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Internos da CPASI são capacitados para criação de abelhas

Por Redação - Agência PA (SECOM)
14/09/2015 10h54

A Colônia Penal Agrícola de Santa Isabel (CPASI) é a primeira unidade prisional da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) a trabalhar com a criação de abelhas das espécies uruçu amarela e cinzenta, sem ferrão, no Pará. O trabalho é desenvolvido a partir da utilização da mão de obra dos detentos custodiados na casa penal por meio do Projeto Nascente, que visa aumentar a oportunidade de trabalho para os internos do semiaberto com a capacitação técnica em atividades laborais no campo da agricultura familiar. A criação já reúne mais de 100 mil abelhas das duas espécies.

Na CPASI, a criação é feita dentro de pequenas caixas, pois as abelhas, nativas do Brasil, não constroem colmeias. Separadas em três compartimentos, onde vivem até 10 mil abelhas, as caixas possuem ninho, sobreninho e melgueira. São 40 colmeias instaladas e uma área de mata fechada para que as abelhas possam ficar em um lugar calmo e protegido do sol. A produção fica por conta das Campeiras, abelhas que buscam o néctar.

Cuidadoso e atento o interno João Sena, de 64 anos, nascido em Marapanim, é um dos responsáveis por fazer a limpeza, manutenção e colheita no apiário. “Eu gosto muito desse trabalho, nunca tinha mexido com abelhas e hoje eu já penso em levar esse projeto pro interior, quando sair daqui. A vantagem é que a procura por esse mel é grande e vai ajudar a complementar a minha renda”, conta.

As abelhas uruçu produzem de quatro a seis litros de mel por ano, em períodos de clima pouco chuvoso ou seco, geralmente entre os meses de novembro a dezembro. Depois de retirado das melgueiras, o mel já é considerado próprio para o consumo. Com a baixa produção e grande procura, um quilo do alimento pode chegar a 100 reais no mercado.

“O mel que extraímos dessas abelhas é muito saboroso e nutritivo, sem contar que é um produto natural e muito procurado pelos consumidores, por isso mesmo o preço tem um preço diferenciado, que compensa o investimento na produção. As abelhas sem ferrão foram escolhidas para esse trabalho justamente porque não oferecem nenhum perigo e ainda ajudam no equilíbrio do ecossistema. Sem contar que a uruçu cinzenta está em extinção e esse trabalho também serve para a preservação da espécie”, afirmou o técnico agrícola da Susipe, Mauro Carrera.

A criação das abelhas é feita há dois anos na unidade. O projeto já capacitou cerca de 20 internos. Diferente da abelha africana, com ferrão, as uruçus se adaptam a qualquer região do país. O Pará conta com mais de 70 espécies nativas sem ferrão e 130 em toda a Amazônia. Dentre os benefícios da criação estão menores custos e segurança, o que elimina a necessidade de utilização de vestimenta de proteção.

Projeto - O Projeto Nascente também inclui o cultivo de plantas ornamentais, olericultura (exploração de hortaliças), fruticultura, meliponicultura (criação de abelhas), tubérculos (vegetal cultivado embaixo da terra), suinocultura, palmípedes (criação de patos), piscicultura (criação de peixes)  e compostagem (adubo orgânico).