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INTERCÂMBIO CIENTÍFICO

Profissionais de Luanda iniciam imersão no Mangal das Garças e fortalecem cooperação científica entre Belém e Angola

A aproximação entre as instituições começou com o interesse angolano em conhecer o trabalho do borboletário da Reserva José Márcio Ayres, espaço que transformou o Mangal em referência nacional em borboletas amazônicas

Por Fernanda Scaramuzini (Pará 2000)
05/12/2025 14h59
O biólogo Basílio Guerreiro conduz a imersão dos pesquisadores nos processos de manejo, pesquisa e educação ambiental desenvolvidos no parque

O Parque Zoobotânico Mangal das Garças recebe, ao longo das próximas duas semanas, dois profissionais do Centro de Ciência de Luanda, capital de Angola, para uma imersão completa nos processos de manejo, pesquisa e educação ambiental desenvolvidos no parque. A vinda deles marca mais um capítulo de uma parceria que começou oficialmente em 2024 e que vem se consolidando como um intercâmbio científico de referência entre Belém e Angola.

A aproximação entre as instituições começou com o interesse angolano em conhecer o trabalho do borboletário da Reserva José Márcio Ayres, espaço que transformou o Mangal em referência nacional em reprodução e manejo de borboletas amazônicas. Foi também a partir de uma visita técnica do biólogo Basílio Guerreiro, que identificou o potencial de cooperação e passou a apoiar diretamente a reestruturação do borboletário de Luanda.

Desde então, a troca tem sido intensa. Basílio esteve em Angola mais de dez vezes, especialmente em 2024, quando o borboletário angolano ainda enfrentava uma série de desafios que iam desde pragas no ambiente até a falta de plantas adequadas para alimentação das lagartas. “Foi preciso começar do zero, adaptar o espaço, testar espécies, acompanhar cada fase da criação. Algumas borboletas não aceitavam de imediato o manejo em cativeiro, então tivemos que insistir, observar o comportamento, ajustar técnicas e esperar que as próximas gerações se adaptassem”, relembra.

O trabalho gerou frutos. Em pouco mais de um ano, o borboletário de Luanda passou a operar de forma contínua, com rotinas de laboratório, manejo, recepção de visitantes e ações de educação ambiental inspiradas diretamente no modelo do Mangal.

Ex-estagiária do Mangal, a bióloga Ana Beatriz Sousa hoje integra oficialmente a equipe angolana

A ida da ex-estagiária do parque, a bióloga Ana Beatriz Sousa, que hoje integra oficialmente a equipe angolana, foi decisiva para consolidar os métodos e acompanhar a equipe local durante a última etapa da implantação. Para ela, a experiência tem sido muito além de um desafio profissional. 

“O Mangal me deu uma base sólida no manejo e no entendimento do ciclo de vida das borboletas. Em Angola encontrei espécies diferentes, um ambiente totalmente novo e precisei adaptar protocolos, revisar técnicas e estudar tudo novamente. A experiência no Mangal me deu a base, e Angola está me dando a expansão de tudo”, afirma Ana Beatriz. 

Agora, com a vinda dos profissionais a Belém, a parceria entra em um novo momento. Logo na chegada, eles acompanharam o atendimento ao público e observaram como as borboletas se comportam no ambiente do borboletário. Atualmente participam de treinamentos e vivências diárias no laboratório de metamorfose, onde é possível acompanhar tudo de perto, desde os ovos recém-coletados até a soltura das borboletas já adultas.

Neuma Matos, bióloga e pesquisadora do Centro de Ciência de Luanda, em Angola

A experiência, para a equipe de Luanda, tem sido transformadora. Neuma Matos, bióloga e pesquisadora, destaca o impacto de observar in loco o modelo que inspirou o trabalho em Angola. “Tudo o que aprendemos e aplicamos em Luanda estamos agora vivendo aqui, no lugar onde tudo começou. A dinâmica é muito parecida, mas aqui é tudo maior, mais espécies, mais lagartas, maior demanda. A experiência está sendo muito boa. Já estamos com várias ideias para levar de volta”, conta.

Dorival Constantino, auxiliar no borboletário angolano

Dorival Constantino, auxiliar no borboletário angolano, reforça a importância da imersão. “O Mangal é incrível. Nosso centro é menor e mais restrito, mas a rotina é parecida. Estamos aprendendo técnicas novas de manejo de lagartas, ovos e borboletas, e com certeza vamos aplicar tudo em Luanda.”

Para Basílio, a visita simboliza o fechamento de um ciclo e o início de outro. “Tudo o que eu explicava lá parecia distante. Agora eles estão vendo, tocando, vivenciando cada etapa. Essa vinda é o corte do cordão umbilical. Eles voltam mais preparados para conduzir o borboletário sozinhos, adaptando o que aprenderam à realidade angolana.”

Os pesquisadores permanecem em Belém até a próxima semana, acompanhando de perto todas as etapas da rotina do Mangal das Garças. O Parque Zoobotânico Mangal das Garças é administrado pela Organização Social Pará 2000, por meio da Secretaria de Estado de Turismo e Governo do Pará. 

Serviço
Mangal das Garças - Entrada gratuita
- Localização: Rua Carneiro da Rocha, s/n - Cidade Velha, Belém - PA
- Funcionamento: Terça a Domingo, de 8h às 18h. Fechado às segundas para manutenção semanal.

Texto: Beatriz Santos/Ascom OS Pará 2000