No Hospital Oncológico Infantil, a gentileza vira cura e transforma jornadas
No Dia Mundial da Gentileza, ‘Correio da Gratidão’, ‘Elogiados do Mês” e mural com fotos e cartas reuniram manifestações de carinho de usuários, acompanhantes e colaboradores da unidade
A gentileza já foi tema de músicas de artistas como Marisa Monte, Gonzaguinha, Kell Smith e até já ganhou uma data no calendário internacional, o dia 13 de novembro. O Dia Mundial foi instituído formalmente em 2000 e, há cerca de 20 anos, é promovido também em terras brasileiras, por meio da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV). No Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), em Belém, a data foi marcada por elogios, cartas, abraços e muitos gestos simbólicos.
A coordenadora de Humanização da unidade, Natacha Cardoso, conta que a data, idealizada para promover a empatia, o respeito e a generosidade nas relações humanas, adquire especial significado no ambiente hospitalar. “Quando nós trazemos o tema para um ambiente hospitalar, esse dia nos remete à importância da relação baseada em comunicação afetiva, empatia e confiança, essenciais para um tratamento eficaz e uma melhor experiência para todos. O profissional de saúde deve oferecer escuta ativa, respeito e compreensão, considerando as necessidades tanto do paciente quanto de seus familiares", destacou.
Reconhecimento
O “Correio da Gratidão” proporcionou um momento de troca de mensagens carinhosas, agradecimentos e elogios entre pacientes, familiares e colaboradores. Já no “Canto da Experiência”, um mural colocou em exposição algumas das fotos e cartinhas com relatos de pacientes e familiares em gratidão à instituição e aos colaboradores durante o tratamento. Com a interação, houve também o reconhecimento.
“Essas iniciativas fortalecem a relação terapêutica, o atendimento humanizado e os vínculos entre pacientes e profissionais durante o tratamento oncológico, que frequentemente se estende por um longo período. E, isso nos remete também ao acolhimento e outras diretrizes da Política Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde (SUS)", ressaltou Natacha.
A valorização do trabalho e do trabalhador também é uma diretriz fundamental, como destaca Natacha. “Por meio da atuação do Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU) e com o projeto ‘Elogiados do Mês’, há reconhecimento e valorização do profissional", frisou. Um exemplo é o da técnica de enfermagem Camille Santos, que desenvolveu um forte vínculo de amizade com o paciente Luís Vasconcelos, de 13 anos. A mãe do adolescente, a dona de casa Fernanda Nascimento, 34 anos, agradece a atenção e o acolhimento dos profissionais.
“Hoje, por exemplo, recebi um abraço e uma mensagem dizendo ‘estou aqui com você, o que precisar me chame’. Pode parecer pouco, mas isso marca a gente, pois todos nós gostamos de ser bem atendidos e respeitados. Gentileza gera mais gentileza e um ‘bom dia’, ou um ‘muito obrigado’ é importante tanto para quem atende quanto para quem é atendido", destaca Fernanda, que há mais de um ano acompanha o filho em tratamento na unidade.
Homenagens
De acordo com dados do SAU do Oncológico Infantil, foram aplicadas 1.004 pesquisas de satisfação na unidade durante o mês de outubro. A consulta permite que o usuário registre impressões e sugestões sobre o serviço. Dentre essas devolutivas, foram formalizados mais de 140 elogios diretos aos profissionais e setores, e apenas 20 reclamações.
“As reclamações são encaminhadas à diretoria para que sejam dadas as devidas tratativas e todas as mensagens de gratidão são reunidas e divulgadas por meio do projeto ‘Elogiados do Mês’, que leva, na íntegra, a fala, o elogio, o agradecimento do nosso usuário aos profissionais e setores. É muito emocionante, pois essa gratidão é algo que dinheiro algum pode comprar e faz com que o profissional se torne cada vez mais pertencente, feliz e comprometido em promover uma assistência acolhedora, segura, empática”, garantiu Natacha.
O copeiro do Hoiol, Luciano Nunes, coleciona elogios dos usuários. Cada recado é recebido com muito carinho por ele, que, por vezes, se fantasia de super-herói para alegrar a rotina dos pacientes. Para o colaborador, que distribui refeições e sorrisos, gentileza é carinho que se dedica ao próximo sem esperar nada em troca.
“A alegria dos pacientes me emociona e sinto que já estou imerso nessa missão (vestir-se de super-herói para amenizar a rotina de quem está em tratamento contra o câncer). Levar alegria é fazer com que esqueçam, ainda que por instantes, a situação que estão vivenciando por conta da doença. Ouvir de um paciente que sou ‘o melhor tio’ e receber um sorrisão me toca profundamente. A gentileza transforma meus plantões e, se pararmos para pensar, ser gentil é colocar em prática o que Jesus Cristo nos ensinou e amar ao próximo como a nós mesmos", disse.
O psicólogo do Oncológico Infantil, Thiago Pinheiro, garante que a gentileza contribui para a redução do estresse e da ansiedade e fortalece o vínculo terapêutico. “As atitudes gentis, tanto da equipe de saúde quanto da família, exercem um impacto psicológico significativo no tratamento e na recuperação da criança, pois reduzem o estresse, a ansiedade e podem influenciar na percepção da dor. Também influenciam no fortalecimento do vínculo terapêutico, na adesão ao tratamento e na promoção dos recursos de enfrentamento da doença. A gentileza pode ser entendida como uma ‘tecnologia’ de cuidado integrada à linha terapêutica", frisou.
Beatriz Pinheiro é auxiliar de Recursos Humanos no Oncológico Infantil e diz se surpreender pela gentileza e espontaneidade dos pacientes que a presenteiam com desenhos coloridos. As ilustrações cheias de cores e sentimentos já ganharam um cantinho especial. “Recebo cada um (desenho) com muito amor e guardo todos com carinho. A minha parede já se tornou um mural. Eu gosto de olhar e lembrar desses gestos tão gentis e dos abraços deles que melhoram o nosso dia”, disse.
Os gestos reforçam o papel do acolhimento no processo de diagnóstico, tratamento e recuperação das crianças e adolescentes atendidos na unidade. “A experiência do paciente é construída ao longo de toda a sua jornada, da admissão à alta. A celebração dos mais de 370 sinos tocados (o Sino da Vitória é tocado pelo paciente em comemoração à cura) demonstra que estamos no caminho certo. A assistência segura e de qualidade é resultado do trabalho em equipe e essas iniciativas destacam a gestão participativa e cogestão no Oncológico Infantil, que enfatiza a colaboração entre gestores, colaboradores e usuários para que tenhamos um ambiente cada vez mais humanizado”, concluiu a diretora-geral do Hoiol, Sara Castro.
Serviço:
Credenciado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo é referência na região Norte no diagnóstico e tratamento especializado do câncer infantojuvenil, na faixa etária de zero a 19 anos. A unidade é gerenciada pelo Instituto Diretrizes (ID), sob o contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
Texto: Ellyson Ramos - Ascom Hoiol
