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Estado apresenta projeto da ferrovia paraense ao governo federal

Por Redação - Agência PA (SECOM)
03/06/2015 18h16

O governo federal conheceu o projeto da ferrovia paraense, que liga o sul e sudeste do Pará até o norte do Estado. Esse foi o resultado de encontro ocorrido nesta quarta-feira (3), em Brasília, entre o secretário de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia do Governo do Pará, Adnan Demachki, o secretário executivo do Ministério da Fazenda em exercício, Tarcísio Godoy, e o presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Bastos.

Além de Adnan Demachki e Tarcísio Godoy, participaram do encontro o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), o coordenador do Núcleo de Representação do Pará no Distrito Federal, Ophir Cavalcante, e o empreendedor Renato Pavan. Pelo Ministério da Fazenda, estavam na reunião o secretário de Acompanhamento Econômico, Paulo Correa, e o diretor de Programa, Manoel Procópio.

A apresentação do projeto da ferrovia paraense a técnicos do ministério foi um pedido feito pelo ministro Joaquim Levy ao governador Simão Jatene, em encontro, ocorrido há 15 dias, em Brasília. O ministro disse ao governador, na ocasião, que gostaria de conhecer mais profundamente a ideia para estabelecer uma parceria entre os governos estadual e federal na concretização do projeto.

Adnan Demachki mostrou aos técnicos do ministério a viabilidade técnica da ferrovia, além da necessidade para alavancar a economia não só do Pará, mas de todo o Brasil. Grãos, minério e produtos agropecuários, entre outros, com forte produção no Pará e em Estados do Centro Oeste brasileiro, perdem em competitividade no mercado mundial e, muitas vezes, até deixam de ser produzidos pela falta de logística, disse Adnan.

A ferrovia, segundo o secretário, supre essa ausência e transforma o Pará e o Brasil em polos de alta competitividade no mercado, notadamente Europa, Ásia e Estados Unidos. “A implantação de uma ferrovia com traçado captando os minérios e os produtos do agronegócio tornará o Pará uma das regiões mais competitivas em todo o mundo, pela proximidade de um porto de águas profundas, atualmente Vila do Conde. Esses fatores atuam de forma a atrair grandes indústrias e atividades econômicas para o futuro condomínio industrial portuário que integra o projeto”, disse Adnan Demachki.

Interligação – Diferente do projeto de extensão da Norte-Sul, do governo federal, a ferrovia estadual tem um traçado bem maior no território paraense. Começaria em Santana do Araguaia e passaria por vários municípios, como Redenção, Xinguara, Marabá, Rondon do Pará, Nova Ipixuna, Ulianópolis, Paragominas e Barcarena. Interessados no projeto, os técnicos do ministério fizeram várias perguntas ao secretário, principalmente sobre a relação entre a ferrovia paraense e a Ferrovia Norte-Sul, cujo projeto prevê uma ligação com Vila do Conde.

O secretário informou aos técnicos que as duas ferrovias não competem entre si. Ao contrário. Uma interligação já planejada das duas ferrovias, faria com que houvesse uma importante intermodalidade, diminuindo custos de construção no início dos projetos e aumentando consideravelmente os lucros com o transporte dos produtos após a obra concluída. O senador Flexa Ribeiro ressaltou a importância de Barcarena para projetos de escoamento de produtos brasileiros e que uma ligação ferroviária com o município só trará benefícios do Brasil.

Tarcísio Godoy recebeu o projeto e disse que vai analisar profundamente a ideia, tendo por base questões técnicas e federativas. As decisões serão tomadas principalmente com base nesses dois fatores, disse Godoy. Jorge Bastos achou interessantíssima a ligação da ferrovia paraense à atual ferrovia norte sul a partir de Açailândia, pois permitiria o ingresso da carga da norte sul pela ferrovia paraense até o porto de Barcarena e vice versa. A produção paraense além de seu escoamento pelo porto de Barcarena poderia também acessar o centro oeste e sul através da ferrovia norte sul. Ao final, o secretário Adnan Demachki colocou à disposição do Ministério da Fazenda e da ANTT todo o corpo técnico da secretaria para mais detalhes sobre o projeto.

Escoamento – A ferrovia estadual será uma concessão à iniciativa privada, responsável por todos os investimentos de implantação e operação. Caberá ao governo estadual a fiscalização e regulação da atividade ferroviária. Além de baixar o custo do frete, o que interessa aos produtores, o novo modal de transporte também diminui o tráfego nas estradas do Estado, aumentando a segurança para o usuário comum, e tira das rodovias as carretas cada vez mais pesadas e compridas, que exigem reparos constantes.

O projeto vem sendo chamado, ainda na fase de estudos preliminares, de Complexo Logístico Industrial e Portuário Paraense (Colinport), que se constitui numa ferrovia de 1,2 mil quilômetro, criando a Ferrovia Paraense (Fepasa) e, no futuro, um porto multicarga em Colares, no nordeste do Estado. Levantamentos apontam que o local é propício para receber navios de grande capacidade, por conta de possuir calado mais profundo e um Condomínio Industrial Portuário para receber indústrias.

Informações preliminares de técnicos da empresa, que idealizaram o projeto, estimam que os investimentos privados previstos para a ferrovia seriam de R$ 8 bilhões, mais R$ 6 bilhões para o superporto e outros R$ 2 bilhões para a construção de um condomínio industrial próximo ao porto. Já na fase de construção, cujo início está previsto para 2018, seriam gerados 14 mil empregos e, durante a operação, somando os trabalhos na ferrovia, ramais, plataformas, superporto e condomínio industrial, a Pavan Engenharia estima que seriam cerca de 60 mil empregos diretos.

 Segundo informações do setor, a expectativa é que já no primeiro ano de funcionamento da ferrovia a demanda seria da ordem de quase 30 milhões de toneladas de produtos, como grãos e minérios. Em cinco anos, essa demanda cresceria para pelo menos 48 milhões de toneladas.

Ainda de acordo com informações da Sedeme, a empresa já identificou opções de traçados, levando em consideração o meio ambiente e não cortando terras indígenas ou de populações tradicionais, como áreas quilombolas, nem áreas de preservação ambiental o que comprometeria as licenças necessárias. (Texto: Pascoal Gemaque)