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“Vem Passarinhar” leva ciência cidadã ao Parque do Utinga na COP30

Ao todo, os participantes avistaram aproximadamente 59 espécies, que revelam a vitalidade dos ecossistemas do entorno dos lagos Bolonha e Água Preta

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
16/11/2025 09h36

Ainda eram 6h quando grupos começaram a se reunir diante do Centro de Acolhimento do Parque Estadual do Utinga, em Belém. Em silêncio atento, mas com olhos curiosos, brasileiros de diferentes regiões e visitantes de países como Estados Unidos, Bélgica e Nova Zelândia aguardavam o início do Vem Passarinhar na COP30, edição especial promovida pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) e pelo Clube de Observação de Aves do Pará (Coapa). O amanhecer amazônico, com seus sons e movimentos próprios, parecia anunciar que aquele sábado (15) seria de descobertas e de celebração da biodiversidade urbana.

A caminhada, que se estendeu por cerca de quatro horas ao longo das trilhas do Utinga, mostrou na prática por que o Parque é considerado um dos maiores refúgios de fauna em área urbana no Brasil. Ao todo, os participantes avistaram aproximadamente 59 espécies, que revelam a vitalidade dos ecossistemas do entorno dos lagos Bolonha e Água Preta. Além de encantar, cada registro contribuiu para o monitoramento contínuo da avifauna local, fortalecendo a ciência cidadã e a gestão ambiental do território.

Pluralidade - A diversidade do público chamou atenção. Havia gaúchos, mato-grossenses, paulistas, norte-americanos, neozelandeses, belgas, paraenses e muitas outras origens. Entre iniciantes e observadores experientes, o passarinhar mostrou, mais uma vez, sua força como ferramenta de turismo regenerativo, capaz de movimentar a economia, gerar renda e criar novas relações com a floresta. O clima era de acolhimento e descoberta, com pessoas de todas as idades caminhando lado a lado, unidas pela curiosidade e pelo cuidado com a natureza.

Ao final do percurso, o Coapa organizou uma feira temática que tomou conta do espaço com livros, artesanatos, arte e conversas animadas sobre as espécies observadas. O público também teve acesso, em primeira mão, ao novo vídeo institucional do Clube, apresentado no auditório do Parque. Para o presidente do Coapa, Gustavo Melo, o momento simbolizou o alcance e o amadurecimento do movimento. 

“O Vem Passarinhar na COP30 foi um evento grandioso, fruto da parceria entre o Coapa e o Ideflor-Bio. Reunimos cerca de 50 pessoas de várias regiões do Brasil e de nacionalidades diversas — de Gana, dos EUA, da Holanda — para percorrer o Parque do Utinga em busca da avifauna. Encerramos com exposição de arte, feirinha e o lançamento do nosso vídeo institucional. Foi um dia de celebração e integração”, destacou.

Pertencimento - O gerente da Região Administrativa de Belém do Ideflor-Bio, Júlio Meyer, reforçou que a ação consolida um papel essencial do Parque. “O Utinga é um espaço vivo de educação ambiental, ciência e conexão com a cidade. Ao apoiar eventos como o Vem Passarinhar, o Ideflor-Bio fortalece uma relação de pertencimento e mostra que conservar a biodiversidade é também aproximar as pessoas do cotidiano da floresta”, afirmou.

Entre os participantes, a experiência também deixou marcas de sensibilização. Para Surya, que é mineira, artista nômade e faz parte do Coapa desde o ano passado, e participou da feira com venda de livro e artes de aves, a atividade aprofundou sua percepção sobre o papel da observação de aves. “Um evento dessa importância demonstra a ligação direta entre passarinhar e a conservação ambiental. Observar aves é um movimento de escuta da mata, que conecta pessoas de diferentes idades ao Parque. Isso contribui para o monitoramento das espécies e para entendermos seus comportamentos naturais”, disse. Segundo ela, o momento foi de “aprendizado e conexão prática em um período em que a pauta socioambiental está tão presente em Belém”.

A analista ambiental do Ideflor-Bio, Sabrina Campos, acrescenta que a programação reforçou, ao longo de toda a manhã, que a cultura de observação de aves no Pará vai muito além do lazer. “Ela articula conhecimento, pertencimento, fortalecimento comunitário e proteção dos ecossistemas. Com atividades gratuitas e acessíveis, as passarinhadas ampliam o acesso à natureza e estimulam novos olhares sobre o território urbano, mostrando que a Amazônia também pulsa dentro das cidades”, concluiu.