Joias do Polo Joalheiro do Pará são expostas na Bolsa de Turismo de Lisboa
Marcadas pela sustentabilidade e inovação, 28 joias em ouro e prata do Polo Joalheiro do Pará estão em exposição no estande do Governo do Pará na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL). O evento foi aberto na última quarta-feira, 25, e segue até o próximo domingo, 1º de março, em Lisboa, Portugal, no Pavilhão do Parque das Nações.
Com o tema “Joias Sustentáveis da Amazônia”, a exposição tem como referência e diferencial as gemas vegetais e a “metal-morfose”, inovações desenvolvidas no âmbito do Programa Polo Joalheiro do Pará. As joias expostas no local foram criadas e produzidas por designers, ourives, lapidários e demais profissionais que integram o Polo Joalheiro.
A mostra integra as ações da Secretaria de Estado de Turismo (Setur), de divulgação do Pará como um destino turístico considerado a obra-prima da Amazônia, atraindo turistas internacionais, em especial da Europa. A ação tem sido incrementada com a ligação direta do vôo Belém-Lisboa, operado pela TAP, que conecta a capital portuguesa a outros 55 destinos do Velho Mundo.
São esperados cerca de 70 mil visitantes na 27° edição do evento, que tem como objetivo central o fomento de debates entre os diversos agentes do setor turístico, proporcionando rodada de negócios entre expositores, com foco no marketing, na comunicação e nas relações-públicas, além do estabelecimento de novos contatos para investimentos e parcerias futuras.
A exposição de joias do Polo Joalheiro do Pará ocupa parte do espaço físico de 52 metros da feira, destinado ao Estado do Pará, e conta com a parceria da Setur e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), que realizam e apóiam a iniciativa. Também pode ser encontrado, no local, material do receptivo paraense.
A mostra de joias é um dos destaques na BTL, chamando a atenção, em especial, de visitantes oriundos de Portugal, República Dominicana, Moçambique, Alemanha, Espanha e Argentina. “A proposta de sustentabilidade e o design das nossas joias, que comunicam a cultura da Amazônia paraense têm tido grande aceitação na feira, atraindo olhares de turistas e empresários”, relata Rosa Helena Neves, diretora executiva do Programa Polo Joalheiro do Pará e do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama), que gerencia o programa, mantido pelo governo do Pará, via Sedeme e Igama.
A joia artesanal do Polo é reconhecida em todo o Brasil e no exterior, por incorporar matéria-prima diferenciada e sustentável ao metal nobre, contribuindo para o surgimento de uma joia onde a originalidade expressa a cultura do seu território.
Para a exposição em Lisboa foram selecionadas joias que mostrassem essas inovações, calcadas na sustentabilidade. No espaço, os visitantes podem encontrar joias com gemas vegetais de chocolate, como o anel criado por Joelson Leão e produzido pela Amajoias.
Outro exemplo é o anel e o pingente da coleção “Metalmorfose da Amazônia”, criados pela designer Joseli Limão e produzidos pela Danatureza, com ourivesaria de Ednaldo Pereira. São joias em prata que realçam a gema de mandioca, produto orgânico oriundo de resina e pigmentos naturais retirados de plantas e processados para utilização na joalheria.
As gemas vegetais foram criadas pelo mestre ourives e pesquisador paraense Paulo Tavares e têm dureza similar à de uma pérola, podendo ser encontradas nas cores e com insumos de variadas espécies regionais, como o açaí, a pupunha, o abacaxi e a pimenta.
Joias destacam-se pelo colorido especial
Também chamam a atenção de quem visita a exposição, joias criadas com uma técnica especial de coloração, denominada “metal-morfose”, que confere um colorido único em joias em ouro e prata. As cores são geradas a partir do aproveitamento de resíduos da reciclagem do metal nobre e do lixo das unidades produtivas.
Identificada pelo respeito ao meio ambiente, a técnica de ourivesaria resulta do trabalho desenvolvido, ao longo de uma década, pelo pesquisador e mestre ourives Paulo Tavares. Joias com novas cores surgem com a aplicação desta tecnologia, aliada a outra inovação: a “incrustação paraense”, também conhecida como incrustação a frio e desenvolvida por Paulo Tavares e Argemiro Muñoz, sendo aprimorada pelo ourives Joelson Leão, no âmbito do Programa Polo Joalheiro do Pará. O processo de coloração substitui a esmaltação e utiliza resíduos da lapidação de gemas minerais ou de produtos orgânicos.
As joias das coleções Paredão de Sonhos e Rastros, criadas pela designer Mônica Matos, representam bem a “metal-morfose”. Inspiradas na história que envolve a extração do ouro no Pará, a designer Mônica Matos, da Joias da Amazônia, escolheu o tema pela forte simbologia que o envolve e pela amplitude para a utilização das cores extraídas do metal utilizado: metassilicato de cobre, carbonato de cobre e hidróxido de metais.
Os colares de Mônica Matos fazem referência às cores dos locais de garimpo, dos barrancos e do próprio minério ali extraído, relacionando-as com a poética dos sonhos dos garimpeiros e da escada que levava aos sonhos. Ela também referenda as joias, visualmente, com os rastros e crateras (ou “grandes vácuos”) formados nos locais de extração de ouro.
Segundo Rosa Helena Neves, as joias expostas mostram essa busca pelo diferencial da produção, com ênfase no design, inovação, utilização de técnicas de ourivesaria tradicionais no metal e aplicação de matéria-prima regional.
A ambientação da exposição do Polo Joalheiro do Pará é do artesão Guilherme Júnior, da empresa Ayty, e do designer Felipe Braun, que também optaram por retratar questões ambientais, ao utilizar painéis formados por lâminas sustentáveis de madeira pré-composta, uma amostra do artesanato de Guilherme. Especialista em macheteria (artesanato em madeira), o artesão cria peças ecologicamente corretas com lâminas de madeira descartada, reaproveitadas de serrarias, trabalho pelo qual recebeu certificado do prêmio "Sebrae Qualidade e Serviço de 2014", onde ficou entre os dez finalistas selecionados entre mais de 1.780 empresas de todo o Pará.