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Sespa prossegue com campanha “Julho Amarelo” na Santa Casa

Por Redação - Agência PA (SECOM)
13/07/2015 16h05

Como parte da campanha que marca o mês de intensificação da prevenção e controle das hepatites virais, “Julho Amarelo”, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) oferecerá nesta terça, 14, e quarta-feira, 15, testagens para os tipos B e C da doença na pracinha central do prédio centenário da Fundação Santa Casa de Misericórdia, em Belém. A mobilização terá o apoio da Liga de Hepatologia e dos membros do Fórum Estadual de ONGS/Aids, além da presença de Nilton Gomes, consultor técnico da Coordenação Nacional de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Na quarta-feira, 15, a Sespa estará apoiando ainda o Grupo Homossexual do Pará (GHP) no lançamento do projeto “Hepatites Virais. Descubra”, que acontecerá no auditório do Palácio Antonio Lemos, sede da Prefeitura de Belém, a partir das 17 horas.

Lançada pela Sespa em 22 de maio deste ano, durante seminário alusivo aos 50 anos de descobrimento do vírus B da hepatite, a campanha “Julho Amarelo” já realizou 1.863 testes, entre locais específicos da capital e nos Centros de Testagens e Aconselhamento (CTAS) do interior, por meio de uma parceria entre a Coordenação Estadual de Hepatites Virais da Sespa e integrantes de entidades da sociedade civil que atuam em prol da comunidade LGBT - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros. Essa parceria rendeu ainda o projeto “Hepatites Virais. Descubra”, cujo roteiro de programação abrangerá visitas a saunas, boates, cinemas de pegação, salões de beleza, esmalterias, estúdios de tatuagem e piercing, terreiros de matriz africana e em escolas publicas, tanto na capital como nos municipios de Soure, Salvaterra, Joanes e no distrito de Mosqueiro. Para o projeto, a Sespa providenciou farto material informativo, como fôlderes, cartazes e banners, e 30 mil preservativos.

Segundo a coordenadora estadual de Hepatites Virais, Cisalpina Cantão, essas iniciativas fazem parte de uma série de eventos que acontecerão até o Dia Mundial de Combate às Hepatites, a ser lembrado em 28 de julho. “Com isso, pretendemos alcançar a meta de 15 mil testes realizados, o que corresponde ao quantitativo de insumos reservados para o ‘Julho Amarelo’, cuja cor é associada ao aspecto predominante do paciente com a doença, sobretudo a do tipo A, considerada a mais comum”, explica.

Cisalpina ressalta, ainda, que a campanha começou já em junho, quando uma parceria entre Sespa e Paravidda realizou uma sequência de abordagens em locais de bastante frequência pública, como a Feira do Açaí, Porto do Sal, Complexo do Ver-o-Peso, Feira do Paar, Complexo de São Brás, feiras da Pedreira, do Barreiro, de São Brás, do Guamá, do Jurunas e do Entroncamento, além do Centro Comercial de Belém e das praças da República e Batista Campos.

A partir do mesmo período, os CTAS de Santarém, Marabá, Abaetetuba, Barcarena, Belém, Parauapebas, Bragança e Cametá receberam, cada um, reforço da Sespa de mais 800 testes rápidos para intensificar a campanha, que prossegue até o dia 28 de julho. Entre maio e junho, equipes da coordenação realizaram testagens para o tipo C nos municípios de Moju, Santa Rita e Bujaru; no posto da Polícia Rodoviária Federal, em Paragominas; no projeto “Ação Global”, em Ananindeua e em Belém, na boate Fuxico, na Paróquia São Francisco Xavier, na Universidade do Estado do Pará (Uepa), na Escola Paulo Fonteles, no Centro Integrado de Inclusão e Cidadania (CIIC), na Praça Batista Campos e no quartel central do Corpo de Bombeiros.

Outra frente da campanha tem ocorrido desde o dia 2 de julho, quando o reforço para a realização dos testes rápidos para o tipo C também foi enviado para as secretarias de Saúde de Acará, Igarapé-Miri, Viseu, Augusto Corrêa, Baião, Salinópolis, Peixe-Boi, Soure e Salvaterra. 

Segundo Cisalpina, a campanha “Julho Amarelo” representa um esforço da saúde pública em combater o sub-registro de casos e ampliar o acesso à testagem e ao diagnóstico precoce, por meio do estímulo à vacinação contra o tipo B – ofertada gratuitamente pelo SUS a toda população até 49 anos – e na ampliação da assistência e do tratamento dos tipos mais perigosos: B e C. “Por ser uma doença silenciosa, nosso foco tem sido a busca ativa por pessoas que não sabem que têm os vírus e precisam logo se tratar para não serem surpreendidas com as consequências de um diagnóstico tardio, como uma cirrose ou câncer de fígado, e também que não transmitam a doença a outras pessoas”, explica.

Números - Devido o estímulo progressivo ao diagnóstico precoce, os casos de hepatite têm aumentado no Pará. Entre 2007 e 2014 foram confirmados 2.211 casos do tipo B e outras 871 ocorrências da forma C. Só no ano passado, surgiram 242 casos de hepatite B, além de 91 do tipo C. De janeiro deste ano até o momento já foram diagnosticados 304 pessoas com hepatites, das quais 148 com o tipo A; 103 com o vírus B e outras 53 para a tipagem C. Os números já incluem o quantitativo de pessoas diagnosticas no período da campanha “Julho Amarelo”. A estimativa do Ministério da Saúde é que no Brasil 800 mil pessoas estejam infectadas pelo vírus B e 1,5 milhão de pessoas pela hepatite C. Da infecção até a fase da cirrose hepática, pode levar de 20 a 30 anos, em média, sem nenhum sintoma.

“Posso dizer que o Pará é o Estado do Brasil que mais tem feito testagens para hepatites e, para isso, tivemos o apoio do Ministério da Saúde, que foi fundamental nesse processo, e das equipes da gestão estadual, por abraçarem essa causa. É importante ressaltar que a hepatite C é a principal causa de indicação de transplante no país e no Pará. A do tipo D, conhecida como Delta, é mais comum no oeste paraense, caracterizada pela evolução para cirrose e câncer no fígado”, destaca a médica hepatologista Márcia Iasi.

Ela acompanha 362 pacientes – sendo 112 portadores do tipo B e outros 250 do tipo C - que atualmente passam por tratamento na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, referência estadual em doenças do fígado, que desde o final de maio deste ano passou a realizar exames para detecção da presença de fibrose no fígado em pacientes com hepatites B e C por meio do Fibroscan, equipamento que realiza a elastografia hepática (ET), que dispensa o corte e a perfuração no órgão e possibilita ao médico acesso ao diagnóstico a partir de dez minutos. Desde então, 92 pacientes já foram beneficiados pelo procedimento.

Foco na comunidade LGBT

Além das testagens na Santa Casa, a Sespa apoiará as ações do projeto “Hepatites Virais. Descubra”, que acontecerão bem além do lançamento, conforme o roteiro a seguir: de 16 a 19 de julho, campanha nos municípios de Soure, Salvaterra e Joanes; de 20 a 22 de julho, com visita e campanha em locais de frequência LGBT em Belém, como saunas, cinemas e locais de prostituição masculina e feminina; de 23 a 26 de julho, durante as mobilizações em torno da Parada do Orgulho LGBT de Mosqueiro, que ocorrerá no domingo (26); de 30 de julho a 2 de agosto, com campanha em Santa Izabel e nos balneários de Porto de Minas e Caraparú; de 6 a 7 de agosto nos terreiros da população de religião de matriz africana, esmalterias e em estúdios de tatuagem e piercing, e 9 de agosto no espaço cultural Fuxico. Segundo Eduardo Benigno, coordenador executivo do GHP, é a primeira Vez que uma Ong LGBT escreve um projeto pioneiro no Brasil de prevenção e diagnóstico das Hepatites Virais B e C voltado para essa comunidade. “Segundo dados do Ministério da Saúde, são mais vulneráveis para essa epidemia”, explica.

O projeto é uma realização do GHP e tem a parceria da Sespa, por meio da Coordenação Estadual de Hepatites Virais; Prefeitura Municipal de Belém, por meio da Coordenação Municipal de DST/HIV/AIDS e Hepatites Virais e apoio institucional do Forúm paraense de ONG Aids e Hepatites Virais, ABGLT – Associação Brasileira LGBT e Movimento LGBT do Pará.