Com Emater, mulheres artesãs de Óbidos produzem árvores-de-natal e presépios
Feitos com matéria prima genuinamente amazônica, recolhida de forma sustentável dos rios e florestas, as peças são uma alternativa de renda
Presépios e árvores-de-natal confeccionados com matéria-prima genuinamente amazônica, recolhida de forma sustentável dos rios e florestas, são uma alternativa de presente e de decoração das boas festas em Óbidos, no Baixo Amazonas.
Sob a assinatura de mulheres da comunidade Sucuriju, no km 06 da Estrada do Curumu, o artesanato agroecológico é uma atividade, apoiada de forma direta pelo Governo do Pará, por meio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater).
O objetivo é a diversificação de trabalho e renda às tradições de cultivo e beneficiamento de mandioca e de pesca artesanal de espécies como dourada e sarda no Lago do Suricuju e no Rio Amazonas.
O grupo “Natureza em Mãos Mágicas” reúne 12 famílias que utilizam pau, pedra, semente, galho e folha de variedades de açaí e capim-rosário (planta conhecida como “lágrimas de Nossa Senhora”), entre outros elementos da natureza, para compor peças exclusivas de motivo e estética campesinos. Árvores-de-natal, por exemplo, podem ser a palmeira de bacaba esqueletizada e os presépios exibem passarinhos da fauna típica, tais quais bem-te-vi rajado e iraúna-grande.
Os itens são comercializados sem atravessadores em feiras temáticas no município. A última edição do ano será, nesta terça-feira (23), na Praça do Sesc Centenário, no Centro, de 18h às 21h, com acesso livre.
Para a chefe do escritório local da Emater em Óbidos, a assistente social Clélia Helena Guerreiro, especialista em Filosofia, o papel da Emater integraliza a cadeia produtiva: “Participamos de todo o processo: o acompanhamento da Emater é científico, sociocultural, financeiro - o que ampara todos os agentes e todas as etapas, das origens ao consumo. No significado da Emater, a produção não é o fato em si, esporádico, mas o serviço continuado, histórico e consolidado. Nós nos preocupamos, além disso, em apoiar essas famílias na gestão dos negócios, no que diz respeito à aplicação dos recursos, à contabilidade e à visão de futuro”, resume.
A questão do gênero, ainda, exige políticas públicas e abordagem particularizadas, conforme a Gestora: “Até nossa convivência no dia a dia, na rotina, embora informal, não deixa de ser oficial: ali, reforçamos informações importantes, de direitos femininos e feministas, e fortalecemos o propósito de autonomia, empoderamento e independência econômica e intelectual”, sublinha.
Incentivo
De novembro a dezembro, cinco mulheres do grupo, consideradas em situação de pobreza, receberam, via Emater, recurso no valor de R$ 4 mil e 600, em duas parcelas, do Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais (Fomento Rural).
Uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o Fomento Rural patrocina empreendimentos da agricultura familiar, sem que os beneficiários precisem pagar nada de volta.
Com o dinheiro, as artesãs adquiriram insumos, e também estão investindo na construção de um ateliê e loja dentro da Comunidade, em substituição ao espaço atual, um barracão de madeira e palha, de 25 m².
O projeto do novo espaço, em um terreno doado de cerca de 300 m², mantém um diferencial já existente no barracão: uma área kids, onde, nas férias ou nos turnos fora do período escolar, os filhos crianças descansam, brincam e até fazem o próprio artesanato, supervisionados pelos pais e pelos especialistas da Emater. Os produtos de autoria infantil também se encontram disponíveis para venda.
Texto de Aline Miranda
