Estado discute plano estadual de expansão do açaí
Mais de 90% da produção atual de açaí no Pará, que no ano passado atingiu 795 mil toneladas de frutos em uma área plantada superior a 143 mil hectares, é originária de açaizais nativos das regiões de várzea. Agora as regiões de terra firme também começam a despontar como regiões produtoras, com a incorporação de técnicas de irrigação. A expansão da produção acompanha o crescimento da procura internacional e nacional pelo fruto e demanda investimentos em tecnologia, aumento das linhas de crédito e políticas públicas direcionadas para o setor. Para isso, o governo do Pará está delineando um programa estadual para ampliar a produção no Estado.
As diretrizes do Programa Estadual para a Expansão da Cultura do Acaí no Pará foram discutidas nesta sexta-feira, 29, durante o II Seminário sobre Cultivo do Açaizeiro no Pará promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap). “O crescimento do mercado interno e externo do açaí levou a uma evolução social e ambiental nas regiões ribeirinhas que precisa ser estimulada para que continue expandindo para outras áreas do Estado”, afirma o titular da Sedap, Hildegardo Nunes.
Hildegardo lembra que o palmito já foi o principal produto de exportação do açaizeiro, enquanto o fruto era destinado apenas ao consumo dentro do Estado. Quando as propriedades benéficas do açaí se tornaram conhecidas do grande público e a bebida passou a ser associada a hábitos saudáveis de vida, as características do mercado mudaram e o preço também subiu.
“Hoje é possível observar nas comunidades ribeirinhas extrativistas uma evolução social promovida pelo incremento da renda decorrente da valorização do fruto e, ainda, a preservação do ecossistema. Hoje o palmito é retirado em sistema de manejo”, explicou o secretário.
Crescimento - Os principais municípios produtores são Igarapé Miri, Abaetetuba, Bujaru, Cametá e Limoeiro do Ajuru. O fruto é cultivado, de acordo com o último Censo Agropecuário, em 12.804 propriedades rurais paraenses. Com relação ao processamento, os números também são grandiosos. Pelo menos 10 mil batedores artesanais processam o produto em todo o Estado.
A terra firme se apresenta com uma alternativa para aumentar a produção. Existem atualmente diversos projetos em curso no Estado de plantio de açaí em terra firme com irrigação, alguns com área plantada variando entre 400 e 1,4 mil hectares. Esses projetos já são responsáveis por cerca de 40% da safra anual do primeiro semestre, época de escassez natural do produto.
É possível crescer mais e fazer com que os plantios de terra firme ajudem a reduzir significativamente a sazonalidade da oferta, que impacta diretamente sobre os preços. Para isso, no entanto, é preciso superar barreiras como, por exemplo, o alto custo para a implantação de sistemas de irrigação que impedem, por exemplo, uma maior participação de agricultores familiares.
