Adolescentes que cumprem medidas socioeducativas apresentam resultados de oficina de panificação
Na manhã desta sexta-feira, 3, adolescentes que cumprem medidas socioeducativas de internação apresentaram os resultados do que aprenderam no curso de panificação oferecido pela Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa), em parceria com a Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster) e Sociedade de Meio Ambiente Educação e Cidadania (Somec). Eles também receberam seus certificados de conclusão de curso, incluindo-os socialmente e garantindo capacitação para o mercado de trabalho.
Um adolescente de 18 anos, que cometeu ato infracional e foi encaminhado para o Centro Socioeducativo de Benevides (Cseb), disse que nunca havia participado de um curso profissionalizante enquanto estava em liberdade. “Gostei muito de fazer esse curso porque me ajudou a crescer, ele entra no meu relatório que vai para o juiz e também ajuda a melhorar meu currículo. Espero arranjar um emprego e, mais pra frente, montar a minha própria panificadora”, disse o adolescente.
Ao todo, adolescentes de cinco unidades socioeducativas da Região Metropolitana de Belém participaram da programação ao lado de seus familiares no auditório da Escola de Governança Pública do Estado do Pará (EGPA).
Além dos relatos dos adolescentes, os pais dos socioeducandos também falaram sobre o período em que estão afastados de seus filhos. A mãe de um dos adolescentes fazia planos para que quando seu filho saísse em liberdade, os dois juntos pudessem trabalhar para conseguir a própria renda. “Estou feliz e mesmo com ele aqui realizou o meu sonho. Sempre quis fazer um curso de panificação, com o conhecimento dele e com minha força de vontade podemos abrir um negócio juntos e seguir por um novo caminho”, afirma.
A iniciativa faz parte do projeto Desenvolvendo Habilidades Empreendedoras, que difundiu a importância da qualificação profissional dos adolescentes por meio do eixo de profissionalização da Fasepa. Segundo o presidente da fundação, Simão Bastos, o evento demonstra a capacidade de ressocialização dos jovens garantindo o convívio em sociedade. “Estamos trabalhando com o que a socioeducação oferece, cumprindo nossas políticas públicas. Isso é a prova de que temos bons resultados e destaca a importância do empreendedorismo dos meninos para reconfigurar suas vidas”, declara. O convênio que estabelece a parceria prevê ainda o cadastro destes adolescentes no Sistema Nacional de Emprego (SINE).
A titular da Secretaria Extraordinária de Integração e Políticas Sociais (Seeips), Izabela Jatene, destacou a importância de oferecer cada vez mais cursos profissionalizantes para os adolescentes, principalmente em um momento em que se discute em todo o país a redução da maioridade penal para adolescentes de 16 e 17 anos. “Não é fácil fazer socioeducação em um país que quer reduzir a maioridade penal. Não é fácil criar alternativas, mas acredito na criatividade para mudar os caminhos dos jovens e enquanto todos tentam reduzir a maioridade penal, mostramos com uma atividade dessas que esse não é o melhor caminho e que podemos sim mudar a vida de todos os adolescentes”, afirma.
Segundo o presidente da Somec, Joacir Brito, a parceria com a Fasepa permitiu expandir o curso de panificação para outras unidades da fundação já que o projeto começou no ano passado com apenas um espaço socioeducativo, contando com o apoio dos próprios servidores da instituição. “Essa parceria surgiu de uma necessidade que o Governo do Estado visualizou em oferecer atividades para esses jovens. Isso vai ampliar o horizonte do adolescente de que o mundo não é apenas o que ele conhece lá fora. Acreditamos que o curso tem dado certo, principalmente por causa dos depoimentos dos próprios jovens”, destacou.
A Fasepa tem a missão institucional de coordenar a política estadual e executar o atendimento socioeducativo a adolescentes e jovens envolvidos em atos infracionais, bem como de seus familiares, orientados pela doutrina da proteção integral. Atualmente, a Fasepa atende 386 adolescentes distribuídos em 15 Unidades de Atendimento Socioeducativo na Região Metropolitana de Belém, além de Santarém e Marabá.
