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Crianças precisam continuar se vacinando contra a paralisia infantil

Esse é o alerta da Sespa no Dia Mundial de Combate à Poliomielite, para que a doença não volte ao Brasil

Por Roberta Vilanova (SESPA)
24/10/2025 08h09
O esquema da vacina VIP prevê três doses e um reforço até os 15 meses de idade

Nesta sexta-feira (24), quando se comemora o Dia Mundial de Combate à Poliomielite, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) reforça a importância de as crianças continuarem se vacinando para manter a doença erradicada no Brasil.

A data foi criada pelo Rotary Internacional para celebrar o nascimento de Jonas Salk, líder da primeira equipe que desenvolveu uma vacina contra a poliomielite. Mas o objetivo é aumentar a conscientização sobre a doença, também conhecida como pólio ou paralisia infantil, e enfatizar que a vacinação na primeira infância é a única maneira de evitar a doença.

Outra finalidade é informar a população sobre os perigos e a gravidade da poliomielite e reunir esforços para a erradicação da pólio em todo o mundo, já que o vírus ainda circula em alguns países. 

Transmissão, sinais e sintomas - A poliomielite é uma doença infectocontagiosa aguda, causada pelo poliovírus, que vive no intestino. A transmissão ocorre pelo contato direto com as fezes ou secreções expelidas de pessoas infectadas.

Na maioria dos casos, os infectados apresentam sintomas semelhantes aos de uma gripe, com febre e dor de garganta, ou infecções gastrintestinais, com náusea, vômito, constipação e dor abdominal. Mas também podem não apresentar sintoma algum.

Porém, cerca de 1% dos infectados pela doença, principalmente crianças com menos de cinco anos, podem sofrer com formas graves da poliomielite. Nesses pacientes, o vírus pode atacar o sistema nervoso e causar paralisia flácida aguda permanente, insuficiência respiratória e até a morte. Geralmente, a paralisia se manifesta nos membros inferiores, afetando apenas uma das pernas. As principais características da sequela são a perda da força muscular e dos reflexos, sem perda de sensibilidade.

O diagnóstico pode ser confirmado por diferentes exames laboratoriais, como de fezes ou secreções do paciente infectado; exame para a pesquisa de anticorpos IgM no sangue; cultura de líquido cefalorraquidiano (LCR) e eletromiografia para o estudo da atividade elétrica do membro paralisado, em casos mais graves.

Prevenção – Existem dois tipos de vacinas contra a poliomielite: a vacina inativada pólio (VIP) ou Salk, administrada por via intramuscular; e a vacina pólio oral (VPO) desenvolvida por Albert Sabin, também conhecida como Sabin ou a vacina da gotinha.

Vacina inativada pólio (VIP) atualmente utilizada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI)

No entanto, a vacina Sabin está sendo gradualmente descontinuada em todo o mundo, como parte da estratégia global de erradicação da doença. Esse processo é liderado pela Iniciativa Global de Erradicação da Pólio (GPEI), com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O motivo da mudança é que a VOP usa vírus vivos enfraquecidos e esses vírus podem, em raros casos, sofrer uma mutação e causar a paralisia infantil em áreas com baixa cobertura vacinal. 

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) já deixou de usar esse tipo de vacina no calendário básico de vacinação das crianças, adotando apenas a VIP no esquema completo e reforço. Portanto, a VOP não está mais sendo usada no Estado do Pará.

Mas é válido ressaltar que a gotinha teve um papel fundamental para a erradicação da doença no Brasil, inspirando, inclusive, a criação do Zé Gotinha, personagem até hoje importante para a mobilização da população em prol da vacinação. 

Erradicação - No Brasil, não há circulação de poliovírus selvagem desde 1990, graças ao êxito da política de prevenção, vigilância e controle desenvolvida pelos três níveis do Sistema Único de Saúde (SUS). O último caso de poliomielite foi registrado em 1990 e o Brasil recebeu a Certificação de Erradicação de Pólio em 1994. No Pará, o último caso da doença ocorreu em 1986, no município de Santa Isabel.

Segundo a coordenadora estadual de Imunizações da Sespa, Jaíra Ataíde, a ausência da doença e a falta de convivência com casos de paralisia levam algumas pessoas a acharem que a doença não existe mais. “Isso não é verdade, daí a importância de se continuar a vacinar as crianças na primeira infância”.

“Atualmente, a cobertura da vacina VIP no Pará está em 70,24%, quando a meta é 95% e a cobertura do reforço em 77%”, informou a coordenadora estadual. “Os baixos índices de cobertura vacinal atual representam risco de a pólio reaparecer no país”, alertou.

Jaíra Ataíde lembrou que o calendário básico de vacinação prevê a 1ª dose da VIP aos dois meses de idade, a 2ª dose aos quatro meses, a 3ª dose aos seis meses e o reforço aos 15 meses. “Então, vamos aproveitar essa data para compartilhar informações sobre a importância de continuar vacinando as crianças contra a poliomielite”, concluiu.