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Lactário do Hospital Público da Transamazônica auxilia na recuperação de prematuros

Impossibilitados de ingerir leite da mãe, bebês recebem nutrição especial e acompanhamento

Por Governo do Pará (SECOM)
13/11/2025 13h10

Laura Vitória acaba de completar três meses. Com quatro quilos, saudável, a menina recebe o amor da mãe, Larissa Farias, e mama várias vezes ao dia, aproveitando o alimento mais rico para um bebê: o leite materno. Mas a garotinha, hoje forte e bem nutrida, enfrentou uma série de dificuldades logo depois de nascer, aos sete meses e com apenas 1 quilo e 700 gramas.

“Nos primeiros dias, tinha que ordenhar [processo de extrair o leite de forma manual], tirar a quantidade certa. Foi preciso ter paciência e atenção”, conta Larissa, sobre a filha não conseguir se alimentar normalmente. Da internação à alta, foram 21 dias no Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira, sudoeste do Estado, até a menina estar pronta para ir para casa, em Porto de Moz. “A equipe foi maravilhosa”, elogia.

Assim como Laura, Luiz nasceu prematuro e precisou ser hospitalizado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. Com quadro de desnutrição, devido ao tempo antecipado do parto, a criança também nasceu com hipoglicemia, caracterizada pelo baixo nível de açúcar no sangue, e só conseguiu ser alimentada com o leite da mãe através de ordenha.

“Com as orientações, aprendi a fazer a ordenha e oferecer o leite e o alimento especial na hora certa. Isso tem ajudado muito ele a ganhar peso e ficar mais forte a cada dia”, comemora a mãe de Luiz, Edilene de Oliveira Silva, que aguarda autorização médica de alta.

A prematuridade está entre os principais fatores que elevam o risco de óbito de bebês no Brasil e hospitais, como Regional Público da Transamazônica, se tornam indispensáveis nessa batalha pela vida. Uma das ferramentas é a alimentação adequada. “O leite materno sempre vai ser o alimento de preferência para o recém-nascido, o único capaz de suprir todas as necessidades nutricionais e imunológicas”, defende Peperson Carvalho, médico das UTIs infantis do HRPT.

Mas, em casos de crianças que não conseguem, ou não podem, consumir o leite, o profissional explica que são adicionadas fórmulas preparadas no hospital. “Pode ser utilizada a nutrição parenteral total [através da corrente sanguínea], uma nutrição com dieta mínima ou leite ordenhado mais fortificante”. As fórmulas são desenvolvidas a partir de rigorosos critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) e só podem ser administradas com indicação médica e acompanhamento de equipe multidisciplinar.

De onde vem o leite especial

O Hospital Regional Público da Transamazônica dispõe de um espaço específico para a preparação de fórmulas, também chamadas de leite especial. Há 15 anos, Maria de Fátima Silva dedica os dias à missão de salvar bebês por meio da alimentação que, graças ao avanço da Ciência, tem componentes capazes de suprir necessidades básicas do recém-nascido e mantê-lo vivo.

“Não tem nem como fazer as contas de quantas crianças passaram por aqui e foram alimentadas pelo Lactário, mas para mim é um orgulho muito importante quando chegam aquelas crianças pequeninas e depois a gente vê grandes”, ressalta Maria de Fátima, que já ouviu muitas vezes frases como “olha, esse bebê aqui foi o que você ajudou com o leite”.

Além de lactaristas, o setor conta com nutricionistas, como Ana Paula Bussioli, responsável por prescrever e acompanhar a produção destinada aos pequenos pacientes a cada três horas. “É específico para cada idade, com peso levado em consideração. Tudo isso a gente monitora para poder dispensar essa fórmula”. A também nutricionista do Lactário, Jéssyka Sarmento, acrescenta que existem, ainda, casos em que o bebê não pode utilizar sequer leite com lactose, o que requer dieta mais rigorosa. “Ainda que a mãe não consiga fazer isso nesse momento, a Nutrição tem uma grande responsabilidade para salvar a vida do bebê”, reflete.

Atualmente, o Hospital Regional Público da Transamazônica administra 96 porções de leite especial para recém-nascidos e prematuros das Unidades de Terapia Intensiva. São 2.880 por mês que, substituindo parcial ou integralmente o leite da mãe, colaboram para que crianças como Laura e Luiz, citadas no início da reportagem, tenham a oportunidade de sobreviver. E esse trabalho, vale ressaltar, tem num rigoroso controle de segurança alimentar e quadro clínico, o suporte necessário para um hospital de referência e reconhecido nacionalmente pela qualidade das UTIs infantis.

“A gente tem que avaliar alguns quesitos, por exemplo, idade gestacional, prematuridade extrema ou tardia. Para cada idade a gente pensa numa administração e numa dieta. O peso ao nascer, por exemplo, os bebês que nascem malformados, com sepse [infecção grave que acomete, principalmente, bebês com baixo peso], a gente também tem que avaliar a integridade do trato gastrointestinal, e alguns reflexos, como sucção e deglutição”, reforça o médico Peperson Carvalho.

Pré-natal é a melhor forma de cuidar

Alguns sinais de que o feto caminha para um nascimento prematuro, ou de extrema prematuridade, podem ser identificados ainda na gravidez, por meio de exames e acompanhamento médico. Assim, as decisões são direcionadas de forma específica para cada caso. Por isso, o pré-natal é o procedimento preconizado, no Brasil, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Idade da gestante, patologias, como diabetes e hipertensão, situação econômica e até a escolaridade, são fatores que podem estar ligados diretamente a uma gravidez de risco e, consequentemente, ao nascimento prematuro. O pré-natal é oferecido pela rede pública e pode ser acessado de forma gratuita nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), nos postinhos, e em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Dados do Ministério da Saúde revelam que a cada dez minutos 6 prematuros nascem no Brasil. Quando isso ocorre, é em unidades, como o Hospital Regional da Transamazônica, que o recém-nascido é internado, geralmente na UTI, onde as equipes avaliam a evolução dos bebês através de testes laboratoriais e resposta aos estímulos aplicados pelos profissionais, além, como lemos nesta matéria, de dieta nutricional.

Para o coordenador de Enfermagem Rai Castro, o HRPT se mantém como referência há quase 20 anos graças aos protocolos de segurança do paciente, mesmo aqueles que ainda não entendem o que acontece ao redor. “O Regional atende não somente Altamira, mas todos os municípios da região, com uma grande demanda, por isso é tão importante porque as mães que têm bebês prematuros conseguem ter o tratamento aqui com toda uma rede de apoio”.

Texto: Rômulo D'Castro - Ascom/HRPT