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Exposição traz miniaturas das cidades ribeirinhas em papel

Por Redação - Agência PA (SECOM)
16/10/2017 00h00

Aberta até o dia 20 deste mês, no Museu do Forte do Presépio, a exposição “Paisagismo ribeirinho em miniatura” destaca as habitações que povoam as margens dos rios da região amazônica. Coordenada pelo artista plástico Saint Clair Dias, um dos educadores do Forte do Presépio que participa do projeto “Educação no Forte”, a mostra é composta por cinco peças (suportes) contendo 17 objetos miniaturizados. Segundo os autores, todo o conjunto de miniaturas ficou pronto em 30 dias.

Samuel Sóstenes, diretor do Forte do Presépio, diz que “a mostra é muito importante, porque está montada de acordo com a realidade das comunidades ribeirinhas. Um olhar poético sobre este modus vivendi. Com base filosófica centrada na ‘Poética do Espaço’, de Gaston Bachelard, a equipe de educadores do Forte do Presépio estabeleceu uma relação com a morada daquelas comunidades que, eventualmente, utilizam figuras coloridas para revestir paredes e encobrir frestas”.

A inspiração em Bachelard busca mostrar os espaços felizes, como pode ser as casas. O filósofo francês, falecido em 1962, defende que a casa é o espaço do nosso ser íntimo e transcende a morada física, que segundo Saint Clair juntou-se a outro conceito de um movimento vanguardistas que surgiu na Itália e se espalhou pelo mundo: “A produção se enquadra na linha da Arte Povera, por se apropriar das publicações destinadas ao lixo, por já terem esgotado seus prazos de validade”, explica o coordenador da exposição e acrescenta: “É importante ressaltar que essas maquetes foram feitas com papel dos livros didáticos que iriam ser descartados”.

A Arte Povera, que significa “Arte Pobre”, surgiu na Itália, em 1967. O termo foi criado pelo historiador e crítico italiano Germano Celant, no catálogo da exposição “Arte Povera – InSpazio”, realizada em Veneza. O movimento era uma reação crítica à sociedade de consumo, ao capitalismo e aos processos industriais e questionava o valor da arte. As criações desse movimento foram representadas principalmente na pintura, escultura, instalações e performances.

As instalações da exposição “Paisagismo ribeirinho em miniatura” seguem também o conceito de arte cinética, pela utilização de mecanismos para simular a dinâmica dos carrosséis nas festas de arraial dessas comunidades. O motor usado nas peças cria o giro completo, lentamente, para mostrar a arquitetura das comunidades ribeirinhas, lembrando cidades flutuantes, em 360 graus.

O papel é a matéria-prima da exposição. Mais de 100 peças foram confeccionadas para construção das comunidades ribeirinhas, formadas por casas, igrejas e o comércio, entre outros elementos dessas pequenas cidades imaginárias. A produção, executada por oito pessoas, educadores do Forte do Presépio, utiliza o conceito de arte cinética, pela utilização de mecanismos para simular a dinâmica dos carrosséis nas festas de arraial daquelas comunidades.

A mostra do Forte do Presépio foi concebida a partir do trabalho feito pela equipe de arte-educadores do museu com estudantes ribeirinhos que frequentam a Escola Estadual Gonçalo Duarte, localizada no bairro do Jurunas, zona urbana de Belém. “Nós trabalhamos com 27 alunos da escola o tema ‘Casa como morada dos meus sonhos’, que resultou numa exposição na escola e que não saiu desse espaço”, conta Saint Clair que, depois dessa experiência, levou a ideia para o grupo de arte-educação que atua no museu, formado por quatro profissionais e dois estagiários, e em um mês, antes do Círio, montaram as maquetes da exposição de miniaturas.

A ideia da exposição, ambientada na área do paisagismo do Forte do Presépio, sob as árvores de Ipê, estabelece uma analogia ao período da quadra nazarena. Detalhes diretamente evidentes no lado lúdico das festividades do Círio de Nazaré despontam como fator de destaque na exposição.

Serviço:
Exposição “Paisagismo ribeirinho em miniatura”, até 20/10, das 10h às 13h, com curadoria do artista plástico Saint Clair Dias e mediação dos educadores do Museu do Forte do Presépio.