Instituto Álvares de Azevedo comemora 60 anos de fundação
O Instituto Álvares de Azevedo, em Batista Campos, comemorou 60 anos de fundação com uma programação especial na manhã desta quarta-feira, 15, pautada em relatos sobre a experiência de alunos, ex-alunos, professores e gestores que fizeram parte da trajetória da instituição. Também foi inaugurada a horta escolar “Um toque de transformação”. A escola é referência em educação especial e atende, desde 7 de dezembro de 1952, estudantes cegos, pessoas com baixa visão e associados.
“Queremos mostrar para a sociedade que os cegos são cidadãos com direitos e deveres que devem ser respeitados, e quem precisa se organizar é a sociedade”, disse a diretora do instituto, Lindalva Carvalho.
Na programação de aniversário, um painel fotográfico e a apresentação de um vídeo institucional exibiam registros dos principais momentos da trajetória de conquistas da unidade. Para a produção do material, a professora Vilma Maciel, do Núcleo de Produção e Reprodução em Braille do Instituto, usou como fonte de pesquisa os recortes de jornais. “Pegamos vários momentos que mostram o percurso e o compromisso do Instituto Álvares de Azevedo, com a formação e a educação dos alunos”, explicou.
Os convidados puderam recordar registros de 1952, período da inclusão dos primeiros alunos cegos no ensino secundário, à criação da escola, em 1953, que começou a funcionar nas dependências da Escola Lauro Sodré. Há registros ainda sobre a primeira impressora em Braille, que chegou em 1996, do primeiro diretor cego, em 2009.
Relato – O professor de língua portuguesa Ronaldo Alex Raiol de Carvalho, que trabalha há cinco anos como revisor do Núcleo de Produção e Reprodução Braille do Instituto, disse que se emocionou com os relatos dos colegas, já que também precisou do apoio da instituição após apresentar uma degeneração na retina que provoca a perda da visão. “Eu estava fazendo o vestibular quando pedi assessoramento do Instituto. Foi um divisor de águas na minha vida, já que passei a ter contato com pessoas com deficiência e fui adaptado nessa nova forma de ver a vida”, relatou.
Depois da experiência na instituição, o professor disse que conseguiu duas vitórias: a aprovação no curso de Letras e, em seguida, o ingresso como professor concursado da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). “O que me estimulou muito foi ver colegas cegos sendo inseridos nas universidades e no mercado de trabalho, já que chega com uma referência distorcida sobre a vida de um cego”, comentou.
Além de fazer a revisão do conteúdo que será adaptado do ensino regular adaptado ao aluno cego, o professor também faz a formação de vários professores que atuam com alunos cegos nas escolas do interior do Estado. “É muito gratificante quando você chega aos municípios e vê que os professores que fizeram a formação em Libra ou em Braille conseguem ser agentes multiplicadores desse trabalho”, disse ele.
O Instituto Álvares de Azevedo atende 542 estudantes com deficiência visual. O apoio pedagógico é realizado em todas as idades, desde a educação precoce à melhor idade. Para receber o atendimento dos programas ofertados pela instituição, o aluno precisa estar matriculado em uma escola do ensino regular. O instituto também oferece o suporte de um professor itinerante que irá orientar o professor que atende o aluno na escola, sobre a flexibilização do currículo para o ensino regular.