Governo do Estado investe em parcerias e estratégias internacionais
O Pará vem ganhando cada vez mais destaque no cenário internacional em função de seu alto potencial produtivo em diversas áreas, que vão da mineração ao agronegócio. Para garantir que estas potencialidades sejam devidamente aproveitadas, o governo do Estado tem articulado parcerias com empresas e governos de países estratégicos para alavancar o seu desenvolvimento e que, consequentemente, possam contribuir para a geração de emprego, renda e melhoria da qualidade de vida da população, sempre tendo em vista a questão da sustentabilidade.
O governador Simão Jatene participou do II Fórum de Desenvolvimento, Reforma e Governança do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Pequim, na China. O governador foi convidado a ser o representante do Brasil no painel "Visão e Planejamento: desenvolvimento sustentável no setor de transportes do BRICS". Ainda no país, teve uma agenda de reuniões com investidores e grandes empresas ligadas ao governo chinês, com o objetivo de apresentar o projeto da Ferrovia Paraense e o potencial do Estado em diversas áreas e, consequentemente, fortalecer as relações comerciais com os chineses.
Na última semana, o diretor geral de projetos e financiamento do Novo Banco de Desenvolvimento (conhecido como o Banco de Desenvolvimento do Brics), Shaohua Wu, esteve em Belém para conhecer o cenário de possibilidades e investimentos. Na oportunidade, ressaltou o esforço e proatividade do Estado em articulações estratégicas com organizações nacionais e internacionais. A instituição apoia projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável nos países do bloco.
Nos dois últimos anos foram realizadas três importantes articulações internacionais, entre elas está a aproximação com a Argélia. A viagem ao país ocorreu em maio de 2015 e teve como objetivo prospectar investimentos para o Estado com a Cevital, multinacional líder na produção de alimentos na África e uma das maiores do mundo na produção e processamento de grãos. O grupo, que está presente em vinte países, pretendia ampliar seus investimentos na América do Sul e sua chegada ao Brasil teria o Pará como porta de entrada promissora.
Quatro meses depois, o presidente do conglomerado empresarial, Issad Rebrad, veio ao Pará e conheceu os seus municípios e potencialidades, entre elas a produção agrícola e mineral, com verticalização da produção, que chamou a atenção do grupo. Neste momento, estreitou-se ainda mais a articulação de novos projetos, que culminou na assinatura de um Protocolo de Intenções de Investimentos com o Governo do Estado em outubro do mesmo ano, em Belém. O documento previa ações em diferentes áreas, como agroindústria, logística, além da instalação de uma siderúrgica no município de Marabá, no sudeste paraense.
A expectativa da empresa é que a nova siderúrgica de Marabá entre em operação em 2019, gerando cerca de 2,5 mil empregos diretos, além de seis a oito mil empregos indiretos, com investimentos que somam o montante de 2 bilhões de dólares. A ideia é que a siderúrgica atue como um catalisador, atraindo outras indústrias que utilizem os produtos gerados para produzir outros, verticalizando a cadeia do aço no Pará. Além de mais emprego e renda, a viabilização do projeto trará outro grande benefício à Marabá. O governo estadual está pleiteando junto à União a criação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE) que não beneficia somente a Cevital, mas todas as empresas instaladas no município, já que dará condições especiais às exportações. O projeto já está em fase de finalização.
A gigante argelina está ainda em avançadas conversas e negociações para investir ainda na Ferrovia Paraense (Fepasa) e em outros projetos locais. O grupo também se destaca na produção de trilhos, com uma fábrica sediada na Itália, e com a siderúrgica de Marabá pretende ser o primeiro na América Latina. Segundo estudos, a Fepasa será fundamental para a siderúrgica escoar a sua produção, com capacidade prevista para transportar 10 milhões de toneladas de carga, o que é um atrativo para outras indústrias, melhorando de forma significativa a logística na região, que já possui rodovias e projetos para hidrovia.
A viagem para a Argélia, além de ter proporcionado uma maior aproximação com a empresa, atraindo investimentos para o Estado, abriu as portas do mercado europeu e do norte da África para o setor produtivo paraense com ações que seguem até os dias atuais. No início deste ano o embaixador do país no Brasil, Toufik Dahmani, esteve pela primeira vez no Pará onde se reuniu com o governador Simão Jatene para fortalecer as cooperações técnicas e econômicas, além de discutir a diversificação e ampliação dos projetos de investimento no Estado.
Sustentabilidade - As articulações também tiveram como destaque a questão ambiental. Ainda em 2015, o governo Simão Jatene viajou para a Espanha onde participou da Reunião Anual da Força Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas (GCF), no qual o Pará é membro. Durante a programação, o Governo da Noruega anunciou um aporte de US$ 25 milhões, equivalente a mais de R$ 75 milhões, para o Fundo da Força-Tarefa. O recurso gestado pelo GCF apóia iniciativas e estratégias de produção sustentável nos Estados membros, entre eles o Pará. A Noruega mantém parceria com o governo do Pará através do Fundo Amazônia para investimentos em projetos na área de ciências e tecnologia.
O governador também foi um dos palestrantes do evento, onde destacou a importância de investimentos em formas sustentáveis de produção, valorizando as comunidades locais, além de ressaltar o trabalho desenvolvido pelo Estado por meio do Programa Municípios Verdes e outras frentes. Na oportunidade, também assinou a Carta de Rio Branco, documento conjunto que defende mais investimentos para que se conquiste a meta de redução em 80% dos índices de desmatamento até 2020. Os encontros formam importantes para garantir o posicionamento do Pará em relação às discussões sobre meio ambiente, uma vez que o Pará e a Amazônia são protagonistas no tema.
No mesmo ano, o embaixador da Espanha, Manuel de La Camara Hermoso, fez uma visita ao Pará junto com representantes de empresas espanholas que manifestaram interesse em investir no Estado. O encontro, realizado no Palácio do Governo, foi marcado pela apresentação das expertises do Grupo Tragsa, empresa estatal espanhola, e pelos projetos de infraestrutura que estão sendo desenvolvidos pelo Estado, como a Fepasa. A Tragsa está instalada no Pará, em parceria com a construtora Cabrera, onde desenvolve projetos nos municípios de Belém, Santarém, Itaituba e Marabá, nas áreas de saneamento e habitação, alguns em parceria com a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa). O grupo pretende expandir parceria nas áreas de infraestrutura, ordenamento urbano e turismo.
Em 2016 o tema meio ambiente também esteve em destaque. No mês de outubro o governador Simão Jatene participou da III Conferência das Nações Unidas para a Habitação e o Desenvolvimento Urbano Sustentável, realizada em Quito, capital do Equador, a convite da organização do evento promovido pelo Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat). O Pará foi o único Estado da região Amazônica a ter assento nas discussões, como participante da comitiva oficial do País.
Na Conferência foram definidas as novas diretrizes da ONU para as cidades, a chamada “Nova Agenda Urbana”. O governador integrou mesas e painéis de discussões em todos os dias do evento, onde abordou a realidade e a diversidade da região, além de defender a ideia de um novo modelo que contemple não só o combate à pobreza, mas que priorize, sobretudo, a busca pela redução das desigualdades. A participação do Pará foi fundamental para reforçar a liderança internacional do Estado no enfrentamento dos desafios ambientais, sociais e econômicos da Amazônia e para a inclusão da região na agenda urbana global.
As pautas discutidas durante o evento também serviram de base para o aprimoramento de projetos e ações do governo em solo paraense, desenvolvidos em parceria com a ONU, como o Pará Sustentável, já em desenvolvimento. A iniciativa tem como objetivo geral reduzir a pobreza e a desigualdade no Estado e está ancorado em três pilares: "Pará 2030", voltado para as matrizes econômicas, incentivando as cadeias produtivas para fomentar a geração de emprego e renda; o "Pará Social", destinado ao desenvolvimento familiar e inclusão social, e o "Pará Ambiental", direcionado para a sustentabilidade e preservação do meio ambiente.
Para o governador Simão Jatene, a articulação com membros principais da ONU Habitat e o início de um diálogo mais integrado com outros Estados e países que compõem a Amazônia pode garantir que a região receba mais atenção e projetos para garantir sustentabilidade nos municípios, algo que é o ponto central dos termos da Nova Agenda Urbana. A intenção é construir um outro modelo de desenvolvimento, que seja socialmente inclusivo, ambientalmente sustentável e economicamente viável.