Biólogos do Mangal comemoram índice de reprodução em cativeiro
Um recorte da Amazônia em pleno centro histórico de Belém, o Parque Zoobotânico Mangal das Garças comemora uma década de história como um dos pontos turísticos mais procurados na capital. A rica biodiversidade presente no local, integrada ao cenário paisagístico do espaço banhado pelo Rio Guamá, atrai centenas de visitantes todos os dias. Referência nacional na reprodução de aves em cativeiro, o Mangal das Garças registrou somente no ano passad o nascimento de mais de 160 animais, entre eles filhotes de Pavãozinho-do-Pará, Arapapás e Guarás.
De acordo com os biólogos que trabalham no Parque, a reprodução é o melhor indicativo de bem-estar animal, pois denota ambientação e alimentação adequadas. As aves, quelônios, répteis e borboletas são as principais atrações do espaço, que tem como um dos principais motes o trabalho de reprodução animal. Ao todo, são mais de 500 animais de 70 espécies diferentes, além das garças visitantes, que voam de outros pontos da cidade até o Mangal, atraídas pela alimentação fornecida pelo Parque três vezes ao dia.
Quem visita o Mangal pela primeira vez se surpreende ao se deparar com os animais circulando livres pelo Parque. A cena é possível pela prática do conceito de semiliberdade, que tem como diferencial em relação a outros zoológicos a apresentação dos animais em grandes viveiros de imersão semelhantes ao natural. “O Mangal trabalha com um conceito naturalista de apresentação das espécies que preza pelo bem estar animal. Aqui no Parque, realizamos um trabalho de condicionamento na adaptação dos animais, fornecendo condições similares ao habitat de cada espécie, que permite o comportamento natural”, explica Igor Seligman, biólogo do Mangal.
A preocupação com a reprodução foi sempre uma das principais características do Parque, e um dos principais avanços nesse sentido foi a reprodução do Guará (Endocimus Ruber) em cativeiro. Caracterizada pela cor vermelha de sua plumagem, atribuída pela alimentação rica em carotenóides, a ave pode ser encontrada em regiões litorâneas, mangues e lagoas, vivendo em média 25 anos. “Somos o primeiro criadouro a reproduzir o Guará sob os cuidados humanos, acompanhando todas as fases de desenvolvimento da ave, desde o ovo. Hoje temos no parque cerca de 140 guarás”, conta o biólogo.
Outro índice de sucesso é a reprodução do Pavãozinho-do-Pará (Eurypyga helias). Entre 2013 e 2014, três filhotes da espécie nasceram no Mangal. “O primeiro caso ocorreu em 2013 e foi muito comemorado, já que antes deste havia apenas um relato de reprodução da espécie em cativeiro no Brasil, ocorrido no Rio de Janeiro, na década de 1960. Agora são oito animais da espécie, sendo um filhote nascido em 2013 e dois em 2014”, conta a veterinária do Mangal, Stefânia Miranda.
A casa do Pavãozinho-do-Pará no Mangal é um dos espaços mais atrativos e visitados do Parque: a Reserva José Márcio Ayres, mais conhecida como o Borboletário do Mangal. O maior borboletário da América do Sul abriga em seus 1.350m² uma vegetação e estrutura propícia para o habitat de várias espécies. Do ovo à saída da pupa, todo o processo evolutivo das borboletas é acompanhado pela equipe do parque dentro do criatório do Mangal. “Elas são o símbolo da Amazônia, mais de 200 borboletas são produzidas diariamente no espaço, num total de cerca de seis mil animais mensalmente”, destaca Igor. Entre as principais espécies estão a Júlia (Dryas julia), Ponto-de-laranja (Anteus menippe) e Olho-de-coruja (Caligo ilioneus).
Serviço: Parque Zoobotânico Mangal das Garças. Funcionamento de terça a domingo, das 9h às 18h. Passagem Carneiro Rocha, s/n - Bairro Cidade Velha. Informações: (91) 3242-5052. Entrada gratuita.