Professores e técnicos da Seduc aprendem a lidar com dislexia
A Coordenadoria de Educação Especial (Coees), da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), realizou na manhã desta quarta-feira (4), no auditório da Escola Estadual Anísio Teixeira, em Belém, o evento intitulado “Diálogo aberto com a dislexia”, uma iniciativa que visou desmistificar o problema e ajudar professores e técnicos a refletir sobre o transtorno, que atinge de 5 a 17% da população mundial, segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD). Na ocasião, também foi lançada uma cartilha informativa sobre o tema, que será distribuída pela Coees para todas as escolas da rede.
Segundo a fonoaudióloga Lícia Oliveira, técnica da Coees, a dislexia causa dificuldade na leitura, escrita e soletração. Normalmente, só é detectada na escola, durante a fase de alfabetização. “O perfil do disléxico é clássico. Ele tem dificuldade em manter o contato visual, a autoestima é baixa e há uma fragilidade psicológica”, informou.
A técnica em Educação Especial Renata Medeiros, também da Coees, explicou que, muitas vezes, a criança com dislexia, pelas dificuldades que encontra, começa a achar a escola um lugar “ruim”, onde não consegue se enxergar. Daí a importância da sensibilidade do professor e da própria escola em detectar essas questões. “Muitas crianças com dislexia criam trauma da escola, sentem-se menos capazes, justamente porque não conseguem aprender a ler e escrever junto com os outros colegas”, observou.
Providências - Para enfrentar o problema, disse Renata Medeiros, a Coees elaborou a cartilha, que esclarece aos educadores sobre como identificar traços de dislexia e as providências que devem ser tomadas. “Normalmente, a escola identifica essa situação e encaminha a criança para a Coees, onde a família vai ser orientada a buscar o diagnóstico e as terapias possíveis. Embora não seja considerada uma deficiência, a dislexia é uma realidade presente nas escolas, e todos os profissionais precisam estar aptos a lidar com ela”, completou a técnica, acrescentando que o material será enviado pela Seduc a todas as Unidades Seduc na Escola (Uses) e Unidades Regionais de Educação (Ures), para que chegue a todas as escolas da rede pública estadual de ensino, além de ser disponibilizado no site da Secretaria - www.seduc.pa.gov.br.
Para Bianca Fayal, professora da rede pública e com dois filhos disléxicos, a parte mais difícil desse processo é o diagnóstico. “O diagnóstico é difícil, porque precisa ser feito por uma equipe multidisciplinar, e nem sempre as pessoas têm acesso a um plano de saúde. E, mesmo com plano de saúde, é complicado conseguir todos os profissionais necessários. Eu mesma tive que brigar com o meu plano de saúde para que o meu filho pudesse ter esse suporte. E, depois do diagnóstico, tem outra dificuldade, que é a questão das terapias que a criança precisa fazer”, relatou.