Evento lembrará os 50 anos de descoberta do vírus B da hepatite
O Instituto do Fígado e Gastroentereologia e a Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa), por meio da Coordenação Estadual de Hepatites Virais, promoverá no dia 22 de maio, no hotel Radisson, em Belém, evento alusivo aos 50 anos de descobrimento do Antígeno Australia, descrito como o vírus B da hepatite, e aos avanços no tratamento das hepatites virais no Brasil em meio século.
Com o apoio do Instituto Evandro Chagas e da Fundação Santa Casa de Misericórdia de Belém, o encontro reunirá profissionais empenhados no desenvolvimento da hepatalogia da Amazônia. Foram disponibilizadas 100 vagas para os interessados em participar da programação. As inscrições já podem ser efetuadas pelo site da coordenação do evento (promo.bmpromocoes.com.br/evento-hepato-50-anos), mediante a doação de uma lata de leite em pó, que será destinada ao Grupo Paravidda.
Hoje, reunidas, as hepatites virais são a oitava entre todas as causas de mortes no mundo, mesmo se levados em conta acidentes e guerras. No Pará, o esforço da saúde pública tem se refletido nesse combate ao sub-registro de casos associado à ampliação da testagem e do diagnóstico; no estímulo à vacinação contra o tipo B – ofertada gratuitamente pelo SUS a toda população até 49 anos – e na ampliação da assistência e do tratamento dos tipos mais perigosos: B e C.
“Por ser uma doença silenciosa, nosso foco tem sido a busca ativa por pessoas que não sabem que têm os vírus e precisam logo se tratar para não serem surpreendidas com as consequências de um diagnóstico tardio, como uma cirrose ou câncer de fígado, e também para evitar que transmitam a doença a outras pessoas”, explica Cisalpina Cantão, coordenadora estadual de Hepatites Virais.
Devido o estímulo progressivo ao diagnóstico precoce, os casos de hepatite têm aumentado no Pará. Entre 2007 e novembro de 2014 foram confirmados 2.211 casos do tipo B e outras 871 ocorrências da forma C. Só no ano passado, surgiram 242 casos de hepatite B, além de 91 do tipo C. “Posso dizer que o Pará é o Estado do Brasil que mais tem feito testagens para hepatites e, para isso, tivemos o apoio do Ministério da Saúde, que foi fundamental nesse processo, e das equipes da gestão estadual, por abraçarem essa causa”, destaca a médica hepatologista Márcia Iasi, que acompanha também pacientes com hepatite C que passam por tratamento na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, referência estadual em doenças do fígado.
Exigir material descartável em salões de beleza e também na hora de fazer tatuagens e aplicar brincos e piercings, bem como não compartilhar seringa, agulha e objetos cortantes com outras pessoas – incluindo a lâmina de barbear e depilar, a escova de dente e o alicate de unha -, além usar preservativos nas relações sexuais estão entre as orientações da Sespa transmitidas em ações promovidas com o apoio do Ministério da Saúde e em parceria com as coordenações estaduais de Saúde do Homem, de Imunização, Saúde Indígena e de Mobilização Social, além do Laboratório Central do Estado, Instituto Evandro Chagas e integrantes das Organizações da Sociedade Civil.
Pelo menos nos últimos três anos essa parceria rendeu mais de 40 treinamentos, três seminários e 21 mil testes rápidos, feitos inclusive em atividades voltadas aos indígenas, encarcerados, quilombolas, profissionais de salões de beleza e lideranças e seguidores da umbanda e do candomblé, tanto em Belém, como no interior do Estado.
Tratamento
Independente disso, a porta de entrada para quem quiser se proteger das hepatites é a Unidade Básica de Saúde, seja para a vacinação ou para o teste de sorologia, cuja entrega de resultado dura, em média, três dias.
De forma específica e entregue em 30 minutos, o teste rápido, em Belém, é oferecido no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da Casa Dia, localizado na avenida Pedro Alvares Cabral, entre travessas Barão do Triunfo e Angustura, próximo à ponte do Barreiro. Caso o usuário do SUS receba a notícia de que é portador de um dos tipos graves da doença, é encaminhado para locais de tratamento que já são referência, como a Santa Casa de Misericórdia do Pará.
Além de lá, Belém dispõe de outros locais para o tratamento: Hospital Universitário João de Barros Barreto; Fundação de Hospital de Clínicas Gaspar Vianna e Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecciosas e Parasitárias Especiais (Uredipe), além do Centro de Universitário do Estado do Pará (Cesupa), no campus da avenida Almirante Barroso, onde funciona o curso de Medicina.
No interior do Estado, o atendimento e tratamento são disponíveis no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) de Santarém; no CTA de Marabá; no CTA de Parauapebas; no Hospital Regional do Araguaia, em Redenção, e no Hospital Regional de Tucuruí. Para todos esses locais, é essencial que o cidadão seja encaminhado pela Unidade de Saúde mais próxima de sua residência. “Em três anos, conseguimos aumentar de três para 10 locais em que os usuários do SUS no Pará podem se tratar das hepatites”, explica Cisalpina Cantão.
Medicamentos
Entre outros assuntos que serão debatidos durante o evento no dia 22 de maio, em Belém, estão os avanços obtidos pelo Brasil em relação aos medicamentos recentemente aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento da hepatite C, como o sofosbuvir, daclatasvir e simeprevir. Segundo informe técnico do Ministério da Saúde, os três itens “compõem um novo e eficiente tratamento para a doença disponível no mundo, com um percentual de cura de cerca de 90%”. A expectativa é que os medicamentos sejam disponibilizados no Sistema Único de Saúde (SUS) até o final deste ano. O Brasil será um dos primeiros países a adotar as novas tecnologias na rede pública de saúde.
A novidade também vai proporcionar a redução de tempo do tratamento - de um ano, em média, para três meses - como também incidirá na diminuição de comprimidos. A expectativa é que o novo tratamento beneficie 60 mil pessoas nos próximos dois anos. O Brasil é um dos únicos países em desenvolvimento no mundo que oferece prevenção, diagnóstico e tratamento universal para as hepatites virais em sistemas públicos e gratuitos de saúde. Nesse quesito, o Pará tem acompanhado com fidelidade essa tendência, que inclui também o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais (28 de julho) no topo do movimento de enfrentamento da doença.