Sala Cine Guanabara é aberta com exibição de curtas e exposição cultural em Icoaraci
Espaço entregue pela Secult homenageia um antigo cinema do distrito e valoriza a cultura ceramista, com exposição de obras da família Cardoso
A Secretaria de Estado de Cultura (Secult) entregou, na noite desta quarta-feira (26), a sala Cine Guanabara, na Estação Cultural de Icoaraci, em Belém. O novo espaço é dedicado à exibição de produções audiovisuais e a mostras culturais. A cerimônia contou com a presença da secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal, de artistas, cineastas e moradores de Icoaraci.
O nome é uma homenagem a um antigo cinema do distrito. O novo espaço foi criado após a readequação de uma sala na Estação Cultural. A iniciativa também engloba outros equipamentos gerenciados pela Secult, com recursos da Lei Paulo Gustavo (LPG). Mais de R$ 3,7 milhões foram destinados à implantação de salas de cinema, em diferentes equipamentos.
“Esse espaço é mais do que um cinema. É um local de encontro, criação e valorização das expressões artísticas do nosso povo. Ter essa sala em Icoaraci é reconhecer os saberes ancestrais que se mantêm vivos aqui”, destacou a secretária Ursula Vidal.
Tradição - Também foi aberta ao público a exposição “Cerâmica: Histórias de Vidas, Memórias e Tradições”, com obras dos ceramistas paraenses Mestre Cardoso, Levy Cardoso e Inês Cardoso. A curadoria é do Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM/Secult), e a mostra permanece aberta à visitação por um mês, na própria Estação.
A sala foi aberta com a exibição dos curtas-metragens “Música de Mestre” e “Arte de Mestre”, da cineasta Auda Piani, que documenta, ao longo de mais de 15 anos, a arte ceramista e outras expressões culturais do Pará. “Esses filmes são um esforço de longa data para documentar o conhecimento transmitido de geração em geração pelos ceramistas paraenses. É uma alegria enorme ver esse trabalho ganhando vida em um espaço tão simbólico como o Cine Guanabara”, afirmou Auda Piani.
Nesta sexta-feira (27), a programação continua com quatro sessões das animações “Contos Mirabolantes – O Olho do Mapinguari” e “Umassuma – Lascas de Memória”, de Andrei Miralha e Guaracy Jr., às 10h, 10h30, 11h e 11h30.
A Sala Cine Guanabara está aberta ao uso da comunidade, de escolas e fazedores de cultura, mediante agendamento prévio pelo e-mail [email protected].
Memória - O prédio onde hoje funciona a Estação Cultural já foi estação ferroviária no distrito, e mantém forte ligação afetiva com os moradores. Para o professor e mestre Salustiano Vilhena, a inauguração da sala representa uma reconexão simbólica com a memória coletiva de Icoaraci. “É um primeiro passo para iniciativas ainda maiores. Tornar o cinema mais acessível é reacender o amor pela arte nos mais jovens, como acontecia no passado”, ressaltou.
Segundo o diretor da Estação de Icoaraci, Luciano Gomes, o distrito já teve duas salas de cinema entre 1950 e 1970, mas desde então ficou sem esse equipamento cultural. “As pessoas comentam com nostalgia como era importante ter acesso ao audiovisual naquela época. A sala Cine Guanabara chega para resgatar esse sentimento e fortalecer as ações culturais da Estação”, pontuou.
Para o mestre ceramista Levy Cardoso, que participou da mostra com obras de sua família, o momento foi de emoção e reconhecimento. “O sentimento é de gratidão. Sem o olhar atento da atual gestão, não teríamos essa visibilidade. Tenho muito orgulho de mostrar o que aprendi com meu pai (Mestre Cardoso)”, declarou.
Além da Estação Cultural de Icoaraci, outros espaços estão sendo preparados para receber salas de cinema, como o Museu do Marajó, em Cachoeira do Arari, e o Museu de Arte Sacra e o auditório Eneida de Moraes, no Palacete Faciola, ambos em Belém.
Texto: Painah Silva - Ascom/Secult
