desses problemas”, frisou. Ele também assegurou que, no momento, não há risco de ruptura da ponte. “A estrutura está estável e, por isso, não é necessário interromper o tráfego por enquanto. Vamos implementar as medidas emergenciais e, para isso, já estamos em caráter de mobilização”, concluiu Pádua.
O presidente do Crea-PA, Renato Milhomem, destacou a falta de manutenção preventiva na ponte como um dos fatores responsáveis por esse colapso da estrutura. “Com o passar do tempo e a falta de medidas preventivas, é claro que os problemas vão se agravando e acabamos chegando a uma situação emergencial, como a que temos agora, em que, embora não haja risco de rompimento, a gravidade existe”, disse.
Brumadinho – Ainda durante a vistoria à ponte, o governador Helder Barbalho fez questão de manifestar solidariedade ao Estado de Minas Gerais, que sofre com uma tragédia ambiental ocorrida nesta sexta-feira (25), no município de Brumadinho, localizado na região metropolitana de Belo Horizonte.
O governador lembrou que, embora no Pará também haja atividade minerária, como em Minas, a geografia dos dois Estados é muito diferente. De toda forma, solicitou à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) que tome as medidas cabíveis para prevenir e evitar tragédias semelhantes a essa. “Vamos fazer ações preventivas e tomar iniciativas que evitem episódios lamentáveis e dramáticos como os que estamos assistindo em Minas Gerais”, pontuou.