Agência Pará
pa.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
REGIÕES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A
SAÚDE

Seminário aborda aspectos da sífilis congênita

Por Redação - Agência PA (SECOM)
26/06/2015 15h12

Transmitida da mãe para o bebê, a sífilis congênita fez 746 novos casos no Pará somente no ano passado e isso tem preocupado infectologistas e profissionais que compõem a rede de atendimento pública e privada. O assunto foi discutido nesta sexta-feira (26), durante o seminário de sífilis congênita, realizado pela Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), por meio da Coordenação Estadual de DST/Aids, em parceria com o grupo de Infectologia do Centro Universitário do Pará (Cesupa).

O evento contou com a participação de mais de 150 profissionais de saúde, entre representantes do Ministério da Saúde, do Estado, dos centros de referência, os oriundos da Atenção Básica e de maternidades do Estado, além de estudantes universitários.

Provável reflexo da falta de diagnóstico precoce e de tratamento correto da gestante infectada por parte da atenção básica, as notificações de sífilis congênita no Pará vêm aumentando nos últimos anos: em 2010 haviam sido 440 casos; em 2011subiram para 551; em 2012 passaram para 540 e em 2013 chegaram a 608 transmissões.

Em média, 2% dos nascidos vivos no Pará possuem a doença, que poderia estar erradicada. Os números têm crescido por conta de políticas de estímulo ao diagnóstico precoce e podem ganhar um viés dramático, caso perdure o desabastecimento de penicilina benzatina, muito conhecida pelo nome comercial de Benzetacil, por parte da indústria farmacêutica mundial.

Para amenizar o problema, a coordenadora estadual de DST/Aids, Deborah Crespo, tem orientado gestores municipais que a penicilina seja prioridade no tratamento da sífilis, sobretudo em pacientes que são atendidos na atenção primária de saúde, uma vez que o governo federal repassa recursos à saúde básica, direto pelo fundo dos municípios. “No caso do tipo congênita, há de se ter sensibilidade para que essa contaminação não atinja a criança”, explica.

Durante o seminário, várias hipóteses foram levantadas para se diminuir a incidência da sífilis congênita no Pará. A consultora do Ministério da Saúde, Joseli Araújo, e a médica Eliane Fonseca, do grupo de Infectologia do Cesupa, fizeram longas abordagens sobre o assunto. A não realização do teste para sífilis, a reinfecção da gestante, que pode acontecer se o parceiro não for tratado corretamente, e o temor pela administração da penicilina, pela alegação de que o medicamento traria um risco de choque anafilático, foram apontados como as dificuldades principais de se eliminar a sífilis congênita no país.

Segundo Eliane Fonseca, os profissionais devem estar atentos às fases da doença e os sinais que ela transmite, sobretudo em relação à congênita, já que o tratamento é feito com antibiótico e não traz lesão para o feto.

Ela também alertou que mesmo tendo feito o exame no início da gravidez, é preciso refazê-lo na reta final, pois a mulher pode se contaminar durante a gestação. A orientação geral dos especialistas que passaram pelo seminário é que se deve buscar o diagnóstico o mais rápido possível, porque quanto mais cedo começar o tratamento, maiores são as chances de cura da doença. “O tratamento é essencial, porque a doença pode trazer complicações, contaminando o sangue ou cérebro e o sistema nervoso central”, explica a médica.