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Após 8 anos de luta, paciente toca o ‘Sino da Vitória’ e celebra a cura no Hospital Octávio Lobo

Adolescente natural de Breves, sudoeste marajoara, vence a luta contra a leucemia e inspira esperança em pacientes oncológicos

Por Ascom (Governo do Pará)
14/07/2025 17h41

Com o som forte e simbólico do “Sino da Vitória” ecoando pelos corredores do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), em Belém, Samuel Mendes, de 15 anos, celebrou o fim de uma longa e desafiadora batalha contra o câncer. Natural do município de Breves, no arquipélago do Marajó, o jovem enfrentou oito anos de tratamento contra a Leucemia Linfóide Aguda (LLA) e agora festeja a cura com planos de seguir estudando e se dedicando ao esporte favorito, o vôlei.

Samuel chegou ao hospital em junho de 2017, com apenas 7 anos, após apresentar sintomas como febre persistente e sem causa aparente, palidez e manchas pelo corpo. O diagnóstico de câncer mudou completamente a rotina da família, que precisou se mudar para a capital paraense para dar continuidade ao tratamento.

“Ele começou a emagrecer, a ficar pálido, os lábios dele mudaram de cor. A gente sabia que não era normal. Veio o diagnóstico de LLA, e ali começou a nossa luta”, relembra Rayane Mendes, 35 anos, mãe de Samuel. Ela conta que estava grávida da segunda filha, Isadora, 8 anos, quando recebeu a notícia.

Enquanto aguardava o nascimento da filha, Rayane explica que foi o esposo, Benedito Brandão, 41 anos, quem acompanhou Samuel de perto, principalmente durante as internações. O enfrentamento à doença do filho mais velho exigiu fé, obediência às orientações médicas e uma rede de apoio sólida. “A gente cumpriu tudo à risca. Nada de igarapé, piscina, sol ou sereno. E Samuel sempre foi muito obediente”, afirma Rayane emocionada.

Simbologia - O “Sino da Vitória” é um projeto criado há seis anos pela equipe do Hoiol e tem por objetivo celebrar a cura e, ao mesmo tempo, inspirar outros pacientes que estão em tratamento oncológico. “Foi uma forma de dar rosto à cura. O sino representa esperança, mostra que o câncer tem cura e que o tratamento dá resultado”, explica Elizabeth Cabeça, membro do Escritório de Experiência do Paciente (EEP), setor idealizador da iniciativa. Desde sua criação, 357 pacientes já tocaram o sino.

Percorrer os corredores do hospital tocando o sino é um momento aguardado por pacientes, familiares e equipe do Oncológico Infantil. “Para as mães que estão começando esse processo agora, eu digo: tenham paciência, sigam as orientações médicas com seriedade e cuidem dos seus filhos. Dá certo, sim. Há cura para o câncer. Meu filho é uma prova viva disso”, aconselha Rayane.

Samuel, agora adolescente e cheio de planos, quer transformar a superação em novas conquistas. “Hoje eu me sinto livre. Quero seguir estudando e jogando vôlei. Estou treinando na Tuna Luso Brasileira e quero ser jogador profissional”, revela o jovem, com brilho nos olhos, sorriso largo e mão suja de tinta. Isso porque a unidade de saúde conta com a “Árvore da Vida”, mural onde todos os pacientes curados são convidados a carimbar com uma das mãos colorida. A mão de Samuel foi pintada pelos familiares. Momento repleto de significado para todos. "Que emoção, meu Deus!", externou Rayane.

O som do Sino da Vitória, que marcou o encerramento de uma etapa desafiadora para Samuel, também anuncia o início de uma nova vida para o rapaz. Quanto aos pacientes que ainda estão em tratamento, o jovem tornou-se inspiração para manter viva a fé e a esperança no tratamento contra o câncer. Para os colaboradores, o gesto simboliza o sucesso do empenho dedicado ao cuidado dos pacientes e serve como incentivo para oferecer sempre a melhor assistência.

Acolhimento - Atuando na unidade de saúde desde a fundação, em 2015, a oncopediatra e atual diretora técnica do Hoiol, Alayde Vieira foi quem acolheu Samuel e Rayane assim que chegaram à unidade. “Ela (Alayde) foi incrível conosco, nos explicou sobre a doença, o que nos tranquilizou bastante”, relembra a mãe do rapaz.

Receber o diagnóstico de câncer em uma criança é, para muitas famílias, um momento de dor, medo e incerteza. Há dúvidas sobre cura, tempo de tratamento e risco de óbito. Segundo Alayde, essas são as primeiras perguntas que pais e responsáveis trazem à equipe médica. “É preciso comunicar com acolhimento. A gente precisa entender a dor da família, porque o impacto da palavra ‘câncer’ em uma criança é devastador”, explica a especialista.

A médica destaca que o tratamento oncológico pediátrico exige acompanhamento por pelo menos cinco anos após o término da terapia. Esse período é essencial para monitorar possíveis recidivas, ou seja, o retorno do câncer, que pode ocorrer devido a células “adormecidas” que resistem ao tratamento inicial. “Cada ano que passa após o tratamento reduz em cerca de 20% a chance da doença voltar. Ao fim de cinco anos, se não houver sinal de recidiva, consideramos a criança curada”, esclarece Alayde.

A diferença entre um diagnóstico precoce e tardio pode ser determinante para o sucesso do tratamento. Quando identificado nas fases iniciais, o câncer infantil tem altas chances de cura, e o tratamento tende a ser menos agressivo, com menos efeitos adversos. “O câncer infantojuvenil não pode ser visto como uma sentença. Hoje temos tratamentos eficazes, taxas de cura crescentes e equipes especializadas. Mas precisamos que essas crianças cheguem até nós a tempo. E isso somente é possível com informação e acolhimento desde o primeiro sintoma”, finaliza Alayde.

Serviço: Credenciado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), o Hoiol é referência na região amazônica no diagnóstico e tratamento especializado do câncer infantojuvenil, na faixa etária entre 0 e 19 anos. Atualmente a unidade atende mais de 900 pacientes oriundos dos 144 municípios paraenses e estados vizinhos.

Texto: Ellyson Ramos - Ascom Hoiol