Cinearte exibe filme “Conversando com Deus” no CRF
A Central de Execução Penal da Defensoria Pública do Estado do Pará realizou nesta terça, 2, mais uma ação do Projeto Cinearte, no Centro de Recuperação Feminino (CRF), em Ananindeua.
Com seis anos completados neste mês de junho, o Projeto Cinearte foi elaborado pela equipe multidisciplinar do Núcleo Avançado de Atendimento Criminal (Nacri), da instituição. O trabalho consiste na promoção de sessões de cinema, com direito à pipoca e refrigerante para as reeducandas. No final de cada exibição, as participantes são levadas a uma reflexão sobre o filme, exibido com o acompanhamento de pedagogos, assistentes sociais e psicólogos da Defensoria Pública, que buscam enfatizar os aspectos positivos e motivadores para um novo estilo de vida.
De acordo com o pedagogo Rosinaldo de Oliveira, além de oferecer o atendimento jurídico e psicossocial às custodiadas do Sistema Penal, o Cinearte surge como uma alternativa para proporcionar um momento de lazer, cultura e reflexão dentro das casas penais.
Desta vez, o filme exibido foi “Conversando com Deus”, uma história verídica de um jornalista vítima de um grave acidente que o deixou com incapacidade física. Diante das circunstâncias de debilidades, o jornalista passa a sofrer discriminação e acaba perdendo o emprego e vários bens materiais, que o forçam a viver como mendigo nas ruas.
“O jornalista da história era um profissional renomado, mas acabou perdendo tudo e passou a viver marginalizado na sociedade. No momento mais difícil de sua vida ele encontra uma pessoa que lhe ajuda. Com este filme procuramos evidenciar a importância da solidariedade humana e da necessidade de ter persistência e jamais perder a fé em Deus. É uma forma de motivar as detentas a sairem do mundo do crime e buscarem a ressocialização”, observou o pedagogo.
O Cinearte acontece todas as terças-feiras, de forma alternada, no Centro de Recuperação Feminino e na ala específica das detentas que vivem na Unidade Materno Infantil (UMI). “É uma oportunidade que a Defensoria oferece para aliviarem a tensão do cárcere privado. Aqui elas conseguem relaxar a mente, sorrir um pouco e ver que o mundo não acabou, que é possível renovar as esperanças e recomeçar”, destacou a assistente social da Defensoria Pública, Maria Lima dos Santos Sena.
Condenada a cumprir pena por tráfico de drogas e há dois anos privada da liberdade, a interna Claudia Moraes, 36 anos, elogiou a iniciativa da Defensoria de promover esta ação. “Esses filmes que a Defensoria traz são uma forma de fazer com que a gente esqueça um pouco a tristeza de viver em uma cela. Pelo menos aqui a gente para de pensar besteira e procura ver o lado bom da vida”, revelou.
“Eu já participo de várias atividades aqui no presídio. Faço parte do coral, trabalho nos serviços gerais e ainda estudo o Ensino Médio e tenho aulas de violão. Mas sempre tive vontade de ver estes filmes. Como tem muitas detentas que querem estar aqui, só hoje tive a oportunidade de participar. Posso dizer que gostei muito e queria que a Defensoria promovesse outras atividades como essa, porque aqui o tempo demora muito pra passar”, declarou a interna Fernanda Siqueira, 27 anos.
Assim como Fernanda, a detenta Elza Machado, 42 anos, participou do projeto pela primeira vez. “A vida aqui dentro é muito diferente do que se vê lá fora. Se tivesse a chance, diria a todas as pessoas que estão envolvidas com crimes hoje em dia que isso definitivamente não vale a pena. Quando eu cheguei aqui a minha vida ficou sem sentido. Mas hoje faço parte do “Mulher Única” (um grupo evangélico de estudos bíblicos) e aprendi que Deus nos dá forças sempre, basta a gente acreditar”, ressaltou.
O Projeto Cinearte é resultado de uma parceria entre a Defensoria Pública e a Superintendência do Sistema Penal do Pará (Susipe). A Defensoria disponibiliza equipamentos de projeção e transporte da equipe técnica multidisciplinar, e a casa penal se responsabiliza pela organização dos internos, pela segurança e cessão de técnicos para acompanhar o projeto.