Aula-Concerto contribui para o bem-estar de crianças em terapia renal na Santa Casa
A experiência envolveu oito crianças em tratamento, que ficaram surpresas com o som do instrumento e puderam tocar e entender o funcionamento do violino
Quando se fala em benefícios, é até difícil parar de listar as muitas contribuições que a música pode trazer à saúde física e mental de uma pessoa. Estímulo cognitivo, regulação emocional, bem-estar, desenvolvimento motor, estímulo social, comunicação, autonomia, identidade, e, ainda, rotina e organização ocupacional são alguns dos ganhos citados pela terapeuta ocupacional Clévia Dantas, que atua no setor de terapia renal substitutiva pediátrica da Santa Casa.
“A música tem um papel extremamente valioso na Terapia Ocupacional, porque atua diretamente em áreas fundamentais para o desenvolvimento humano, a reabilitação e a qualidade de vida. Ela é uma ferramenta potente, que integra mente, corpo e emoção, favorecendo o desempenho ocupacional e promovendo saúde e bem-estar”, destaca Clévia Dantas.
Na tarde desta terça-feira (11), a música voltou a tocar no setor de terapia renal substitutiva pediátrica da Santa Casa. Mas dessa vez não foi só uma apresentação, nem uma brincadeira, mas a aula de um instrumento que poucas crianças conheciam, o violino.
A iniciativa foi de Rafaele Cordeiro, mãe de Clarisse, de sete anos, que há dois anos faz hemodiálise na Santa Casa. Como professora de violino e concluinte do curso de licenciatura em música, ela precisava desenvolver um projeto acadêmico sobre educação de qualidade e resolveu se desafiar dando uma aula de música para as crianças durante a realização da sessão de hemodiálise.
“Eu trabalho com música e já estava realizando um trabalho com as canções folclóricas brasileiras, então pensei, por que não juntar a música, a arte e trazer para hemodiálise e para as crianças? A gente está aqui e sabe a dificuldade, então eu fui alinhando as coisas e foi possível proporcionar a eles que eles também possam ter essa educação de qualidade, trazer esse instrumento que é uma coisa que não é em todo lugar que você vê, e também a questão das músicas brasileiras, porque muitas vezes a educação não tem essa escuta em casa. Então, eu proporciono também trabalhar a música folclórica, conhecer o instrumento”, afirma Rafaele.
A experiência envolveu oito crianças em tratamento, que ficaram surpresas com o som do instrumento e puderam tocar e entender o funcionamento do violino.
“Eu achei muito interessante e foi a primeira vez que ele viu esse instrumento. Ele ficou muito interessado e vai querer assistir mais aulas com certeza”, conta Dielma Balbino, mãe de Paulo Eduardo, oito anos, em tratamento há um ano.
Além de conhecer o violino, as crianças tiveram uma uma introdução sobre ritmo e teoria musical. A expectativa é que a aula experimental se transforme em um projeto permanente para os pacientes atendidos no setor, contribuindo com o desenvolvimento intelectual e com o tratamento dos pequenos, como reforça a terapeuta ocupacional Clévia Dantas.
“A música, ela aguça a memória, a concentração, a noção da figura daquilo que ela está ouvindo, que é a percepção do objeto, os estímulos sensoriais, porque ouvir a música e sentir é diferente. Sentir o som do violino faz com que a criança conheça outros sons, não só o som da dor, subjetivamente falando, porque o som da dor é só ver o curativo que é feito. Então, estimula os aspectos cognitivos, mas também os sociais, pois eles querem pegar, eles querem falar, eles querem conhecer. Ao mesmo tempo, possibilita uma saúde mental, porque dispersa a condição só da dor, mas possibilita eles entenderem que mesmo em um ambiente crônico de tratamento, eles podem ter outras experiências”, conclui.
