Estado investe em políticas de qualificação para fortalecer o mercado formal
A emissão da carteira de identidade da jovem Samantha Modesto, 20, foi o primeiro passo para a realização de um sonho: o tão esperado primeiro emprego. “Quando eu tirei a carteira de identidade e os demais documentos necessários para iniciar a minha vida profissional, eu não imaginava que conseguiria um emprego tão rápido. Mas para a minha surpresa, a minha vaga no mercado de trabalho chegou seis meses após a emissão da minha carteira de trabalho”, destaca a promotora de vendas, contratada recentemente por uma loja de eletrônicos em Belém.
Em busca da primeira oportunidade no mercado de trabalho, a estudante Juliana Lima, 18, também comemora o início de sua trajetória profissional com a emissão da primeira via da carteira de identidade, retirada há pouco mais de uma semana, no posto de identificação da Delegacia Geral, em Belém. “O RG é o meu primeiro documento como adulta, depois disso, vem uma série de outros, incluindo a carteira de trabalho, fundamentais para a minha entrada no mercado formal”, afirma a jovem.
Histórias como as de Samantha e Juliana têm se repetido cada vez mais em todo Estado. Dados da Diretoria de Identificação da Polícia Civil do Pará revelam que a primeira via do RG lidera o número de documentos fornecidos pela entidade. Das quase 270 mil carteiras de identificação civil emitidas ano passado, 47% eram primeira via. “Não temos um estudo especifico para saber se a intenção de todos esses requerentes da primeira via do RG era a busca pelo primeiro emprego. Mas o fato é que desses 47%, certamente a maioria é composta por adolescentes e jovens”, ressalta o diretor de Identificação da Polícia Civil, Antonio Ricardo de Paula.
A grande procura de jovens pela emissão da carteira de identidade também é sentida no aumento de postos de trabalho para essa faixa etária. Segundo uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos do Estado (Dieese), divulgada na última semana, no Pará cerca de 1,1 milhão de jovens entre 15 e 29 são economicamente ativos e estão no mercado de trabalho. Apesar de configurar um índice positivo, principalmente em relação aos demais estados da região Norte, desse total, apenas 42% trabalham com carteira assinada.
Para Everson Costa, secretário adjunto da Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), a luta contra a informalidade ainda é o principal desafio do governo em relação a ocupações de jovens no Pará. “Não basta que esse jovem tenha um emprego, é preciso que ele esteja dentro das condições formais exigidas pela lei. E esse é o nosso grande desafio. É para fortalecer esse quadro e fazer com que cada vez mais tenhamos jovens empregados com carteira de trabalho assinada é que precisamos investir em uma série de políticas de inclusão e qualificação”, explica.
Entre as medidas que já começaram a ser adotadas pela Seaster, Costa destaca o investimento na política de estágios, desenvolvida pelo governo do Estado em parceria com centrais de estágios de empresas, do Sistema S (Senai, Senac, Sesc, Senat, Sebrae) e dos grandes projetos instalados no Pará. “Sabemos que o estágio é o principal indutor para que o jovem entre no mercado de trabalho. Por isso, precisamos fortalecer essa política, alinhada à qualificação profissional”, afirma o secretário adjunto.
O estudo do Dieese mostra, ainda, que do total de jovens ocupados no Pará, 63,96% são homens e 36,04% são mulheres. Para ajudar a aumentar o quadro de ocupações formais dessa faixa etária no Estado, o governo tem investido em políticas de qualificação integradas entre os diversos órgãos da gestão estadual. Um desses exemplos é o trabalho desenvolvido pela Fundação Pro Paz em parceria com a Seaster, através do projeto Pro Paz Jovem Trabalhador.
Criado em 2011, durante a 2ª Conferência Estadual da Juventude, em Belém, o projeto tem como principal meta qualificar jovens de baixa renda para o mercado de trabalho, garantindo inclusão social e o incentivo ao desenvolvimento econômico local. Apesar do pouco tempo de atuação, o projeto já soma números favoráveis. De 2012 à 2014, o Pro Paz Jovem Trabalhador qualificou 4.740 jovens de 18 a 29 anos em todo o Pará.
Para o coordenador do Pro Paz Juventude, Raimundo Rodrigues, esses números superam as expectativas do projeto. “O balanço que a gente faz é muito positivo, levando em consideração que quase 30% da população do nosso estado é jovem, na faixa de 15 a 29 anos. Por isso, acreditamos que o projeto tem conseguido manter o objetivo com que foi criado e acreditamos que a perspectiva de obter bons resultados será muito maior daqui para a frente”, comemora.
Entre os cursos disponibilizados pelo projeto estão o de auxiliar administrativo, mecânica de motos, manicure, secretariado e panificação, entre outros. As capacitações do Pro Paz Jovem Trabalhador ocorrem nos polos do Pro Paz nos Bairros e no Núcleo Pro Paz Jovem Trabalhador.