Expectativa do carnaval toma conta do barracão das 'Crias'
O barracão de uma escola de samba é onde acontece toda a magia da criação, que dá forma e vida ao carnaval. A apenas 11 dias de ganhar novamente as ruas do bairro do Telégrafo, em Belém, o “Grêmio Recreativo Escola de Samba Crias do Curro Velho” vive o clima da maior festa popular do país. Ao todo, mais de 50 pessoas, entre aderecistas, figurinistas, costureiras e instrutores, estão envolvidas no processo de montagem e preparação do carnaval do “Grêmio Recreativo, que este ano apresenta o tema “1615 – Belém de véspera”, uma alusão ao dia que antecede a chega dos portugueses às terras de Santa Maria de Belém do Grão Pará.
A escola desfila no dia 7 de fevereiro, sábado, saindo da Praça Brasil com destino à sede das Oficinas Curro Velho, onde ocorre o tradicional baile de carnaval. No barracão cada pessoa tem sua função na engrenagem que move o carnaval. Tradição há 24 anos, o desfile das “Crias do Curro Velho” extrai a criatividade por meio do processo de transformação das matérias-primas utilizadas na produção de adereços, figurinos e alegorias. Reaproveitar e reusar são metas das Oficinas Curro Velho, e a prova disso é a utilização de materiais reaproveitáveis nas peças carnavalescas.
“Os figurinos foram pensados pelo Marcelo Lobato, integrante da coordenação do Carnaval 2015, e quando chegou aos aderecistas fomos adaptando de acordo com os materiais de que dispúnhamos”, frisa Guilherme Repilla, responsável pela criação dos adereços. Segundo ele, o principal papel das “Crias do Curro Velho” é estimular a conscientização socioambiental por meio da criatividade. “É muito importante instigar as pessoas a transformarem coisas a partir do reaproveitamento, do reuso”, afirma o carnavalesco, que participa pela quarta vez da preparação do carnaval das “Crias”.
Desde 2003 a instrutora de cerâmica Regina Carvalho compõe o grupo de apoio da escola de samba infantil e, como de costume, não esconde sua ansiedade em ver o resultado do desfile na avenida. “É sempre emocionante ver as crianças mostrando aquilo que ajudamos a construir. Quando não estou no apoio aos adereços, ajudo o Bach Sampaio (estilista) a criar aalgumas peças. De toda forma, não importa onde eu esteja, o que eu gosto é de participar dessa festa”, ressalta a ceramista.
Papelão, sacas de cimento, bobinas de fita K-7 e outros produtos que servem de matéria-prima nas oficinas vão sendo moldados pelos voluntários para dar forma às alegorias e adereços usados pelos brincantes. Aluna das oficinas de cartonagem e marcenaria, Joana de Oliveira deixa as alas e, pela primeira vez, sairá na equipe de apoio. “Eu sempre trazia a minha sobrinha para o desfile das Crias, agora vou estar do outro lado, participando do processo de composição e montagem da escola. Estou ansiosa e curiosa para ver o resultado do meu trabalho”, afirma a pedagoga.