Hospital Regional da Transamazônica lança campanha de doação de órgãos
Com ações durante todo o mês, HRPT se firma como referência no assunto na região

“Tem muita gente na fila esperando, por isso, quem puder doar converse com sua família. Muita gente precisa”. O apelo é de Ezequiel Oliveira, 15 anos. O adolescente é a prova viva de como a doação de órgãos é importante. Ele está entre os paraenses que foram transplantados no primeiro semestre. A nova chance de ter uma vida saudável veio através dos rins de um paciente que, após a confirmação de morte encefálica, teve os órgãos doados, com autorização da família. A cirurgia foi em Belém, no dia 1º de fevereiro deste ano.
Nesta quinta-feira (4), Ezequiel, que faz acompanhamento no Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), voltou à unidade para contar sua história. O adolescente emocionou a todos com relatos de resistência e luta pela vida, tornando-se porta-voz do "Setembro Verde". A campanha está inserida no calendário nacional do Ministério da Saúde (MS), e, no sudoeste do Pará, é encabeçada pelo HRPT. “Só gratidão a Deus porque a vida ficou muito melhor”, comemorou Arinelson Limpa, pai de Ezequiel, durante entrevista concedida à imprensa.
A abertura do "Setembro Verde" reuniu integrantes da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), e contou com palestra sobre a importância, os tabus, e a relevância do Hospital Regional que, em maio, protagonizou mais uma conquista para a saúde pública. Na ocasião, a unidade realizou a primeira captação de órgãos do sudoeste do Estado. O procedimento, autorizado pela família, ajudou a salvar a vida de outras pessoas na fila de transplantes.
"Setembro Verde" é uma campanha que busca, para além da orientação, humanizar o tema. É o que explica o coordenador da CIHDOTT, Rafael Borges. “Dificilmente o assunto tem abertura nas mesas das famílias, mas a gente tem que quebrar esse tabu, conversar, dialogar e tentar deixar natural”, acredita.
O médico alerta que é necessário falar sobre isso para que, todos ao redor, especialmente familiares, fiquem cientes de que a pessoa quer ser doadora porque, em casos de transplante pós-óbito, somente a família pode autorizar ou proibir, diferente do que ocorre quando a doação é feita por paciente vivo. ”Tem muitas pessoas que são a favor e aprovam a doação de órgãos, mas só pensar no assunto não dá resultado. É preciso dizer ‘sim’ e verbalizar”, finaliza o coordenador da Comissão de Transplantes, Rafael Borges.
Enfermeira da comissão, Claudiane Linhares, também destaca a importância de, ao manifestar interesse em ser doador, a pessoa manter diálogo aberto. “Não existe um documento onde eu posso colocar num site, por exemplo, que eu sou doadora. Assim, eu devo comunicar para que tenham respeito com essa minha decisão, essa minha vontade”, lembra. Ao longo do mês de setembro, o Hospital Regional Público da Transamazônica, que já aborda o tema durante todo o ano, realizará uma série de ações com foco na orientação, conscientização e humanização.
HRPT ‘planta’ doação de órgãos para chamar atenção ao tema

Entre as atividades desenvolvidas na manhã desta quinta-feira, quando o Hospital da Transamazônica lançou o ‘Setembro Verde’, um ato simbólico traduziu o lema da campanha de 2025: "Doar é Semear uma Nova Vida". No jardim, foi plantado, pelas mãos do Ezequiel, o garoto que abriu esta reportagem, um pé de cacau. O plantio é uma homenagem ao primeiro paciente que teve os órgãos captados no sudoeste paraense, e também um agradecimento aos familiares.
“Toda vez que alguém passar pelo jardim e vir esse pé de cacau vai lembrar que um dia um herói salvou vidas e foi aqui no nosso hospital que realizamos a captação dos órgãos que hoje permite que outras pessoas estejam vivas e saudáveis” comenta, emocionada, a enfermeira Claudiane Linhares, que acompanhou a captação realizada pelo HRPT, em maio deste ano.

Texto: Rômulo D'Castro