Pará é destaque na mídia nacional com primeira cooperativa de detentas do país
Uma iniciativa pioneira no país e que traz a chancela da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe) foi destaque na edição de 15 de fevereiro do jornal Estado de São Paulo, de circulação nacional. Assinada pela jornalista Julia Affonso, a matéria destaca a atuação da primeira cooperativa do Brasil formada exclusivamente por detentas. A Cooperativa de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe) reúne atualmente 27 internas do Centro de Recuperação Feminino (CRF) e começou a dar os primeiros passos em dezembro de 2013.
O trabalho na cooperativa, idealizada pela diretora do CRF, Carmen Botelho, garante acesso ao trabalho e à geração de emprego e renda para as detentas, baseado na economia solidária. As internas envolvidas no projeto trabalham diariamente na produção de artesanatos, como pelúcias, crochês, vassouras ecológicas, sandálias e bijuterias, entre outros produtos que são comercializados em feiras e praças públicas de Belém, Ananindeua e Marituba.
Foi a partir de uma parceria firmada com o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo, ligado à Organização Brasileira de Cooperativas, que a Susipe decidiu investir na capacitação e qualificação das internas. A ideia deu certo e em julho do ano passado, com base na portaria interministerial do governo federal que prevê a criação de cooperativas no sistema carcerário, a Superintendência obteve o registro do CNPJ da Coostafe.
As prefeituras de Belém, Ananindeua e Marituba também entraram na parceria viabilizando a venda dos produtos nos finais de semana, nas praças da República, Bíblia e Matriz, respectivamente. Graças à efetiva organização do projeto, as detentas, do regime semiaberto, conseguiram o direito de sair aos fins de semana para venderem o material. A cada saída de uma presa, duas agentes penitenciárias as acompanham de perto e garantem seu retorno ao centro.
Entrevistada para a matéria do Estadão, Carmen Botelho conta que a Coostafe surgiu a partir da constatação de que havia uma grande quantidade de mão de obra ociosa no CRF. "Por conta disso, resolvemos criar alguns cursos na unidade, em que as próprias presas eram as instrutoras. Chamamos mulheres que sabiam fazer crochê, fuxico e outros tipos de artesanato. O resultado foi uma grande quantidade de produtos”, relembrou.
Por conta do trabalho na cooperativa, as detentas já participaram de várias exposições na capital, como a Feira de Artesanato Paraense, realizada no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia, considerada uma das principais vitrines do setor no Estado.
O sucesso da iniciativa ganhou projeção nacional. O projeto que resultou na criação da Coostafe rendeu à Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará menção honrosa do Prêmio Innovare 2014 na categoria Prêmio Especial, grande destaque da última edição, com o tema "Sistema Penitenciário Justo e Eficaz". O anúncio foi feito em dezembro do ano passado, durante cerimônia no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.
Na semana passada a Coostafe recebeu a doação de 17 máquinas de costura modelo industrial do Fundo de Assistência Social da Polícia Militar do Pará (FASPM). A ideia, de acordo com a Diretora do CRF, é que as detentas passem a produzir lingeries e roupas. "Essa doação vai ajudar na profissionalização das cooperadas além de podermos expandir a capacitação e incluir mais internas no projeto", destacou Carmem.