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Manejo Sustentável entra na agenda de mitigação climática

Segundo especialistas, manejo feito com responsabilidade movimenta a economia, gera emprego e mantém a floresta viva, com valor permanente

Por Jamille Leão (SEMAS)
14/11/2025 23h12

O manejo florestal sustentável esteve no centro do debate na Sala Miritizeiro, no Pavilhão Pará, na programação da COP30 de quinta-feira (13). O painel “Floresta em uso: o manejo florestal sustentável na agenda da mitigação climática” reuniu especialistas que atuam diretamente na pesquisa, no uso e na gestão da floresta amazônica. A mediação foi conduzida por Jessica Cabral, servidora da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas).

Participaram da programação Silvia Silva, engenheira florestal da Aimex (Associação das Industrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará); Gracialda Ferreira, professora da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e especialista em Identificação Botânica, e o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Oriental), Lucas Mazzei, referência em manejo comunitário na região da Reserva Extrativista Verde Para Sempre.

Painel reuniu especialistas que atuam diretamente na pesquisa, no uso e na gestão da floresta amazônica

Floresta em pé - O setor produtivo tem acumulado avanços significativos no uso sustentável da floresta — especialmente por meio da rastreabilidade e de instrumentos de controle que garantem origem legal e transparência. A rastreabilidade começa ainda no inventário florestal, quando cada árvore é identificada, numerada e georreferenciada. A partir desse mapeamento é possível acompanhar toda a trajetória da madeira: quem derrubou a árvore, quando ela virou tora, quando foi arrastada, transportada e, finalmente, processada na serraria.

Segundo Silvia Silva, o controle rígido fortalece a confiança no produto amazônico e reforça a competitividade. Ela ressaltou que a combinação entre rastreabilidade e certificação florestal, ainda que voluntária, agrega valor ao manejo, por exigir critérios sociais, ecológicos e econômicos. “Quando o manejo é feito com responsabilidade, ele movimenta a economia, gera emprego e mantém a floresta viva, justamente porque ela passa a ter valor permanente”, afirmou.

Encerrando o painel, os especialistas concordaram que o manejo florestal sustentável é uma das estratégias mais consistentes para conectar desenvolvimento, conservação e mitigação climática na Amazônia. O modelo mantém árvores em pé, garante regeneração com ciclos legais de 25 a 35 anos, amplia a captura de carbono e fortalece cadeias produtivas sustentáveis, sempre com base na ciência, na participação das comunidades e na qualificação das políticas públicas.

Tecnologia, ciência e risco ecológico - Professora Gracialda Ferreira abordou desafios, riscos e conexões entre tecnologia, ciência e ameaças ecológicas. “Está evidente como o desenvolvimento tecnológico avançou. Mas precisamos trazer esse avanço para dentro do manejo florestal. O setor produtivo precisa entender a importância de internalizar essas tecnologias para garantir sustentabilidade. Assim como o manejo é a tecnologia que nos dá segurança da conservação, também é verdade que pequenos problemas crônicos, como a identificação botânica deficiente, podem colocar grupos de espécies em risco. São questões difíceis, sim, mas inevitáveis de serem enfrentadas e discutidas”, destacou Gracialda Ferreira.

O debate reafirmou que a floresta, quando manejada com critério, conhecimento botânico e tecnologia, continua sendo protagonista na geração de renda e na resposta global às mudanças climáticas.

Texto: Lucas Maciel - Ascom/Semas