Cuidados em saúde para viajantes são o tema de webpalestra do Projeto Saúde Digital da Uepa/CCBS
A vacinação é considerada uma intervenção essencial para viajantes
O grande fluxo de visitantes em eventos levanta desafios associados à infraestrutura, segurança e saúde. A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorre neste mês de novembro, em Belém, reunirá representantes da sociedade civil e instituições nacionais e internacionais. Cerca de 50 mil pessoas devem visitar a capital paraense. Por isto, o projeto Saúde Digital da Universidade do Estado do Pará (Uepa), promoveu, entre suas atividades, a webpalestra "COP30 e Viajantes: Cuidados em Saúde para Grandes Eventos Globais". O projeto do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Uepa, em parceria com o Ministério da Saúde, fortalece o atendimento remoto e teleassistência em saúde, conectando cidadãos a especialistas por meio de tecnologias de informação.
A Webpalestra, que pode ser conferida neste link, abordou os riscos sanitários em grandes eventos globais, as medidas de mitigação para minimizar o adoecimento individual durante as viagens e as formas de evitar doenças. A facilitadora foi a pesquisadora em Saúde Pública e médica infectologista Tânia Chaves, membro e coordenadora do Comitê de Medicina de Viagem da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
A infectologista expôs os principais cuidados e recomendações em saúde para pessoas que irão viajar, especialmente no contexto da COP30; a importância global das discussões da conferência e como os grandes eventos impactam a saúde pública; principais doenças infecciosas relacionadas a viagens; orientações para viajantes nacionais e internacionais; estratégias de prevenção, vacinação e vigilância. A pesquisadora ressaltou que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, entre 2030 e 2050, as mudanças do clima causarão mais de 250 mil mortes/ano e a região das Américas é uma das mais vulneráveis às mudanças.
De acordo com a webpalestra, a realização da COP30 inclui desafios sanitários específicos devido à alta mobilidade de indivíduos de diversos países com diferentes perfis de saúde e à vulnerabilidade da região amazônica, condições ambientais específicas, com a presença de doenças tropicais transmitidas por vetores (mosquitos), como dengue ou febre amarela, e que exigem atenção especial. Assim como doenças transmissíveis respiratórias; virais, como gripe e Influenza; e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Para reduzir riscos, é fundamental orientar viajantes, incentivar a atualização vacinal e fazer avaliações de risco antes do evento, o que demandou uma preparação rigorosa das autoridades para garantir a segurança dos participantes e da população local. A médica citou ainda a importância da infraestrutura em saúde local como definição de hospitais de referência, redes de vigilância epidemiológica; monitoramento de surtos ou emergências de saúde pública no local do evento.
Medicina de viagem - A infectologista introduziu o conceito de Medicina de Viagem como uma área de atuação médica preventiva, que lida com viajantes, como refugiados, imigrantes, pessoas que viajam por lazer, trabalho, missão humanitária, assim como indivíduos idosos ou com doenças crônicas. E a importância de realizar avaliação pré-viagem com a verificação do destino, duração da viagem, meios de transporte, época do ano, conhecer a epidemiologia local das doenças infecciosas, atualizar vacinas e avaliar comorbidades ou alergias do viajante.
Prevenção - A vacinação é considerada uma intervenção essencial para viajantes, tanto vacinas de rotina quanto vacinas recomendadas, conforme risco de exposição no destino. Entre as medidas de prevenção para viajantes, também constam uso de repelentes, filtro solar, roupas protetoras, manter hidratação, atenção ao clima local, levar medicamentos básicos e de uso contínuo, evitar locais com superlotação, manter higiene, qualidade da água, sono e alimentação.
Além da importância da saúde digital/teleassistência como complemento para atendimento rápido em locais onde há demanda intensa, a médica enfatizou que o sucesso da COP30 estará na integração intersetorial, da consciência coletiva de prevenção em saúde, e da importância do papel do Sistema único de Saúde (SUS) ao integrar os níveis de gestão e garantir respostas rápidas em saúde pública.
Saúde Digital da Uepa/CCBS - Lançado em 2024, sob o Programa Brasil Rede-Telessaúde, o projeto Saúde Digital da Uepa/CCBS já realizou mais de 70 webpalestras abertas ao público e mais de três mil consultas com médicos em especialidades como cardiologia, neurologia, ortopedia, reumatologia, urologia e dermatologia. Também promoveu capacitações presenciais e on-line para diversos municípios, qualificando profissionais em localidades remotas e melhorando o atendimento à população de 27 municípios contratualizados. Por meio da extensão universitária, o projeto conta com alunos bolsistas da área da saúde, e foca também na formação de profissionais por meio de teleassistência e tele-educação para aprimorar a resolutividade da Atenção Básica. Para saber mais, acesse o site do projeto.
Texto: Diane Maués
