Pronatec capacita detentos para trabalhar com atividades agropecuárias
Cuidar da terra, plantar, colher e criar animais pode parecer uma atividade simples, mas sem conhecimento técnico, todo o material e trabalho desempenhado podem ser desperdiçados. Para que isso não ocorra, os internos do Centro de Recuperação Regional de Capanema (CRRCAP), no nordeste paraense, participam da qualificação em auxiliar agropecuário. O curso é ministrado pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), em parceria com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe), com o objetivo de criar mão de obra qualificada para as atividades agropecuárias.
Ao todo, 17 internos do regime fechado participam da capacitação. As aulas são ministradas de segunda a sexta-feira, e divididas entre teóricas e práticas. Em três módulos, o curso oferece conhecimento em segurança do trabalho, empreendedorismo e assuntos específicos de agropecuária. Para participar das aulas foram analisados o bom o comportamento de cada detento, a situação processual e o interesse dos detentos pela área.
“Esse curso foi escolhido para o CRRCAP porque a própria região é caracterizada pelo exercício da atividade rural. Após uma pesquisa, percebemos que a maioria dos internos era de agricultores, lavradores ou pescadores. Por isso a identificação com essa qualificação foi tão grande. Eles estão se especializando em uma atividade que já trabalham, e a partir do momento em que saírem do cárcere, irão trabalhar com mais técnica, com uma visão empreendedora e capacidade de administrar o próprio negócio”, diz a diretora do CRRCAP, Patrícia Dias.
Durante as aulas, o professor e técnico agrícola Genildo Costa ensina o passo a passo do plantio, desde a análise e beneficiamento do solo, até a plantação e colheita. Na capacitação, os internos aprendem também sobre plantação de mudas, criação de horta e de galinha caipira, recuperação de pastagem, aplicação de medicamento em bovinos, noções de mecanização agrícola e plantio direto de culturas anuais.
“É a primeira vez que dou aula para internos, e tenho observado que vários alunos já entendem do assunto. Fico surpreso, porque às vezes um detento que é quieto em sala de aula, quando vai para a aula prática mostra muita disposição em participar. Isso é muito bom, pois apesar de já estarem habituados com a agropecuária, o curso pretende deixá-los profissionais na área, e para isso precisam estar empenhados”, contou.
Além dos cuidados e o manejo, dicas como inseticidas caseiros e armazenamento correto também são repassadas aos alunos, que vão poder combater fungos ou outras infestações e evitar o prejuízo na colheita. Ao longo das aulas teóricas os internos tiram dúvidas para colocar em prática tudo o que aprenderam na aula externa.
O interno Kleiton Silva, 28 anos, contou que com a qualificação pode corrigir vários erros que cometia. “Já trabalhava na área, mas aqui aprendi as técnicas e ferramentas certas para ter uma qualidade melhor da minha plantação. Eu plantava, por exemplo, com espaços errados, não sabia que havia um espaçamento exato. Às vezes a quantidade de grãos plantadas também não era correta. Cada detalhe faz a diferença no resultado final”, afirmou.
Com o curso os detentos recebem ainda bolsa no valor de R$ 400, para ajuda de custo. “Esse dinheiro veio em boa hora. Vou poder ajudar na renda da família. Estou muito feliz com essa capacitação, porque além de todo o aprendizado e do certificado que recebemos no final, ainda ganhamos ajuda financeira”, disse o interno Antônio Pinheiro.