Espaço Acolher representa o estado do Pará em jornada promovida pela Unifesp
O trabalho desenvolvido por professores que atuam na classe hospitalar ganha destaque nacional, isso porque a equipe de professores do Espaço Acolher, da Santa Casa de Misericórdia, foi convidada para participar da 1ª edição da Jornada Interestadual de Apoio à Educação do Escolar em Tratamento de Saúde promovida pela Universidade Federal de São Paulo, em parceria com o Departamento de Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O evento será realizado no dia 27 de maio, em São Paulo.
O Espaço Acolher, mantido pela Santa Casa de Misericórdia em parceria com o Governo do Estado, será representado por parte da Equipe Pedagógica do projeto e levará para a o evento uma instalação produzida pelos próprios alunos do programa onde eles retratam o cotidiano da comunidade ribeirinha através de pinturas idealizadas a partir de releituras das obras do artista plástico paraense Odair Mindello. As pinturas têm como suporte sombrinhas, utensílio bastante presente no cotidiano do paraense por conta de constantes chuvas na região. A instalação também contará com sons característicos da Amazônia como de motor das embarcações, sons da chuva e dos pássaros.
O Pará também terá representação em uma das mesas redondas promovidas durante a Jornada. A professora Gilda Saldanha, reconhecida como referência na região norte e nordeste em classe hospitalar, participará de uma mesa redonda sobre Políticas Públicas e o Direito à Escolarização de Alunos em Tratamento de Saúde que pretende discutir sobre os avanços do atendimento escolar em âmbito hospitalar. Gilda destaca a característica principal da nossa região e os desafios do ensino hospitalar. “Atendimentos com pacientes que fazem hemodiálise, por exemplo, outros estados já realizam, mas o atendimento a pessoas que sofreram escalpelamento é bem característico da nossa região, tendo em vista, o uso de embarcações precárias e sem segurança alguma. Os professores tem que estar preparados para lidar com um universo de situação”, declarou.
O Programa Classe Hospitalar iniciou suas atividades em 2003, é uma iniciativa do Governo Estado do Pará e acontece por meio da Secretaria de Educação do Pará (Seduc/Pa) em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), desenvolvido em dez hospitais da Região Metropolitana de Belém e atende cerca de 100 alunos por mês, com o objetivo de dar continuidade ao processo de desenvolvimento e aprendizagem de pacientes vítimas de escalpelamento, dessa forma, assegurando os vínculos escolares dessas pessoas durante todo o tratamento. O programa realiza atendimento nos Hospitais Ophir Loyola e Betina Ferro, além do Espaço Acolher.
Humanização - A classe Hospitalar no Espaço Acolher visa atender outros pontos também, como resgatar a autoestima dos pacientes e os acompanhantes, combater a ociosidade no ambiente hospitalar e desenvolver suas potencialidades, tudo isso com base na humanização, que de acordo com Denise Mota, professora representante do Espaço Acolher, é um dos pontos principais para quem deseja trabalhar com classe hospitalar. “Os profissionais que pretendem trabalhar em classes hospitalares precisam desenvolver e estudar práticas de humanização para que possam atender seus pacientes, visto que, todas as pessoas que chegam aos hospitais chegam abaladas por conta do acidente ou doença”, destacou.
A equipe pedagógica do Espaço Acolher conta com 5 professores que trabalham com ações de escolarização e projetos pedagógicos interdisciplinares voltados para o ensino fundamental I e II, ensino médio, onde o ensino é desenvolvido a partir das áreas de conhecimento, e educação de jovens e adultos (EJA), cada uma com materiais didáticos que atendem às suas especificidades.
Atualmente, o espaço recebe, em média, 50 pacientes por mês, porém, segundo Denise Mota, este não é um número definitivo. “Às vezes alguns pacientes voltam por conta de complicações, em determinado mês temos uma demanda maior. É bem relativo”, finalizou. (Com colaboração de Tácio Fonseca)