Forest Zone encerra debates sobre educação, comunicação e valorização da natureza
Pesquisadores, gestores, comunicadores, lideranças comunitárias e representantes da sociedade civil reforçaram o protagonismo do Pará na agenda global do clima
O terceiro e último dia do Forest Zone, evento paralelo à COP30, promovido pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), marcou o encerramento de uma jornada de três dias dedicada a pensar a Amazônia sob o ângulo da ciência, gestão pública, cultura e participação social.
Entre 11 e 13 de novembro, pesquisadores, gestores, comunicadores, lideranças comunitárias e representantes da sociedade civil lotaram o auditório do órgão, em Belém, em uma programação que reforçou o protagonismo do Pará na agenda global do clima.
Estruturado em três grandes eixos temáticos — Governança Climática e Gestão Territorial; Bioeconomia e Desenvolvimento Sustentável, e Educação, Comunicação e Valorização da Natureza —, a Forest Zone se consolidou como um espaço estratégico de articulação. Os debates nos dois primeiros dias provocaram reflexões sobre ordenamento territorial, manejo florestal, transição para uma economia sustentável e caminhos inovadores para integrar comunidades tradicionais, ciência e políticas públicas na construção de soluções climáticas.
Neste terceiro dia, o eixo “Educação, Comunicação e Valorização da Natureza” colocou no centro da programação a importância da sensibilização, do engajamento social e do uso público das unidades de conservação. Na abertura, a gerente da Região Administrativa do Araguaia do Ideflor-Bio, Laís Mercedes, apresentou a educação ambiental como pilar fundamental para a gestão de áreas protegidas, ressaltando que formar cidadãos conscientes é tão estratégico quanto conservar a floresta em pé.
Comunicação pública - O Ideflor-Bio também foi responsável pelo painel “Amazônia em Evidência: Comunicação Pública e o Combate à Desinformação Ambiental”, destacando que, em um cenário de crescente circulação de notícias falsas, comunicar a ciência e as ações de conservação é um ato de responsabilidade pública.
A manhã também reuniu experiências aplicadas no Arquipélago do Marajó, com o painel sobre educação ambiental e prevenção de queimadas do Projeto Verão, apresentado pelo gerente da Região Administrativa do Marajó do Ideflor-Bio, Hugo Deleon, juntamente com Nayana Silva e Matheus Cosme.
Fernanda Costa, gerente de Comunicação do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), participou do painel “Comunicação que Conserva”, discutindo estratégias amazônicas que unem ciência, transparência e mobilização social para proteger a biodiversidade em larga escala.
Gestão ambiental e cultura - Júlio Meyer, gerente da Região Administrativa de Belém do Ideflor-Bio, responsável pela gestão do Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna, em parceria com as analistas ambientais Andréia Dantas e Deiliany Oliveira, compartilhou os desafios e avanços da administração de uma unidade de conservação urbana, destacando o papel do Parque como espaço de educação ambiental, lazer sustentável e contato direto da população de Belém com a natureza. O eixo encerrou com um debate sobre governança e manejo florestal comunitário no Marajó, reforçando o protagonismo das populações locais na gestão do território.
O encerramento do Forest Zone também teve espaço para a cultura. O conselheiro da Área de Proteção Ambiental (APA) Araguaia, Emival Borges, emocionou o público com uma apresentação de carimbó, e destacou a importância de participar do evento. “É muito feliz estar participando deste momento. Cada vez mais é um grande aprendizado, com apoio do Ideflor-Bio e de tantos parceiros. Hoje apresentamos a parte cultural e também o sistema agroflorestal em nossa unidade de conservação, reforçando a educação ambiental, a sensibilização e a conscientização”, disse Emival Borges.
Para ele, estar em Belém representando sua comunidade foi simbólico. “Cada palestra é muito importante. Quem puder vir nas próximas edições, venha. É um momento único”, acrescentou.
Entre os participantes, a bióloga Renata dos Santos, voluntária do Parque Estadual do Utinga, disse que “o evento foi maravilhoso. Passei um tempo afastada da área ambiental e, ao retornar pelo voluntariado, reencontrei meu propósito. Esses dias só reafirmaram meu desejo de trabalhar pela Amazônia, de mostrar sua beleza e importância. Eu aprendi muito, e recomendo que as pessoas aproveitem esses espaços da COP para buscar conhecimento”.
Ao encerrar oficialmente o evento, o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, enfatizou que o Forest Zone deixa um legado de integração e compromisso. “Estamos mostrando ao mundo que o Pará está preparado para liderar soluções climáticas com base na ciência, na participação social e no respeito à nossa floresta. O Forest Zone conectou saberes, aproximou instituições e fortaleceu redes que continuarão trabalhando além da COP30. É assim que a Amazônia avança: com diálogo, conhecimento e colaboração”, reiterou.
