Oficina de crochê do Hospital Galileu transforma tempo de internação em aprendizado, afeto e esperança
A atividade incentiva a criatividade dos pacientes e reforça o cuidado integral, mostrando que o tratamento vai além do aspecto clínico

Entre linhas, agulhas e sorrisos, o tempo parece ganhar outro ritmo dentro do Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), em Belém. As oficinas artísticas e culturais, como a de crochê, vêm transformando o ambiente hospitalar em um espaço de convivência, criatividade e esperança — onde o cuidado ultrapassa o campo da medicina e se estende ao emocional e social.
A atividade faz parte das ações de humanização promovidas pelo hospital, que tem como objetivo oferecer um acolhimento mais amplo aos pacientes em tratamento ortopédico. Durante as oficinas, eles aprendem novas habilidades manuais, compartilham histórias e descobrem, entre fios coloridos e conversas leves, uma nova forma de lidar com o tempo de internação.
A dona de casa Selma Anadias Batista, de 64 anos, moradora de Altamira, na região do Xingu, foi encaminhada à unidade para realizar uma cirurgia de colocação de prótese no ombro. Enquanto aguardava o procedimento, ela encontrou na oficina de crochê um novo passatempo - e um conforto inesperado. “Eu não imaginava que iria aprender crochê aqui no hospital. Foi uma bênção! Além de ocupar a mente, a gente esquece um pouco da dor e faz amizades. Essa varanda será uma lembrança da minha força e do carinho que recebi aqui”, contou, emocionada, enquanto mostrava os primeiros pontos que aprendeu.
Também internada após uma fratura de fêmur, Anieli Caroline, de 22 anos, natural de Conceição do Araguaia, no sudeste paraense, descobriu na atividade uma aliada para a recuperação emocional. “O crochê virou minha terapia. Enquanto as mãos trabalham, o coração se acalma. Eu me sinto útil, produtiva. Agora quero continuar aprendendo quando voltar pra casa”, disse, com um sorriso tímido que traduz a leveza dos novos dias.

Tecer vínculos e bem-estar
De acordo com a coordenadora do setor de Humanização do HPEG, Anny Segóvia, a oficina é uma das estratégias do programa de bem-estar da unidade, que busca ressignificar o tempo de internação.
“O hospital é um lugar de cuidado, mas também pode ser um espaço de afeto e expressão. Atividades como o crochê ajudam a aliviar a ansiedade, fortalecem o sentimento de pertencimento e elevam a autoestima. É um momento em que o paciente volta a se ver como sujeito de criação, e não apenas de tratamento”, destacou.
Além de estimular o equilíbrio emocional, muitas pacientes descobrem um talento que pode se transformar em fonte de renda após a alta hospitalar. Em alguns casos, os produtos confeccionados são doados a outros pacientes ou expostos nas áreas comuns do hospital, simbolizando o poder da arte como parte da cura.
Para o diretor executivo do Hospital Galileu, Cledes Silva, a iniciativa reforça a essência do trabalho desenvolvido pela instituição: oferecer cuidado integral, que valoriza o ser humano em todas as suas dimensões. “Cuidar da saúde é também cuidar do emocional. O crochê, a música, as rodas de conversa — tudo isso faz parte do nosso compromisso com o acolhimento. O hospital é feito de pessoas e histórias, e o tratamento também se tece com gestos de empatia e arte”, ressaltou o gestor.
Sobre o Hospital Galileu
O Hospital Público Estadual Galileu (HPEG) atua como unidade de baixa e média complexidade, com 104 leitos de internação, sendo referência em trauma ortopédico e reconstrução óssea. A unidade oferece Serviço de Alongamento e Reconstrução Óssea, além de cirurgias de traqueia e urológicas, como hiperplasia prostática benigna, exclusão renal e triagem com biópsia de próstata.
Gerenciado pelo Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia (ISSAA), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o hospital está localizado na avenida Mário Covas, n.º 2553, na Grande Belém, e tem como missão unir tecnologia, humanização e cuidado integral na recuperação dos pacientes.
Texto: Roberta Paraense