Fórum Internacional da Agricultura Familiar reuniu 1,2 mil pessoas na discussão de soluções sustentáveis para a produção na floresta
Trabalhadores do campo chegaram em caravanas de todo o Pará e lotaram auditório nos cinco dias de programação no espaço Agrizone
O lançamento do livro ‘Assistência Técnica e Extensão Rural no Pará – Um panorama da realidade’ encerrou a programação do Fórum Internacional da Agricultura Familiar no Pará na noite de segunda-feira (17), após cinco dias de intensas atividades com 70 painelistas e participantes de 11 nacionalidades. O evento reuniu pesquisadores, gestores públicos, parlamentares, organizações nacionais e internacionais que dialogaram diretamente com os trabalhadores do campo sobre soluções sustentáveis para práticas produtivas e preservação da floresta. Os encontros ocorreram na Agrizone, espaço localizado na Embrapa e parte da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP30).
Entre os principais temas dos 14 debatidos na programação, estiveram transição climática, restauração de áreas degradadas, regularização fundiária, financiamento e assistência técnica rural. Representantes de diversos órgãos estaduais participaram das discussões e apresentaram as políticas públicas e instrumentos desenvolvidos pelo Governo do Pará, em várias frentes, para apoiar as famílias de trabalhadores da agricultura familiar e comunidades tradicionais, especialmente, no enfrentamento dos efeitos da crise climática.
“Não é só um discurso. O Governo do Estado tem uma política de adaptação à mudança climática. O Estado tem um plano de ação chamado Plano Amazônia Agora (PAA), que tem quase 20 instrumentos para fazer essas políticas acontecerem”, declarou o titular da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), Cássio Pereira, que reforçou a orientação do governador Helder Barbalho de construção de um novo modelo de desenvolvimento rural pautado na floresta viva, produção com agrofloresta. Ele destacou iniciativas como o programa de produção de baixo carbono, programa de pagamento por serviços ambientais, programa de pecuária sustentável e outras ações que contemplam apoio aos pequenos produtores e cuidados com o meio ambiente.
Juliana Machado veio de uma comunidade rural de Igarapé-Miri para participar do fórum já com a intenção de levar novos conhecimentos para aperfeiçoar o trabalho rural. “Eu vim aprender, aprender para repassar para o povo, para cuidar do nosso rio. Sem a floresta a gente não tem nada”, disse a agricultura, que atua na produção do açaí e também na pesca e artesanato
Na segunda-feira, a diretora do Sustaining Cultures, da Austrália, Karla Nunes Penna, e a representante da Fundação Mae Fah Luang, Ann Supatchaya, da Tailândia, participaram do painel 'Experiências locais de regularização fundiária para promoção do desenvolvimento sustentável'. Elas relataram experiências de comunidades resilientes que conseguiram superar dificuldades, restaurar, produzir e preservar o meio ambiente na Tailândia e na Austrália. O debate teve a participação do presidente do Iterpa Bruno Kono que falou sobre o avanço do trabalho de regularização fundiária no Pará para garantir segurança jurídica e possibilitar acesso a serviços essenciais, programas de financiamento e outros benefícios.
Aplicativo - Ainda durante o fórum, os participantes conheceram o Ater Paid'Égua, aplicativo desenvolvido pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) para fornecer Assistência Técnica Extensão Rural (Ater) virtual a agricultores familiares em áreas de difícil acesso. A iniciativa tem apoio do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). O sistema abriga o cadastro de produtores, permite consultas rápidas e geração de apoio, agendamento de visitas e verificações de status, entre outros serviços para facilitar o atendimento da população do campo.
Livro – Outro instrumento importante apresentado no fórum foi o livro ‘Assistência Técnica e Extensão Rural no Pará – Um panorama da realidade’, que compõe um mapeamento da situação da agricultura familiar no Pará, a partir da identificação e acesso a base de dados de mais de 400 instituições ligadas aos trabalhadores do campo. O levantamento servirá de base para a construção do Sistema Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural.
Durante os cinco dias de programação, projetos de energia solar, qualificação de mulheres do campo, conectividade, formação de mão de obra, mobilização social e assessoria técnica também foram apresentados no fórum, com resultados positivos em comunidades tradicionais e áreas remotas. A partir desse conhecimento compartilhado, a expectativa é integrar esforços com institutos de pesquisa, organizações sociais e parcerias com empresas e instituições nacionais e internacionais para ampliar esse tipo de iniciativa que garante o desenvolvimento econômico sustentável dentro da floresta.
O Fórum Internacional da Agricultura Familiar é uma realização do Ipam, Seaf e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), com os parceiros institucionais Hydro, Fetragri, Fetraf, CNS, Malungu, Adepara e Emater. O evento também teve apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS), Cooperação Alemã no Brasil, GIZ, Natura, Symrise, Embrapa, Mapa, MDA e Governo do Brasil.
