Projeto que combate o trabalho escravo atinge quase 143 mil pessoas
A divulgação do resultado parcial do Projeto “Escravo, nem pensar!” da Organização Não Governamental Repórter Brasil, na tarde desta quarta-feira, 27, no auditório do Instituto de Educação do Estado do Pará (IEEP), em Belém, mostrou que quase 143 mil pessoas foram impactadas com o trabalho do projeto desenvolvido em escolas da rede estadual de ensino.
O projeto que visa, por meio da educação diminuir o número de trabalhadores aliciados para o trabalho escravo e submetidos a condições análogas a de escravidão nas zonas rural e urbana do território brasileiro, mapeou ao longo de 11 meses os resultados da participação de 110 escolas de 54 municípios paraenses. Foram 927 educadores envolvidos e cerca de 60 mil alunos, além de 38.866 comunidades, alcançando, no final, 142.531 pessoas.
Além de difundir o conhecimento sobre trabalho escravo, o projeto “Escravo, nem pensar!” também atua na prevenção do tráfico de pessoas, como forma de combater a violação de direitos humanos e promover o engajamento de comunidades vulneráveis a essas práticas.
No Pará, a ação é desenvolvida pelas Secretarias de Estado de Educação (Seduc) e de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Justiça do Trabalho, Ministério Público do Trabalho, Comissão Pastoral da Terra e Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae).
O “Escravo, nem pensar!” inclui, em sua metodologia, a formação de professores da rede pública de ensino para que possam repassar essas informações aos alunos e, consequentemente, o estudante consiga levar esses conhecimentos para dentro de sua família e comunidade. A formação nas escolas do Pará foi coordenada pelo Centro de Formação de Profissionais da Educação Básica do Estado (Cefor/Seduc) junto com a ONG Repórter Brasil.
Para chegar a esses números, o projeto foi desenvolvido em sete Unidades Regionais de Educação – UREs (Abaetetuba, Castanhal, Conceição do Araguaia, Mãe do Rio, Marabá, Santa Izabel do Pará e Tucuruí) e nas 20 Unidades Seduc na Escola (USEs) da Região Metropolitana de Belém.
As coordenadoras do projeto na URE de Marabá, Cristina Leite e Brenda Macias, destacaram a importância da ação e a expressiva participação dos alunos. “Esse trabalho de conscientização é muito importante, principalmente na nossa região, onde os números indicam que o trabalho escravo é muito grande. O projeto alcançou um número considerável de alunos e tivemos relatos de pais dizendo que não sabiam o que era trabalho escravo e já tinham passado por algum tipo de situação que os caracterizava como trabalhadores escravos, então essa informação foi primordial para essas pessoas”, disse Cristina Leite.
A coordenadora estadual do projeto e integrante da ONG Repórter Brasil, Natália Suzuki, disse que está impressionada com os resultados alcançados no Pará. “Constatamos que os alunos e suas comunidades foram impactados com as ações, conseguimos passar o muro das escolas e chegamos a milhares de pessoas e, principalmente, àquele trabalhador que está se submetendo ao trabalho escravo. Ficamos muito impressionados com os resultados, pois sabíamos que a Secretaria de Educação do Estado tem uma estrutura consolidada, o que contribuiu muito para o sucesso do projeto aqui no Pará”.
A secretária de Educação, Ana Claudia Hage, ressaltou o sucesso obtido e o comprometimento dos educadores no desenvolvimento do projeto. “Hoje temos que festejar os resultados desse projeto e, principalmente, o excelente trabalho desenvolvido pelos professores, que dedicaram grande parte do seu tempo para que tudo desse certo. Sabemos que atualmente não trabalhamos somente as disciplinas nas escolas, mas também a formação cidadã, e temos certeza que por meio da educação vamos redescobrir os valores que a sociedade está perdendo”.
Também marcaram presença no evento de apresentação dos resultados, os secretários de Estado Michel Durans (Justiça e Direitos Humanos) e Heitor Pinheiro (de Integração e Políticas Sociais do Pará), e ainda, Natália Suzuki, coordenadora do Projeto “Escravo, nem pensar”; Ana Sousa Pinto, representante da Comissão Pastoral da Terra em Xinguara; Hideraldo Machado, do Ministério Público do Trabalho e Carlos Miranda, coordenador do Cefor.