Parque de Ciência e Tecnologia Guamá discute uso de IA para diagnóstico do câncer de colo uterino
O 1º Workshop Brasil++ reúne autoridades, especialistas em Oncologia e IA, além de representantes de instituições estrangeiras, para debater diagnóstico precoce da doença
O Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, em Belém, sediou, nesta segunda-feira (11), a abertura do 1º Workshop Brasil++, evento que marca o início das atividades do Projeto "Brasil++: Rede de Cooperação em Inteligência Artificial e Saúde para o Auxílio ao Diagnóstico Precoce de Câncer Cervical". A iniciativa reúne autoridades, especialistas em Oncologia e Inteligência Artificial (IA), além de representantes de instituições estrangeiras, para discutir soluções tecnológicas voltadas à saúde.
Segundo dados de 2023 do Ministério da Saúde, o câncer de colo de útero é o terceiro que mais mata mulheres no Brasil e o segundo mais incidente entre as neoplasias femininas na região Norte. Nesse contexto, a Inteligência Artificial torna-se uma aliada para acelerar o diagnóstico, sobretudo em áreas com difícil acesso a serviços de saúde.
Coordenado pelo professor Renato Francês e com a vice-coordenação da professora Evelin Helena Cardoso Gomes, o workshop prossegue até quinta-feira (14) com uma programação de oficinas voltadas à aplicação de IA em pesquisas. As atividades, destinadas aos integrantes do Centro de Computação de Alto Desempenho e Inteligência Artificial (CCAD-IA), da Universidade Federal do Pará (UFPA), são ministradas por pesquisadores brasileiros que atuam no exterior, com ênfase no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da ciência, tecnologia e inovação.
Visitas técnicas - Durante a semana, os participantes estrangeiros também visitarão o Laboratório Central do Estado do Pará (Lacen), unidades Básicas de Saúde, UFPA e o Hospital Universitário João de Barros Barreto. Nessas visitas, conhecerão os fluxos de coleta e análise do exame preventivo do câncer do colo uterino (Papanicolau) e pesquisas locais em IA voltadas ao diagnóstico precoce da doença.
De acordo com Evelin Gomes, a proposta do "Brasil++" é reduzir o intervalo entre a coleta do exame e a entrega do diagnóstico, especialmente em regiões remotas. “Se a imagem da lâmina coletada puder ser enviada para um sistema baseado em IA, o pré-diagnóstico pode ser feito quase em tempo real, com posterior confirmação por um citologista, esteja ele em Belém ou em qualquer lugar do mundo”, explicou.
Essa abordagem permite que a coleta seja feita no local, com preparo da lâmina por um técnico e análise imediata. Em caso de suspeita, a paciente é encaminhada diretamente a um oncologista, diminuindo o tempo entre a detecção da doença e o início do tratamento.
Durante o evento, a professora Mihoko Yamamoto Tsutsumi recebeu menção honrosa em reconhecimento à sua trajetória científica e ao compromisso com a promoção de uma saúde mais justa e acessível, especialmente em regiões que enfrentam desafios logísticos e estruturais, como a Amazônia.
A iniciativa integra a estrutura do futuro Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia IAmazônia (INCT IAmazônia), aprovado no Edital 46/2024 do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), como a única proposta da Amazônia Legal voltada à Inteligência Artificial. O Instituto reunirá pesquisadores do Brasil, Estados Unidos, Europa e Ásia para desenvolver soluções voltadas não apenas à saúde, mas também à qualidade da água dos rios amazônicos e ao combate à desinformação com base na Ciência.
Referência em inovação - O Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), com as parcerias da UFPA e Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), com a gestão da Fundação Guamá.
É o primeiro parque tecnológico da região Norte do Brasil, e visa estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável, a fim de melhorar a qualidade de vida da população.
Localizado às margens do Rio Guamá, que dá nome ao complexo, o PCT está situado entre os campi das duas universidades, e conta com um ecossistema rico em biodiversidade, estendendo-se por 72 hectares, destinados a edificações e à Área de Proteção Ambiental (APA) da Região Metropolitana de Belém.
O complexo conta com mais de 30 empresas residentes (instaladas fisicamente no Parque), mais de 40 associados (vinculados ao Parque, mas não fisicamente instalados), 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos e uma escola técnica.
O PCT Guamá integra a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e International Association of Science Parks and Areas of Innovation (Iasp), e faz parte do maior ecossistema de inovação do mundo.
