Em seu 4º dia, Techzone apresenta soluções tecnológicas com foco em bioeconomia e desenvolvimento sustentável
Programação do quarto dia destacou projetos que integram ciência, inovação e saberes tradicionais para impulsionar a economia da floresta
Com ações voltadas à valorização dos saberes amazônicos e ao uso sustentável dos recursos naturais, o Governo do Pará promoveu, nesta quinta-feira (13), o quarto dia da Techzone, evento realizado no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, em Belém, como parte da preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será sediada na capital paraense em novembro de 2025.
Com o tema Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) e Bioeconomia, a programação destacou iniciativas voltadas ao fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis na região, à valorização dos conhecimentos tradicionais e à geração de renda a partir da ciência, da tecnologia e da inovação.
Iniciativas com protagonismo feminino e valorização dos saberes tradicionais
Uma das ações apresentadas foi o Selo Amazônia Mulher, que reconhece e valoriza o papel das mulheres na bioeconomia amazônica. A iniciativa destaca a atuação de produtoras locais que aliam inovação, sustentabilidade e geração de renda.
Segundo Amanda Rosa, pesquisadora do projeto, a proposta é promover visibilidade e oportunidades para essas mulheres. “O objetivo principal é trazer visibilidade e estímulo para todas as produtoras aqui do estado”, afirmou.
A pesquisadora também ressaltou a importância dos saberes tradicionais como base do conhecimento desenvolvido. “A inovação, a manufatura e os conhecimentos tradicionais são a base de toda forma de conhecimento que vai sendo gerado. Acredito que conseguimos aprimorar, desde que reconheçamos esses saberes das comunidades”, completou.
Inovação tecnológica aplicada à educação na floresta
O debate “Tecnologia que nasce na floresta e os impactos na educação amazônica” reuniu especialistas para discutir como o conhecimento ancestral pode impulsionar novas soluções educacionais. Participaram o professor e CEO da Inteceleri, Walter Júnior, e os professores doutores Marcos Seruffo, Roberto Limão e Diego Cardoso.
A Inteceleri, empresa residente do PCT Guamá, apresentou o MiritiBoard VR, óculos de realidade virtual produzidos a partir do miriti, palmeira típica da região. A inovação alia tecnologia de ponta com matéria-prima tradicional, resultando em um produto acessível para fins educacionais.
“Os óculos de realidade virtual costumam custar acima de R$ 2,5 mil no mercado. Nós conseguimos desenvolver uma alternativa com base no miriti, que faz parte da nossa cultura, e agora se converte em um instrumento altamente tecnológico, acessível e conectado à identidade amazônica”, explicou Walter Júnior.
Pesquisa transforma resíduos do açaí em papel sustentável
Outro destaque foi o projeto Amazoncel, coordenado pela professora Lina Bufalino, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), com financiamento da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa).
A iniciativa possibilitou a criação do primeiro laboratório de celulose e papel da região amazônica, bem como a inclusão da disciplina na grade curricular do curso de Engenharia Florestal. A proposta desenvolveu uma metodologia para a fabricação de papel sustentável a partir das fibras do caroço de açaí, contribuindo para a redução do descarte irregular dos resíduos do fruto.
“Esse resíduo, degradando na natureza ou nas nossas cidades, emite CO₂. Mas com essa valorização amazônica, podemos gerar renda e desenvolver novos produtos a partir de uma matéria-prima abundante e local”, destacou a pesquisadora.
Governo do Estado reforça investimentos em bioeconomia
De acordo com Marcel Botelho, diretor-presidente da Fapespa, os investimentos em ciência, tecnologia e inovação promovidos pelo Governo do Pará estão transformando realidades locais. “Geram impacto, muito mais do que acadêmico, social, comunitário e na vida das pessoas”, afirmou.
Ele destacou a importância da Techzone como espaço de visibilidade para projetos que contam com o apoio do Estado e da Fundação Guamá, atuando em diferentes cadeias produtivas e impulsionando a bioeconomia paraense.
O secretário de Estado de Ciência, Tecnologia, Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), Victor Dias, também enfatizou a relevância estratégica dos investimentos. Segundo ele, a criação do Observatório de Bioeconomia será um marco ao reunir, em uma única plataforma digital, dados de secretarias e universidades sobre produtos, pesquisas e ações voltadas ao setor.
A ferramenta, que será apresentada oficialmente durante a COP30, tem como objetivo ampliar o acesso à informação, incentivar negócios sustentáveis e fomentar pesquisas na área. “Queremos mostrar que a Amazônia é o caminho para desenvolver de forma sustentável o nosso planeta”, destacou Victor Dias, acrescentando que a proposta é transformar Belém em um vale bioeconômico, onde ciência e conhecimento tradicional caminham juntos para a construção de um futuro mais verde.
Texto: Kelvyn Gomes/PCT Guamá
