Espaço São José Liberto recebe a segunda edição do curso de miniaturas em miriti
A oficina buscou integrar saberes tradicionais às práticas ambientais e à economia criativa

A força da tradição artesanal se aliou à sustentabilidade na segunda edição do curso voltado à produção de miniaturas artesanais em miriti, realizado no último sábado (2), no Espaço São José Liberto (ESJL). Durante a atividade, os participantes produziram miniaturas (souvenirs sustentáveis) utilizando o miriti — fibra extraída de uma palmeira nativa da Amazônia, conhecida como miritizeiro ou buriti (Mauritia flexuosa).
A atividade reuniu cerca de 37 participantes, entre artesãos e empreendedores locais. Com foco na valorização da matéria-prima regional e no fortalecimento da cadeia produtiva local, a oficina buscou integrar saberes tradicionais às práticas ambientais e à economia criativa.

As peças produzidas têm como inspiração a cultura e as tradições amazônicas, com destaque para representações da religiosidade — como miniaturas da Virgem de Nazaré — além de barcos, canoas e elementos da fauna e flora da região.
Sob a orientação do artesão Josias Plácido Alcântara Silva, o Mestre Pirias — natural de Abaetetuba, cidade reconhecida como capital mundial do brinquedo de miriti — os participantes aprenderam técnicas de manuseio da fibra, incluindo cortes a laser, pintura, lixamento, montagem e customização das peças.
A iniciativa foi promovida pelo Coletivo Amazônia Sustentável Pará e pela Miriti Amazônia, com apoio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme). Mais do que estimular novas possibilidades para o artesanato paraense, a oficina reforça o papel do São José Liberto como espaço dedicado à cultura e ao empreendedorismo local.
Parceria - O mestre Pirias destaca a importância da parceria com a Sedeme na realização da oficina de miniaturas em miriti, para fortalecer e valorizar o artesanato tradicional paraense.
“A grande procura pela primeira edição, realizada em julho, nos levou a abrir uma segunda

turma. O artesanato em miriti é um verdadeiro patrimônio cultural do nosso estado. Compartilhar o conhecimento que acumulei ao longo dos anos com os participantes deste curso é uma honra — e também uma forma de manter viva essa arte tão especial. Na COP 30, certamente apresentaremos a força do artesanato paraense. Sinto que, com iniciativas como esta, estamos garantindo que o miriti siga seu caminho de renovação: modernizando-se, ganhando novos usos e formas, e, acima de tudo, perpetuando nossa cultura para as futuras gerações”, ressaltou Pirias.
A artesã Ana Lúcia Varela, de 52 anos, atua há mais de três décadas no artesanato, com foco na criação de placas afetivas com frases motivacionais. As peças são feitas com madeira reutilizada, recolhida de canteiros de obras — uma forma de dar novo significado a materiais descartados.

“Passei a trabalhar com o miriti por ser uma fibra extremamente versátil. Ela oferece leveza e facilidade no manuseio, o que torna o processo criativo ainda mais prazeroso. Com as técnicas que estou aprendendo neste curso, pretendo aprimorar minha produção e agregar ainda mais valor às peças — especialmente por se tratar de um material sustentável”, destacou Ana.
Biojoias - A arquiteta e artesã Pérola Martins também participou da oficina. Ela conta que, assim que soube do curso no Espaço São José Liberto, fez questão de garantir sua inscrição. Pérola atua no projeto Foli Ateliê Vivo, com a produção de biojoias e objetos decorativos feitos à mão, utilizando plantas, flores e sementes naturais preservadas em resina.
“Pretendo agregar valor aos meus produtos, inserindo o miriti nas minhas criações. É uma forma de inovar e, ao mesmo tempo, valorizar uma matéria-prima típica da nossa região”, destacou a artesã.