Santa Casa realiza capacitação do Método Canguru em parceria com o Ministério da Saúde
Quando nasceu, Calebe pesava apenas um quilo e 400 gramas. Era tão pequeno que cabia, inteiro, nas mãos da mãe, Priscila Karen Goés, 23 anos. O peso debilitado obrigou o recém-nascido a passar uma temporada na Unidade de Tratamento Intensito (UTI) da Santa Casa de Misericórdia do Pará. Perto de completar um mês de vida, Calebe entrou no “Programa Canguru”, modelo de assistência perinatal oferecido pela santa Casa que ajudou o bebê ganhar 200 gramas em apenas nove dias de tratamento.
“É meu primeiro filho. Fiquei sabendo aqui desse programa. Eu tinha medo de não ficar perto dele porque quando ele nasceu foi pra UTI, ficava angustiada de deixar ele lá. Mas aí, quando o bebê atinge um certo peso a mãezinha pode vir pra cá com ele, aqui a gente pode cuidar, acalantar”, relata Priscila.
O método valoriza a atenção humanizada, reduzindo o tempo de separação entre a mãe e o recém-nascido, favorecendo a relação dos dois. “Ficar com o bebê sentindo o calorzinho dele, é legal. É um momento de muito cuidado e aprendizado, é como se estivesse ainda dentro de mim. Ele é tão pequenino, pensei que não ia dar conta, quando cheguei aqui vi os outro bebes e mães e fui perdendo o medo”, relatou a Simone Coimbra, mãe do pequeno Gustavo, recem nascido que também passou pelo mesmo tratamento.
Proximidade que alguns homens, na condição de pais, também fazem questão de compartilhar. “Acho que sou o único pai canguru por aqui. Estamos há dois dias aqui e não vi nenhum pai. Aqui eu consigo sentir como elas se sentiam, acho importante a criança sentir o amor dos pais desde cedo”, diz João Souza, pai da Jamile.
Foi para alcançar cada vez mais resultados como os mostrados acima que a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), em parceria com o Ministério da Saúde (MS), capacitou, durante toda a semana, um total de 30 profissionais da Estratégia Saúde da Família e das Unidades Básicas de Saúde de Belém para atuarem como tutores do método Canguru. A intenção é aumentar a rede de atendimento do método, fazendo com que, cada vez mais, esse tipo de tratamento consiga reduzir o sofirmento de famílias inteiras e garantir a sobreviência de recém-nascidos prematuros.
“Esse método é uma forma de cuidado da criança, onde a gente inclui o recém-nascido de baixo peso, ou seja, aquele que nasce abaixo de 2,5 kg ou é prematuro. Precisamos disseminar conhecimento pra que os profissionais entendam que esses bebês precisam ser acompanhados mais de perto, mesmo depois da alta. Mas o cuidado é com a família toda, para ajudar ela a lidar com esse bebê que precisa de cuidados especiais”, ressalta a pediatra neonatologista Vilma Ruty, tutora do método na Santa Casa.
A Santa casa de Misericórdia do Pará é pioneira no método Canguru, no Norte do Brasil. E um dos objetivos na parceria com o Ministério da Saúde é ampliar o conhecimento entre todos os envolvidos no processo. “Viemos para capacitar tutores na 3ª etapa compartilhada, para formar tutores tanto da atenção básica quanto da média e alta complexidade. O Ministério da Saúde vem trabalhando o método desde 2000 e hoje nós iniciamos uma nova etapa em que a gente agrega a atenção básica para esse novo cuidado. O grande objetivo é trabalhar a humanização na atenção básica”, explicou Luiza de Aquino, assessora técnica do Ministério da Saúde.