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FESTIVAL DE ÓPERA

Trabalhos intensos nos bastidores garantem o sucesso de "Os pescadores de pérolas"

Por Redação - Agência PA (SECOM)
11/09/2015 13h56

O cenário, a iluminação e a movimentação da maquinária na ópera “Os Pescadores de Pérolas”, de Georges Bizet, têm recebido muitos elogios do público que acompanhou a estreia do espetáculo na última quarta-feira, 9, no Theatro da Paz, em Belém. A ópera terá a segunda récita nesta sexta-feira, 11, no Theatro da Paz, sempre às 20h. Os ingressos já estão esgotados.

O cenário é assinado por Cássio Amarante, que é um usual colaborador do diretor cênico de “Os Pescadores de Pérolas”, Fernando Meirelles. Os dois pensaram na concepção cênica depois de fazerem um passeio de barco pelo rio e igarapés próximos a Belém, em julho passado. Meirelles afirma que foi uma espécie de amor à primeira vista. “Quando vimos essas pontes e estivas, falamos que tínhamos descoberto o nosso cenário. Conseguimos trazer o antigo Ceilão, onde a história se passa, para realidade amazônica”, explicou.

“Essa montagem foi pensada em Belém. Imaginamos como íamos conectar as coisas daqui com as lá de fora, os pescadores de pérolas da história com os pescadores que constituem a base da cultura ribeirinha dessa região do País. Mas não foi difícil, porque são realidades comuns ao Ceilão, atual Sri Lanka, e à Amazônia. E isso está presente nas pequenas pinguelas, nos igarapés e estivas, que aliás eu nem conhecia por esse nome”, elencou.

O cenário é muito dinâmico e pode se transformar em outros cenários por meio de módulos. Uma hora é uma vila de pescadores; outra, as ruínas de um templo; depois um penhasco, e em outro, a casa do personagem Zurga (Leonardo Neiva). Tudo se transforma e se encaixa. Para conseguir esse efeito, dez cenotécnicos se revezam nas coxias fazendo a troca das peças, ao comando de Ribamar Diniz, que já tem 30 anos de teatro e também trabalhou na confecção dos cenários, que são feitos à base de miriti e madeira de reflorestamento. Para que eles passem desapercebidos, todos da equipe usam figurino igual ao do Coro Lírico. E eles assim ficam “invisíveis” no palco.

Visagismo – Outra parte do espetáculo muito elogiada são maquiagem e cabelos, chamada de visagismo. A equipe do cabeleireiro André Ramos é composta por nove pessoas, entre cabeleireiros e maquiadores. Eles trabalham para o Festival de Ópera desde 2008 e já contam com nove óperas no currículo.

Na ópera “Os Pescadores de Pérolas”, uma atenção especial é dada ao personagem Nourabad. O intérprete dele é o paraense Andrey Mira, que tem a aparência das mais tranquilas. Como transformá-lo, então, no assustador sacerdote que muda os rumos da história a cada aparição? André diz que eles optaram por uma longa peruca com dreads e uma barba grisalha. Por isso, Andrey fica mais tempo na sala de maquiagem. “Trouxemos essa barba de São Paulo. No início, ela seria inteira, mas estava atrapalhando o Andrey, então optamos por um longo cavanhaque”, revela André. De fato, quando surge em cena todo caracterizado e solta o vozeirão, as pessoas sentem ainda mais a força do personagem de Andrey.

Outra artista que passa muito tempo se maquiando é a soprano Camila Titinger, que vive Leila na trama. Sua personagem requer uma pintura tipicamente indiana nas mãos e braços, e quem cuida disso é Alex Wendell. “Nos primeiros testes eu fiz os desenhos um a um, mas vi que isso levava muito tempo. Agora temos os moldes vazados, então basta colocar sobre a pele e pintar por cima. E ainda assim, é quase uma hora de pintura”, conta o maquiador.

A equipe de André também foi a responsável pelo visagismo da ópera “A Ceia dos Cardeais”, que abriu o Festival em agosto passado. Foi assim em outras produções, como “O Elixir do Amor”, “Salomé”, “O Trovador”, “O Navio Fantasma”, “Mefistófeles”, “Othelo”, “O Americano em Paris” e “Blue Monday”, óperas encenadas em festivais passados.

Luz – O designer de luz de “Os Pescadores de Pérolas” é o paulista Joyce Drummond, o mesmo de “A Ceia dos Cardeais”. Para ele, a iluminação faz toda a diferença, mas é importante encontrar o que se caracteriza como o ideal para cada cenário. “A luz é uma ferramenta de auxílio que, por uns instantes, pode virar protagonista de um espetáculo ou dar ênfase a uma atuação. No caso de ‘Os Pescadores de Pérolas’, não houve nada específico para esta montagem, mas tivemos todo o cuidado de adequar a iluminação de acordo com cada cenário utilizado na ópera. Tudo foi feito junto com Fernando Meirelles, que é a pessoa ideal para nos auxiliar porque é o diretor da ópera e quem pensou todo o trabalho de construção da montagem”, conta o iluminador.

“O desafio maior foi iluminar o cenário somente com lanternas, que são utilizadas pelos integrantes do Coro. Nos preocupamos em reunir com os integrantes do Coro, ensaiamos bastante para que eles soubessem o momento ideal de acender as lanternas e o resultado ficou muito bom. Esse Coro é muito especial, são pessoas muito esforçadas e que entraram no clima da produção. Isso contribuiu para que a iluminação com as lanternas desse certo”, enfatiza Joyce.

Um desafio também foi iluminar as cenas que se passam fora do palco. Em dois momentos distintos, Fernando Portari (Nadir) e Andrey Mira saem do palco e vão para varanda do teatro, onde cantam em meio ao público. A luz neles, nesses momentos, é gerada apenas com uma espécie de candeeiro, que lhes ilumina o rosto.

Outro ponto alto é quando as imagens são projetadas em duas grandes telas no palco. Enquanto as cenas são projetadas na tela de frente do palco, o pessoal da maquinária trabalha na troca dos cenários, o que requer um mínimo de iluminação para que o público não perceba.

A ópera “Os Pescadores de Pérolas” terá ainda duas récitas, nos dias 13 e 15 deste mês, sempre às 20h, no Theatro da Paz. O Festival é uma promoção do governo do Estado por meio da Secretaria de Cultura do Pará.

(Colaboração de Noely Lima)