Aspectos da violência contra a pessoa idosa são debatidos em Belém
A violência praticada contra o idoso, as causas, as consequências e a relação desse problema com o aumento da expectativa de vida da população foram os temas debatidos, nesta terça-feira, 16, durante a mesa redonda “Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa: Uma abordagem intersetorial”, que reuniu representantes de instituições engajadas na inclusão social dos que possuem mais de 60 anos de idade. O encontro ocorreu no Centro Integrado de Inclusão e Cidadania (CIID), em Belém, e foi realizado em decorrência das atividades alusivas ao Dia Mundial de Combate à Violência contra a Pessoa Idosa, registrado no dia 15 de junho.
Promovida pela Diretoria de Atendimento a Grupos vulneráveis da Delegacia de Proteção ao Idoso, a realização da mesa é o segundo momento de uma programação iniciada nesta segunda-feira, 15, quando uma unidade móvel da Fundação Pro Paz esteve disponível na frente da agência do Banco do Brasil da avenida Presidente Vargas, centro de Belém, para fazer uma blitz de conscientização sobre os crimes previstos no Estatuto do Idoso.
Na ocasião, a vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa, Maria do Rosário Damasceno, representou a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) e apresentou um panorama do que o órgão vem fazendo, sobretudo com a realização das oficinas intituladas “Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa e Prevenção da Violência”, que têm sido direcionadas aos profissionais de saúde de nível superior que atuam na atenção básica dos municípios paraenses.
A primeira oficina ocorreu em Belém, em abril, e contemplou cerca de 50 trabalhadores de saúde dos municípios abrangidos pelos 1º e 2º Centros Regionais de Saúde (CRS). No início de junho as atividades aconteceram em Castanhal, contemplando 40 profissionais que atuam nos municípios atendidos pelos 3º, 4º e 5º CRS. A meta é chegar até oito oficinas, cada uma contemplando duas regiões de saúde, para que os participantes sejam multiplicadores do aprimoramento absorvido. “Com isso, a nossa meta é atingir os 144 municípios paraenses com 400 profissionais qualificados”, diz a vice-presidente.
As oficinas atendem o que é estabelecido pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e o próprio Estatuto do Idoso, que preconiza que a atenção básica deve estar preparada para atender esse segmento social. “A velhice não é um problema, mas significa que a pessoa chegou ao ápice do seu desenvolvimento e precisa, como qualquer cidadão, ser respeitada, ter seus direitos garantidos e ter políticas voltadas para sua condição peculiar”, afirmou Maria do Rosário Damasceno.
Segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há mais de 20,6 milhões de pessoas idosas no país. No Pará, os dados da pesquisa correspondem 308.853 habitantes entre 60 e 69 anos e outros 225.608 pessoas com mais de 70 anos, ambos residentes, na maioria, nas zonas urbanas dos municípios. Projeções mostram que em 2050 haverá duas vezes mais idosos do que crianças no Brasil.
Mediada pela conselheira dos Direitos da Pessoa Idosa, Walquíria Alves, a mesa redonda contou ainda com a participação da promotora de Justiça de Defesa da Pessoa com Deficiência, Adriana Simões Colares; da titular da Delegacia de Proteção ao Idoso (DPID), Regina Tavares; do diretor de Assistência Social da Seaster, Charles Tuma, e Emídio Rebelo, da Comissão de Defesa do Idoso da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará (OAB-PA). Emídio, por sinal, não poupou críticas ao desrespeito praticado contra a legislação, sobretudo ao Estatuto do Idoso. “Diariamente estão sofrendo nos ônibus urbanos e intermunicipais, nos postos de saúde e nas discussões envolvendo Previdência Social e os juros exorbitantes praticados por empresas que realizam empréstimos consignados”, ressalta.
O Dia Mundial de Combate à Violência contra a Pessoa Idosa é uma data instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como forma de sensibilizar a sociedade em prol do combate à violência contra idosos e a disseminação de ações de saúde pública em favor do envelhecimento de forma saudável, tranquila e com dignidade. E nesta sexta-feira, 19, a partir das 9 horas, haverá sessão especial na Câmara Municipal de Belém para debater mais uma vez o assunto.