Pará consolida Plano Amazônia Agora e se projeta como referência na transição para a economia de baixo carbono
Representantes do governo detalharam a evolução das ações de combate ao desmatamento e o fortalecimento de alternativas econômicas de baixo carbono que hoje colocam o Pará no centro das discussões climáticas internacionais
Em mais um painel de destaque no Pavilhão Pará, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) apresentou, no sábado (15), na Green Zone da COP30, a trajetória de duas décadas de políticas ambientais que culminaram nos resultados robustos do Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA).
Da pressão internacional ao fortalecimento das políticas estaduais
A abertura do painel ficou a cargo da técnica da Semas, Nívea Pereira, que resgatou a linha histórica que moldou a atual governança ambiental do Estado. Ela lembrou que o processo começou ainda no início dos anos 2000, impulsionado pelas pressões globais diante do avanço do desmatamento na Amazônia.
“Tudo começou na Rio-92, quando foi criado o primeiro acordo internacional sobre redução de emissões. Foi ali que surgiu o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas - todos devem agir, mas quem poluiu mais e tem mais recursos deve fazer mais e apoiar os demais”, explicou.
Nívea destacou ainda que, com o lançamento do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), em 2004, o governo federal estabeleceu a meta de reduzir em 80% o desmatamento ilegal até 2020. “E em 2009 o Pará cria o PPCAD, o plano estadual adaptado às especificidades locais. Ele teve total sucesso, sua implementação levou a uma queda drástica no desmatamento”, afirmou.
Resultados expressivos impulsionam metas mais ousadas
A partir de 2019, o Pará enfrentou um aumento de 52% na taxa de desmatamento, um cenário que exigiu respostas imediatas. Intensificação do monitoramento com dados oficiais, reforço da fiscalização e estímulo a alternativas econômicas sustentáveis se tornaram pilares da reação estadual.
A assessora técnica da Semas, Andréa Coelho, relembrou a virada desse processo: “Chegamos a um momento tão crítico que comemorávamos cair de um aumento de 52% para 17%. Depois, 7%. Em seguida vieram as quedas expressivas: 21% em 2022, 21% em 2023, 27% em 2024 e agora 12% em 2025. A perspectiva é muito boa”.
Segundo Andréa, o PEAA inovou ao ir além do comando e controle, incorporando instrumentos econômicos como REDD+, PSA, bioeconomia e restauração da vegetação nativa. “O plano trouxe alternativas ao desmatamento. Não é só reduzir hoje, mas construir uma economia de baixo carbono baseada na floresta. A bioeconomia amazônica é diferente da europeia, aqui é a bioeconomia da floresta, e estamos aprendendo e avançando”, enfatizou.
Os resultados positivos permitiram ao Estado antecipar suas metas. O PEAA, lançado em 2020 com objetivo de reduzir 43% das emissões até 2036, teve o prazo encurtado para 2030. “E os dados mostram que já estamos abaixo da taxa máxima de desmatamento prevista para 2030, mesmo em 2025”, destacou.
A restauração, por meio da manutenção e ampliação de áreas de vegetação natural, integra outro eixo essencial. Para isso, o monitoramento da vegetação secundária ganha protagonismo. “O Brasil sempre foi referência em monitorar floresta primária. Agora, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e a Semas lançaram o primeiro sistema nacional dedicado à vegetação secundária. Isso é fundamental para consolidar metas e ampliar a conservação além do sequestro de carbono”, acrescentou Andréa.
PEAA se consolida como política de Estado
As painelistas encerraram o encontro enfatizando que o PEAA hoje se sustenta como política de Estado, baseada em diretrizes claras, monitoramento contínuo e integração entre mitigação e desenvolvimento sustentável. O plano tem sido reconhecido internacionalmente como uma das estratégias mais consistentes de redução de emissões e de construção de uma economia de baixo carbono na Amazônia.
O painel reforçou o compromisso do Pará com a agenda climática global e evidenciou que o Estado avança com estratégia, governança e resultados concretos — consolidando-se como referência no enfrentamento ao desmatamento e na construção de novas economias sustentáveis.
Texto: Lucas Maciel – Ascom Semas
