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Transplante de medula óssea em pacientes com doença falciforme é alternativa de cura

Por Redação - Agência PA (SECOM)
26/06/2015 17h52

O autônomo Raimundo Xavier Dias, 37 anos, passou por Transplante de Medula Óssea (TMO), há dois anos e meio, no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), tendo uma das irmãs como doadora. “Foi uma grande felicidade. No meu caso, o transplante era a última alternativa de cura”, conta ele, que por mais de 20 anos fez tratamento de Doença Falciforme (DF), na Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa).

Terceiro transplantado de medula óssea do Estado, hoje, Raimundo Dias ainda faz acompanhamento, mas a sua vida mudou radicalmente, principalmente com relação à qualidade. “Até chegar ao transplante, vivia com crises de dor, necessitando de transfusões de sangue. Agora não. Posso dizer que levo uma vida normal, inclusive com a busca de novas oportunidades”, afirma.

A ideia de expandir horizontes e proporcionar mais qualidade de vida às pessoas com DF é um dos focos da programação educativo-cultural, que o hemocentro realizará neste sábado, 27, para 20 pacientes, maiores de 12 anos e acompanhantes, na praça Batista Campos, Portal da Amazônia e Mangal das Garças, a partir das 8h, em ação pelo Dia Mundial de Conscientização Sobre a Doença Falciforme, celebrado na última sexta-feira, 19.

Na praça e no Portal, a equipe multiprofissional da Coordenação de Atendimento Ambulatorial (Coamb) do Hemopa vai entregar panfletos informativos sobre a doença. O encerramento da programação será no Mangal das Garças, onde os pacientes e acompanhantes poderão contemplar e visitar os espaços do local.

Os participantes serão estimulados também a postarem momentos da ação nas redes sociais, com placas de autorretrato criadas especificamente para o evento, usando a hashtag #doençafalciforme. Durante o percurso entre um ponto turístico e outro, jogos de perguntas e respostas sobre a doença, tratamento e cuidados serão feitos pela equipe multiprofissional no ônibus. Quem responder às perguntas corretamente ganhará brindes.

“Nossa intenção é disseminar informação sobre a doença e os tratamentos disponíveis, bem como sensibilizar população e usuários para adesão ao tratamento sistemático, promovendo a qualidade de vida”, informa a titular da Coamb, Saide Trindade. Segundo a hematologista, a data, estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), objetiva a eliminação de preconceitos, bem como o fortalecimento dos direitos das pessoas com a doença.

A médica assegura que entre estes direitos está inclusão da DF no rol de doenças tratadas com os procedimentos de rotina do TMO. “Estamos no aguardo da publicação da portaria, o que deve acontecer ainda este ano. Somos um país miscigenado e por isso, a doença tornou-se um problema de saúde pública. O TMO é uma opção terapêutica com possibilidade de cura. É fundamental termos e oferecê-la como terapia apropriada a cada um dos pacientes”, defende.

No País, só é possível submeter ao transplante uma pessoa com DF em casos que estiverem dentro de um protocolo de estudo, por ser considerado ainda um procedimento experimental. O procedimento já beneficia pacientes com doenças oncohematológicas, como linfomas, leucemias e mielomas. As células doentes são substituídas, evitando expor o paciente aos riscos de transfusões contínuas. Segundo pesquisa da Universidade Estadual de São Paulo, em Ribeirão Preto, está consolidado que a sobrevida é de 95% em pacientes com DF já submetidos a transplante.

Segundo a coordenadora da Coamb do Hermopa, até agora foram transplantados cinco pacientes do Estado do Pará, com sucesso, tendo como doadores aparentados 100% compatíveis. Todos os procedimentos foram realizados no Hospital de Clinicas De Ribeirão Preto.

O Hemopa faz acompanhamento de 711 pacientes no Estado, com maior prevalência na faixa etária de 21 a 30 anos. Dentro das ações da Coamb para os pacientes com a patologia, Saide Trindade destaca a capacitação realizada em Belém, Castanhal, Marabá, Altamira, Santarém e Redenção, com profissionais da saúde para repassar informação do diagnóstico precoce e atendimento nos eventos agudos, como também conhecimento dos protocolos de tratamentos preconizados.

Com grandes expectativas, Raimundo Dias agradece a oportunidade que teve através do TMO. “Sofri muitas limitações, mas sabia até onde podia ir. Espero que mais pessoas conheçam e que estes eventos aconteçam outras vezes”, disse. Ele ainda estimula que os cidadãos atentem para o gesto solidário de doar. “A doação voluntária de sangue não dói. Uma só pessoa pode salvar muitas vidas. Não falta para quem doa e ajuda outras pessoas. É um ato de amor”, completa.

Dados - A DF é uma das doenças hereditárias mais comuns no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, todos os anos 3,5 mil crianças brasileiras nascem com a patologia, e outras 200 mil com o traço falciforme. A doença é mais comum na população afrodescendente. Para diagnosticar a doença, o principal exame na fase neonatal é o teste do pezinho. Oferecido pela Rede Básica de Saúde, tem a necessidade de realização a partir do terceiro ao sétimo dia de vida. Acima de seis meses de idade, o diagnóstico é feito pelo exame de eletroforese de hemoglobina, disponível também no SUS.

Os principais sintomas são: anemia crônica, icterícia (cor amarelada na parte branca dos olhos), mãos e pés inchados, dor nos punhos e tornozelos (frequente até os 2 anos de idade) e crises de dores em músculos, ossos e articulações. Quando as crises de dor são frequentes, é necessário acompanhamento médico.

O ambulatório de pacientes funciona na sede da Fundação Hemopa, na travessa Padre Eutíquio, 2.109, em Batista Campos, de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h. Mais informações pelo Alô Hemopa: 0800-2808118.

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