Bebê com prematuridade extrema recebe alta no Hospital Público da Transamazônica
Pais comemoram poder voltar para casa com a filha que nasceu aos seis meses de gestação

Mais uma vez o sino tocou para anunciar boas notícias no Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT): a alta de um bebê que venceu a batalha pela vida e foi liberado para casa. Eliza passou 60 dias internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. Ela está entre 340 mil bebês que nascem fora do tempo todos os anos no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica como prematura a criança de parto anterior à 37ª semana.
O caso de Eliza é bem mais delicado, isso porque o nascimento ocorreu quando Luana Baca, a mãe, estava com apenas 24 semanas de gestação, ou seja, 6 meses. Esse tipo de nascimento a medicina chama de prematuridade extrema. “É muito gratificante, é muito forte, pelas perdas que a gente já teve, sair com a nossa filha bem e viva”, comemora emocionada a mãe, que, antes de ser transferida de Santarém para o HRPT para o tratamento de Eliza, perdeu os dois primeiros filhos, também prematuros, pouco após o parto.
“Não tem nem como explicar a emoção que estamos. Quero agradecer toda a equipe médica que se empenhou em cuidar da nossa filha”, completa Abraão Barbosa, o pai. O Hospital da Transamazônica é referência em média e alta complexidade, e reconhecido com selo nacional de qualidade no tratamento de crianças e bebês.

Todos os meses, o HRPT recebe 12 recém-nascidos prematuros e extremamente prematuros, que são acolhidos por uma equipe composta por médicos, técnicos e enfermeiros, como Alissia Barbosa. “Eu fui a enfermeira que recebeu a Eliza quando chegou de Santarém numa incubadora, cheia de aparelhos. Sempre que recebo um paciente ele se torna especial. Só por eu ter recebido ela e agora estar na alta, cheguei dando pulos, feliz”, conta empolgada.
Além da UTI Neonatal, o hospital conta com UTIs Pediátrica e Infantil, sendo o maior centro de saúde da região na Transamazônica e o único equipado para o atendimento a crianças de alto risco devido à prematuridade extrema.
Prematuridade - O clínico geral Peperson Carvalho explica que a “prematuridade é um desafio de saúde pública em todo o mundo”. Mesmo sendo um dos agravantes para mortalidade, não é possível apontar uma causa específica, mas o clínico geral apresenta pontos que devem ser considerados:
Fatores maternos – hipertensão durante a gestação, diabetes, infecções urinárias ou genitais, álcool e outras drogas, além da idade materna;
Fatores obstétricos – ruptura de membranas ovulares, descolamento de placenta, histórico de gestações múltiplas;
Condições econômicas – dificuldade de acesso ao pré-natal, nutrição inadequada, estresse;
Causas desconhecidas – 30% a 40% dos nascimentos prematuros não têm fator específico desencadeante.

Desde que nascem, os bebês prematuros necessitam de cuidados específicos, como aponta a pediatra neonatologista Maria José Silva. “Eles precisam nascer no serviço especializado porque precisam ter uma equipe para iniciar uma reanimação que a maioria deles exige. Dependendo de como foi o nascimento a gente vai tomar iniciativas, mas normalmente são bebês que precisam de ajuda”.
Na maior parte os casos, os recém-nascidos prematuros, especialmente os de prematuridade extrema, são submetidos à respiração mecânica, isolamento e alimentação com adaptações. No HRPT, equipes multiprofissionais são responsáveis pela assistência, da recepção à alta. Para a médica Maria José, é impossível imaginar uma região como a Transamazônica sem uma unidade de referência. “Quando esses bebês não nascem aqui, quando são transferidos de outros municípios, vêm sem assistência adequada e o risco de ter mais sequelas é maior”.
Localizado em Altamira, o Hospital Regional Público da Transamazônica ajuda a salvar vidas de bebês prematuros que nascem em 9 municípios.
Quanto antes, melhor - Diagnóstico antecipado pode ajudar os profissionais de saúde numa orientação mais assertiva sobre quais medidas poderão ser tomadas, por isso o pré-natal é indispensável e pode representar a salvação da criança. O clínico geral Peperson Carvalho alerta que no Brasil “ainda há uma fragilidade muito grande com relação a esses pré-natais”.
Durante o acompanhamento na gravidez é possível indicar, por exemplo, se a mãe corre risco de pré-eclâmpsia, restrição de crescimento intrauterino, descolamento de placenta, comorbidades e patologias diversas. Quanto mais cedo a gente identifica esses riscos, maiores são as chances de evitar um parto prematuro e oferecer uma gestação mais segura tanto para a mãe quanto para o bebê”, ressalta o médico.
Texto: Rômulo D'Castro (HRPT)