Coworking Florestal: Ideflor-Bio apresenta modelo integrado de manejo sustentável na COP30
A discussão destacou como o manejo sustentável e a bioeconomia podem caminhar juntos na conservação da Amazônia
A integração entre concessões madeireiras e extrativismo comunitário foi o tema central do painel “Coworking Florestal: Integração de Concessões Madeireiras e Extrativismo Comunitário na Floresta Estadual (Flota) do Paru”, apresentado nesta quarta-feira (12), pela gerente de Contratos Florestais do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio), Cíntia Soares, e pela analista ambiental Jossiele Fernandes, durante a programação do Pavilhão Pará na COP30, em Belém. A discussão destacou como o manejo sustentável e a bioeconomia podem caminhar juntos na conservação da Amazônia.
A iniciativa apresentada na conferência é desenvolvida na Flota do Paru, no Oeste paraense, e propõe um modelo colaborativo em que o uso da floresta é compartilhado entre diferentes atores - empresas concessionárias de manejo madeireiro e comunidades locais que vivem do extrativismo. A proposta reforça o papel do Estado na promoção de práticas sustentáveis que conciliam geração de renda e conservação ambiental.
Floresta em Pé - De acordo com Cíntia Soares, o modelo de “coworking florestal” demonstra que é possível conciliar o uso econômico da floresta com a proteção da biodiversidade. “Com essa apresentação, mostramos que é possível integrar o manejo de produtos madeireiros e não madeireiros em um mesmo local, como na Flota do Paru, onde há coexistência entre quem maneja produtos madeireiros e paga por isso ao Estado, e quem extrai produtos não madeireiros, como a castanha-do-pará, de forma não onerosa”, explicou.
A gerente ressaltou que as concessões florestais têm papel fundamental na manutenção da floresta em pé e na valorização dos recursos naturais de forma responsável. “Esses manejos estão muito distantes do desmatamento. Precisamos reforçar isso e mostrar que é possível gerar renda sem causar impacto à natureza. O manejo sustentável é uma das principais estratégias para manter a floresta viva e produtiva”, destacou Cíntia.
Rede de Sementes - O painel também trouxe a contribuição da analista ambiental Jossiele Fernandes, que enfatizou a importância das redes de sementes como elemento-chave na recuperação de áreas degradadas e no fortalecimento da bioeconomia. “A restauração florestal começa no plantio, e o plantio depende das sementes e das mudas. Por isso, implementar redes de sementes no Estado é fundamental para garantir que as áreas degradadas possam ser restauradas, tanto em terras públicas quanto privadas”, explicou.
Segundo Jossiele, o Pará desponta como referência em soluções baseadas na natureza, associando pesquisa científica, inovação e políticas públicas de conservação. “O Estado tem técnicos e pesquisadores com grande capacidade para desenvolver projetos de restauração e manejo, como as redes de sementes e o coworking florestal. Ao apresentarmos essas experiências na COP30, buscamos atrair investimentos e fortalecer a cooperação internacional para ampliar essas ações”, afirmou.
O debate reforçou a relevância das florestas estaduais do Pará como espaços estratégicos para a implementação de políticas de uso sustentável dos recursos naturais e de mitigação das mudanças climáticas. A proposta do “coworking florestal” simbolizou um novo paradigma de governança compartilhada da floresta, capaz de unir comunidades tradicionais, setor privado e Estado em torno de uma mesma agenda de sustentabilidade.
Texto em colaboração com Sinval Farias (Ascom/Ideflor-Bio)
