Família de Soure entrega, de forma voluntária, filhote de jaguatirica à reabilitação em Belém
Animal tem cerca de um mês, e já recebeu avaliação veterinária e cuidados especializados para reabilitação completa até a soltura no meio ambiente

Uma família de Soure, no Arquipélago do Marajó, entregou voluntariamente às autoridades ambientais um filhote de jaguatirica (Leopardus pardalis), espécie da fauna silvestre amazônica. O animal foi encaminhado nesta segunda-feira (22) ao Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras), da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), em Belém, onde já recebeu avaliação veterinária e cuidados especializados até a definição de sua destinação final.
A operação de resgate foi articulada entre o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), por meio do Escritório Regional do Marajó (Soure) e da Gerência da Região Administrativa do Marajó (GRM); a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) de Soure; e do Instituto Bicho D’água. A ação foi formalizada por meio de um termo de entrega voluntária.
O filhote foi localizado em uma área de mata denominada Boa Fé, no bairro Tucumanduba, em Soure. O animal, de aproximadamente 30 dias de vida, com indefinido, com peso de 0,546 kg, apresentava sinais de desidratação, embora não tivesse ferimentos aparentes. Após os primeiros cuidados, foi transferido para Belém, em um trabalho conjunto das instituições ambientais.

Primeiros cuidados e avaliação especializada
“Esse tipo de ocorrência exige rapidez e responsabilidade. Recebemos o filhote ainda bastante debilitado, mas conseguimos garantir a logística necessária para que ele fosse encaminhado com segurança até o Cetras da Ufra. A colaboração da população e das instituições envolvidas foi essencial para que tudo transcorresse da melhor forma. Agradeço e parabenizo o esforço dos servidores, Marciano da Semmas e Antônio do Ideflor-Bio, durante a operação voltada aos primeiros cuidados”, destacou Osiane Barbosa, gerente do Escritório Regional do Marajó do Ideflor-Bio, que acompanhou os trâmites iniciais.
Na capital, o animal foi recebido por especialistas e submetido a uma avaliação clínica. “A primeira análise indicou que, apesar da desidratação, o filhote tem boas chances de recuperação. Ele agora será acompanhado pela equipe técnica do Cetras, que fará o monitoramento e a reabilitação adequados, para que futuramente se avalie a possibilidade de reintrodução na natureza”, explicou Hugo Dias, gerente da Região Administrativa do Marajó do Ideflor-Bio.

Sobre o animal
A jaguatirica é um felino de médio porte, conhecido pelo seu corpo coberto por pelagem amarelada com manchas em rosetas abertas e listras no dorso, o que a confunde com onças. O animal é considerado importante para o equilíbrio ecológico, já que atua no controle populacional de pequenos animais, além de aves e répteis. Sua ocorrência é típica de áreas de floresta densa na Amazônia e no Cerrado. No entanto, assim como outros felinos silvestres, enfrenta ameaças relacionadas à perda de habitat e à caça predatória.
A legislação brasileira é clara quanto à proteção da fauna silvestre. O artigo 29 da Lei Federal nº 9.605/1998 estabelece que matar, caçar, perseguir ou manter animais silvestres em cativeiro sem autorização é crime, sujeito a pena de seis meses a um ano de detenção, além de multa. A entrega voluntária, nesse sentido, é um caminho legal e responsável, que garante ao animal a oportunidade de tratamento adequado e, em muitos casos, retorno à vida livre.