Alunos de escola pública mostram conceitos de cidadania de forma lúdica
O espetáculo "Auto da Barca do Fisco", encenado nesta sexta-feira (24), durante o seminário “Educação fiscal, 15 anos contribuindo na construção da cidadania no Pará”, é dirigido e encenado pelos alunos da Escola Estadual Frei Ambrósio, de Santarém, no oeste do Pará. A peça foi trazida para Belém especialmente para o evento.
Comédia que tem como tema a corrupção, o “Auto da Barca do Fisco” é baseado em dois textos de sucesso: o “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente, e o “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. Os próprios alunos fazem a cenografia, ensaiam os atores e se dividem nas múltiplas tarefas do espetáculo. Foi a primeira vez que eles se apresentaram em Belém. A viagem foi patrocinada pela Asfepa e Sindifisco, entidades sindicais dos servidores da Fazenda Estadual.
A escola Estadual Frei Ambrósio foi a vencedora, no ano passado, do prêmio nacional de Educação Fiscal da Febrafite, a Federação dos fiscos estaduais. O projeto vencedor, Sol Cidadão Legal, criou na escola uma prefeitura e Câmara, que elege prefeito e vereadores mirins, mostrando a importância das instituições e da gestão dos recursos públicos.
A professora Eliana Mara coordena o projeto e conta que a viagem foi uma realização para os alunos. Eles encenam o texto há oito anos, e já viajaram para municípios como Oriximiná. No palco os onze jovens com idade entre 12 e 20 anos animam a plateia e falam, de forma lúdica e divertida, sobre a correta aplicação dos recursos públicos e a função dos políticos.
Alguns dos participantes têm 12 anos de participação no grupo. Mesmo quando saem da escola, continuam como voluntários. É o caso de Kennedy Harilal, ex-aluno da escola, hoje formado. Ele é o diretor da peça e o personagem anjo Rafael. Os alunos Jennifer Oliveira e Ronilson Cardoso, ambos com 18 anos, estão concluindo este ano os estudos na escola. Estão todos alegres.
Um grupo de 24 pessoas, entre alunos, professores e apoiadores, saiu de Santarém. Eles mesmos fazem a iluminação e tomam conta do som. No meio da ação, fazem fotos e se cumprimentam. Antes de iniciar o espetáculo eles rezam juntos. A professora Eliana Mara fica ao lado deles, dando-lhes incentivo antes de entrarem no palco. Abraça os atores e cumprimenta os técnicos que apoiam o espetáculo. Ela admite que fica sempre nervosa, porque “para mim esta é a hora da prova”.
A secretária municipal de Finanças de Santarém, Regina Souza, coordena o grupo municipal de educação fiscal da cidade. Ela conta que o grupo centra o trabalho nas escolas e que este ano instituiu o prêmio municipal de Educação Fiscal. “É um trabalho importante, pois mostra aos alunos e professores não só a importância do tributo, mas o retorno dele aos cidadãos”.
O diretor da escola Frei Ambrósio, Marcos Botelho, agradece ao público no fim da peça e conta que, com o dinheiro do prêmio da Febrafite, a escola investiu em equipamentos de luz e som para o teatro. É uma prova de que, mesmo em escola pública, um boa ideia, com empenho dos alunos e professores, e o apoio da comunidade, pode ser vitoriosa.