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Grito dos Manguezais ecoa na COP30 e reforça anseio por Justiça Climática

No Pavilhão Pará, lideranças de territórios costeiros, pesquisadores e representantes institucionais reforçam que a proteção dos manguezais depende do reconhecimento das populações que vivem e cuidam desse ecossistema.

Por Jamille Leão (SEMAS)
17/11/2025 09h51
Na COP 30, em Belém, o público prestigiou o painel 'Nosso Mangue Tem Valor com Gente – Importância dos Manguezais'

A força dos territórios amazônicos marcou o painel “Nosso Mangue Tem Valor com Gente – Importância dos Manguezais Amazônicos e Comunidades no Enfrentamento da Crise Climática”, realizado, no sábado (15), na Sala Miritizeiro, na Green Zone – Pavilhão Pará, durante a COP30. O encontro reuniu lideranças comunitárias, pesquisadores e representantes de organizações que atuam na defesa dos manguezais, ressaltando a urgência de políticas públicas e reconhecimento social para quem vive nessas áreas.

Presente no painel como ouvinte, o secretário adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Semas (SAGRA), Rodolpho Zahluth Bastos, destacou que os manguezais são um dos ecossistemas mais estratégicos da Amazônia para mitigação climática e segurança alimentar, reforçando o compromisso do Governo do Pará com ações de conservação aliadas ao protagonismo comunitário.

“O impacto que esperamos com a preservação dos mangues envolve inclusão socioprodutiva, conservação dos manguezais, agregação de valor na comercialização e apoio à cadeia produtiva presente nesse ecossistema. É uma iniciativa que visa reforçar, reconhecer e valorizar práticas e saberes tradicionais, além da tecnologia social para manejo dos recursos naturais, alinhando-se com políticas públicas de gestão costeira, ambiental e territorial”, enfatiza o secretário adjunto.

Comunidades como guardiãs do mangue

A diretora de manejo e desenvolvimento do Instituto Mamirauá, Dávila Corrêa, abriu o debate lembrando que a defesa dos manguezais nasce da experiência cotidiana das populações costeiras.

“O nosso grito fala de todos os manguezais. A gente precisa falar de todas as famílias que vivem aqui. Nós estamos tentando preservar o que a gente tem e cuidar cada vez mais, porque quem está mais vulnerável são as famílias que estão e vivem do mangue”, afirmou Dávila.

A luta por justiça climática nasce de uma realidade marcada por transformações nos modos de vida, de retorno da natureza, nas variações de maré, nas mudanças dos períodos de defeso do caranguejo, reforçam a luta por justiça climática.

Dávila também reforçou o papel das redes de mulheres e juventudes na condução das transformações: “É muito importante ver esse conjunto de mulheres, jovens e lideranças de base representando nossos territórios. A Rede de Juventude Cuíra cresce nos manguezais, e a Rede Mães do Mangue reúne mais de 800 mulheres e 48 grupos nas comunidades, fazendo um trabalho belíssimo de organização e fortalecimento.”

Mangue é floresta, é vida e depende de políticas públicas

Representando a Reserva Extrativista de Soure, Paulo Torres reforçou que os manguezais precisam ser reconhecidos como parte essencial das florestas amazônicas. “O nosso Mangue tem valor. Participei de um evento em que disseram que Mangue não era floresta — isso mostra a desinformação. O Mangue é floresta, sim, e precisa ser preservado e conservado. E ele só fica em pé se a base dele, que somos nós, também estivermos em pé.”

Paulo lembrou que a vida de milhares de famílias depende diretamente desse ecossistema. “O Mangue existe porque tem gente que cuida dele, e nosso povo existe porque tem um Mangue que precisa ser preservado, visto e necessita continuar sendo farto.”

Tecnologias sociais e protagonismo da base

A coordenadora da Rede Mães do Mangue, Renilde Piedade, emocionou o público ao reforçar que o centro da transformação climática está na base comunitária.

“É muito simbólico estar na margem — mas na margem positiva — porque o protagonismo é da população que vive esses espaços. Vocês são um grande movimento inspirador no Brasil. A força vem das comunidades, das bases e dos territórios que sustentam a Amazônia.”

As comunidades tradicionais produzem tecnologias sociais vitais para a adaptação climática. Tecnologia social é a tecnologia que nasce da base, com as pessoas, com os territórios e com a natureza no centro da solução. O Grito do Mangue é um exemplo disso: uma solução criada pelos próprios territórios.

“As organizações parceiras caminham ao lado das comunidades, não acima delas. Chegamos com o espírito de ouvir o que os territórios já constroem e de caminhar junto com as cadeias produtivas e práticas de manejo. É um movimento forte, bonito e essencial para o Brasil.”, finalizou Renilde.

Marcha Grito dos Manguezais

A marcha foi um momento simbólico, próximo ao monumento do Banco da Paz, inaugurado na última segunda-feira (10), localizado no térreo do Pavilhão Pará na Green Zone, entregue como legado simbólico da sustentabilidade.

O espaço ficará como legado permanente para Belém, cidade-sede da COP30, convidando a população a pensar conjuntamente no futuro do planeta enquanto agentes transformadores do meio ambiente. A representatividade do espaço dá sustentação aos debates e ao “grito” das pessoas que tem suas vidas no mangue.

A Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (SEMAS) trabalha para fortalecer políticas ambientais que reconheçam o valor dos ecossistemas costeiros e das comunidades extrativistas. A integração entre conservação e justiça climática passa, necessariamente, pelo fortalecimento das populações tradicionais como protagonistas na gestão do território, da preservação, perpetuação e manutenção de suas raízes.

Texto de Lucas Maciel / Ascom Semas