Projeto do governo incentiva moradores das ilhas ao protagonismo
A dona de casa Tais Santiago, 27 anos, moradora da ilha do Combu, na região insular de Belém, é o que se pode chamar de uma verdadeira empreendedora. Ela trabalha negociando a produção de açaí que mantém em uma pequena propriedade à margem do Rio São Benedito, e também atua como revendedora de cosméticos para os ribeirinhos do próprio Combu e das ilhas próximas. Ela foi uma das participantes do ciclo de encontros – cinco no total - do projeto “Família e Cidadania”, realizado na Escola Municipal Milton Montes, da ilha.
O projeto é desenvolvido pelo Núcleo de Articulação e Cidadania (NAC) do Governo do Pará, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater), Defensoria Pública do Estado e com as Secretarias de Estado de Saúde (Sespa), de Educação (Seduc) e de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster).
Nesta quinta-feira (19) a comunidade participou do último encontro desse ciclo que atendeu um público de quase 100 pessoas, todas ocupantes da região das ilhas. Além do Combu, foram envolvidos no projeto moradores das ilhas Grande, do Murutucum e do Maracujá, no Acará. As ações foram desenvolvidas sempre às quintas-feiras, das 13h às 17h.
Nesta última foram ofertados serviços como inscrição no Cadastro Único, orientação jurídica, emissão de certidão de nascimento e segunda via de certidão de óbito. Também foram disponibilizados às famílias serviços de saúde como vacinação contra a gripe, febre amarela, HPV, hepatite B e tétano, testes rápidos de HIV, sífilis, hepatite C e B e glicemia. O público pode assistir ainda a uma palestra sobre prevenção do câncer de mama e doenças sexualmente transmissíveis. As ações mobilizaram uma equipe de mais de 40 pessoas das secretarias envolvidas.
“Participei da palestra porque quero conhecer mais dos meus direitos e deveres. Muita coisa eu não sabia, mas depois dos encontros passei a entender melhor como funcionam os serviços que o Estado oferece”, afirmou Tais. Ela contou de comercializar da produção do açaí também é manicure e vende bombons de frutas típicas da região. “A gente tem que fazer de tudo um pouco. Eu aprendi desce cedo que tenho que me virar se eu quiser ter alguma coisa. Por isso essas orientações foram importantes para mim”, declarou.
Para a diretora de Articulação e Cidadania do NAC, Eneida Almeida, o maior benefício do projeto é levar aos moradores dessas áreas a informação para uma vida mais cidadã. “A informação é tudo e garante embasamento para que as pessoas se desenvolvam em vários aspectos e áreas. Esse é um projeto que favorece o lado humano, porque leva mais saúde, educação, geração de renda e esclarece quanto aos seus direitos aqueles que mais precisam de informação para terem uma vida melhor”, declarou.
Foi para obter informação e ter acesso a serviços de saúde que o extrativista Edson Nascimento, 40 anos, buscou o atendimento garantido por meio do projeto. Ele fez todos os exames e tomou as vacinas na tarde de quinta-feira. “Eu tive um problema de saúde, mas já estou curado. Porém eu tenho que me cuidar para não ter outros problemas”, comentou.
A dona de casa Célia Maia Moraes, 40 anos, levou as duas filhas para participar das palestras e para atualizar o calendário de vacinas. “Foi bom porque eu aprendi muita coisa. Minha família depende de mim, eu tenho muito medo de ficar doente e não poder garantir o sustento deles. Por isso cuido o que posso da minha saúde”, comentou a moradora da ilha do Maracujá.
O “Família e Cidadania” motiva ações empreendedoras para fortalecer o protagonismo e a autonomia das famílias, esclarecendo-as quanto à importância da garantia dos seus direitos e lançando as bases para que superem a condição de vulnerabilidade social. O projeto já foi desenvolvido na região metropolitana de Belém, em Marabá e em Santarém. O próximo município a receber os serviços será Altamira, na região do Xingu. Nessas localidades as ações são realizadas em parceria com as secretarias municipais. No Combu, as equipes do governo tiveram o apoio da Fundação Papa João XXIII (Funpapa ) e também das secretarias municipais de Educação (Semec) e de Saúde (Sesma).